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Reintegração de posse despeja 4,5 mil pessoas em São Paulo

5 out 2015 - 10h59
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Foto: Marcos Bezerra/Futura Press

A reintegração de posse no terreno da ocupação Morada do Sol, onde viviam 4,5 mil pessoas, começou na manhã desta segunda-feira (5). Cerca de 800 famílias moravam no local, no extremo sul da capital paulista, havia 2 anos e 3 meses. A maioria das casas é de alvenaria, por isso, a ação de remoção das retroescavadeiras deve durar até o fim do dia.

O terreno de 395 mil metros, na estrada do Barro Branco, é particular e de difícil acesso. Segundo o tenente-coronel Celso, do 50º Batalhão da Polícia Militar, isso prejudicou o trabalho da polícia. Participaram da ação, homens da cavalaria, da Tropa de Choque, com o apoio de oito máquinas retroescavadeiras e de dez caminhões para retirar os pertences dos moradores.

Quando a polícia chegou, às 6h, 90% dos moradores já haviam deixado, de acordo com o tenente-coronel, embora alguns tenham ficado e ateado fogo a barracos e a entulhos. Havia pelo menos cinco focos de incêndio por volta das 9h30. Raimundo Nonato Ribeiro da Silva, líder da ocupação, explica que as pessoas resolveram abandonar as casas na última terça-feira (29), após uma ação da PM dentro da ocupação.

“Na terça-feira, teve confronto, teve barricada, bomba, gente ferida por bala de borracha. Nesse dia, os moradores desistiram de continuar, porque quem é que vai querer ficar no meio de uma guerra?”, questionou. Raimundo relata que a truculência da polícia causou pânico. “A polícia derrubou em torno de dez casas, mas recuou porque não tinham a ordem naquele dia”, acrescentou.

O tenente-coronel disse que, na terça feira, a polícia foi ao local fazer um levantamento para elaboração de um planejamento antes da reintegração que ocorreria hoje. “Detectamos indivíduos que não pertenciam à invasão, que se agruparam aos que pertenciam e fizeram desordem. Não houve enfrentamento, houve desordem pública. Foi necessário ação da polícia militar pra liberar as vias.”

Foto: Marcos Bezerra/Futura Press

Os feridos, segundo o tenente-coronel, foram atingidos por pedras atiradas pelos moradores. Celso confirma a demolição antecipada no terreno. “Só foram demolidas algumas paredes. Na acepção jurídica, casa é qualquer compartimento habitável. Então, nenhum compartimento habitável foi demolido. Foi uma ação incipiente, porque tinha máquina, e o engenheiro aproveitou”, disse.

Em nota, a Secretaria de Segurança Pública informou que a ação de terça-feira foi uma manifestação de aproximadamente 120 pessoas contra a reintegração de posse. “Os manifestantes interditaram vias e colocaram fogo em pneus, entulho e em um galpão vazio. Policiais Militares foram acionados e realizaram ações de controle de distúrbios civis para que fosse possível combater o fogo e liberar as vias.”

Famílias sem moradia

Entre as poucas famílias que ainda tentavam retirar móveis e pertences nesta manhã estava a de Helio Robson Santana, taxista, de 31 anos. Ele estava na ocupação há 2 anos, e vivia com as duas filhas, uma de 3 anos e outra de 6 anos, e a esposa. Ele havia investido R$ 60 mil, que juntou durante dez anos para construir a casa. “Vou voltar para o aluguel, não temos outro lugar pra ir. Um aluguel pra uma família igual a minha é no mínimo R$ 800. Uma casa sem garagem. Fica ruim, vou trabalhar só para pagar aluguel.”

Juliana Maria da Silva, 27 anos, não tem emprego fixo e precisa sustentar a filha de 2 anos. “Agora eu estou atrás de um cômodo emprestado para colocar as coisas, não tenho condições de pagar um aluguel. Eu estava há 8 meses aqui, era bom morar aqui. Ter meu cantinho. Qual é a mãe de família que quer ver a casa ser derrubada?”

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Agência Brasil Agência Brasil
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