PUBLICIDADE

"É uma dor para sempre, ficamos com sequelas permanentes"

Compartilhar

Mariana Lanza

Direto de São Paulo

Giselle Garcia, 46 anos, era casada havia 12 anos com José Antonio Garcia, gerente geral de tráfego de cargas da TAM. Aos 50 anos, ele foi a vítima número 199 da tragédia com o Airbus A-320 da companhia aérea, em 17 de julho de 2007. José estava no prédio em que a aeronave colidiu e morreu dois dias após o acidente.

Foto de arquivo do casal Giselle e José Antonio Garcia
Foto de arquivo do casal Giselle e José Antonio Garcia
Foto: Divulgação

"O José Antonio era uma pessoa acima da média. Certamente não sairia do prédio ouvindo gritos de horror dos colegas, mas eu queria ter uma voz de comando para pedir que ele deixasse o local. Cheguei a entrar em contato com meu marido pelo Nextel, quando minha mãe disse que via fogo na janela dele pela televisão. O José contou que um avião tinha batido no prédio da TAM Express, mas a ligação caiu e não conseguimos nos falar mais. Algum tempo depois, um bombeiro já saía do prédio quando tropeçou nele, que estava caído. Uma equipe começou os procedimentos cardíacos, porque o coração do meu marido ficou 50 minutos parado e conseguiram ressuscitá-lo. Depois, ficou mais sete minutos parado e foi levado ao hospital, onde permaneceu internado inconsciente por dois dias. Após o acidente, não consegui retomar minha vida pessoal. Vivíamos muito bem e felizes, tínhamos uma relação harmoniosa. Essa parte ficou para trás, assim como minha vida profissional. Voltei a trabalhar depois de um mês, até porque o provedor não estava mais aqui e as contas não paravam de chegar. Mas minha vida nunca mais foi tão prazerosa, perdi o entusiasmo e o comprometimento no trabalho. Foi uma tragédia devastadora que acabou com a vida dos familiares. É uma dor para sempre, ficamos com sequelas permanentes. Quando a data do acidente está chegando, pioro ainda mais. Todos os dias 17 e 19 de cada mês são muito sofridos para mim. O José Antonio era uma pessoa tão presente que a impossibilidade de tocá-lo, essa distância que não tem como superar, é insuportável."

Fonte: Terra
Compartilhar
Publicidade