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Protesto em Guarulhos interdita a Dutra e deixa 4 feridos

Manifestantes também tentaram invadir a prefeitura da cidade. Um fotógrafo foi atingido por um tiro de bala de borracha e um idoso atropelado

28 jun 2013 - 19h48
(atualizado em 29/6/2013 às 03h54)
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O fotógrafo Beto Martins foi atingido por uma bala de borracha no joelho esquerdo
O fotógrafo Beto Martins foi atingido por uma bala de borracha no joelho esquerdo
Foto: Vagner Magalhães / Terra

O protesto realizado em Guarulhos, na Grande São Paulo, nesta sexta-feira, terminou em conflito entre grupos de manifestantes e a Polícia Rodoviária Federal, na rodovia Dutra, e participantes do ato e a Guarda Civil Metropolitana, na prefeitura da cidade, onde vândalos tentaram invadir a sede do Executivo local. Ao menos quatro pessoas ficaram feridas e um guarda civil foi baleado no pé, em um disparo acidental de sua própria arma. O trânsito na rodovia, nos dois sentidos, foi interrompido por cerca de quatro horas.

Grades de proteção do prédio da prefeitura foram derrubadas por vândalos, que arremessaram lixeiras, pedras, bolas de gude e pedras nos guardas que protegiam o local. Uma fogueira foi feita na avenida Bom Clima, aonde fica a sede do Executivo da cidade, que teve o trânsito interrompido. 

Uma equipe da TV Globo, com o repórter César Menezes, foi hostilizada por um grupo de manifestantes. Eles deixaram o local e se abrigaram em uma unidade do Corpo de Bombeiros, próxima ao local. 

Enquanto um grupo de manifestantes ocupava a rodovia, cerca de 400 manifestantes tentaram invadir a prefeitura da cidade, por volta das 19h. A Guarda Civil Metropolitana tentou conter o grupo e utilizou balas de borracha e bombas de efeito moral. No meio do conflito, uma agência bancária foi vandalizada e teve três vidros da fachada quebrados com pedradas.

Protesto deixa ao menos quatro feridos

Um guarda civil metropolitano foi atingido no pé por um disparo acidental de sua própria arma, enquanto fazia a segurança da prefeitura. Ele foi socorrido por seus colegas, e atendido dentro do prédio. Segundo a asessoria de imprensa da prefeitura de Guarulhos, ele foi encaminhado ao hospital e não corre risco de vida.

O fotógrafo Beto Martins, 34 anos, da agência Futura Press, foi atingido por um disparo de bala de borracha. Segundo ele, um guarda disparou quando manifestantes tentaram derrubar as grades em frente à prefeitura. Martins diz ter tentado se identificar antes do disparo, mas acabou atingido.

O jornaleiro Luiz Gomes Barbosa foi atingido por uma pedrada que partiu de manifestantes. Ele foi encaminhado ao hospital em um carro particular. 

A quarta vítima é Erivaldo Freire de Oliveira, 69 anos, que foi atropelado por uma viatura da Secretaria Municipal de Transporte e Trânsito.

O acidente ocorreu depois que jovens tentaram depredar com chutes o veículo, enquanto um agente bloqueava a avenida Bom Clima, onde ocorre a manifestação. Ao perceber o vandalismo, o funcionário tentou sair com o carro do local, e atingiu a vítima, enquanto dava marcha à ré. 

Erivaldo foi atendido no Corpo de Bombeiros, que fica próximo à prefeitura. Uma viatura do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionada e o levou a um hospital. Ainda não há detalhes sobre seu estado de saúde. 

Policiais e manifestantes entram em conflito na via Dutra

Manifestantes ocuparam a via Dutra no final desta tarde. De acordo com a Polícia Rodoviária Federal, a pista ficou interditada nos dois sentidos, na altura do quilômetro 222.

Segundo a concessionária que administra a via, o bloqueio começou por volta das 17h30. O trânsito foi completamente interditado na pista expressa e também na lateral. Às 19h40, o congestionamento era de seis quilômetros, nos dois sentidos.

Por conta dos protestos, a Polícia Rodoviária Federal reforçou o efetivo nas estradas paulistas. Policiais de outros Estados foram deslocados para São Paulo.

De acordo com policiais ouvidos pelo Terra, o efetivo na 1ª Delegacia da Polícia Rodoviária Federal de Guarulhos dobrou, por conta de informações de que manifestantes ocupariam a pista e tentariam seguir pela rodovia Hélio Smidt, que dá acesso ao aeroporto internacional de Guarulhos.

Por volta das 21h15, homens da Polícia Rodoviária Federal agiram para retirar os manifestantes da pista. Houve confronto e uma pedra atingiu o capô de uma das viaturas da corporação. Policiais da Força Tática reforçaram o efetivo, e dispersaram o grupo que ocupou a pista. Ninguém foi detido nem ficou ferido na ação. 

A rodovião Fernão Dias também teve o tráfego interrompido na região de Guarulhos, de acordo com a PRF. Segundo a polícia, por volta das 19h15 a via foi fechada por manifestantes, na altura do quilômetro 65. A pista foi liberada por volta das 21h, sem conflitos.

Manifestações tomam as ruas da Grande São Paulo

Em Osasco, também na Grande São Paulo, cerca de 150 pessoas realizaram um protesto no Largo de Osasco. De acordo com a Polícia Militar, a manifestação foi pacífica. A PM também informou sobre um protesto na rua Almofadas, em Perus, na zona oeste da capital paulista, que reúne cerca de 50 pessoas. Segundo a polícia, os manifestantes interditaram a via utilizando pneus e galhos de árvores.

Na Praça Roosevelt, no centro de São Paulo, cerca de 60 pessoas, segundo a PM, fazem um protesto contra o Ato Médico.

A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) também informa sobre uma manifestação no bairro Parada de Taipas, que interdita os dois sentidos da avenida Raimundo Pereira de Magalhães, na zona norte da capital.  Segundo a CET também há uma manifestação na avenida Paulista, que ocupa duas faixas no sentido Consolação.

Protestos contra tarifas mobilizam população e desafiam governos de todo o País
Mobilizados contra o aumento das tarifas de transporte público nas grandes cidades brasileiras, grupos de ativistas organizaram protestos para pedir a redução dos preços e maior qualidade dos serviços públicos prestados à população. Estes atos ganharam corpo e expressão nacional, dilatando-se gradualmente em uma onda de protestos e levando dezenas de milhares de pessoas às ruas com uma agenda de reivindicações ampla e com um significado ainda não plenamente compreendido.

A mobilização começou em Porto Alegre, quando, entre março e abril, milhares de manifestantes agruparam-se em frente à Prefeitura para protestar contra o recente aumento do preço das passagens de ônibus; a mobilização surtiu efeito, e o aumento foi temporariamente revogado. Poucos meses depois, o mesmo movimento se gestou em São Paulo, onde sucessivas mobilizações atraíram milhares às ruas; o maior episódio ocorreu no dia 13 de junho, quando um imenso ato público acabou em violentos confrontos com a polícia.

O grandeza do protesto e a violência dos confrontos expandiu a pauta para todo o País. Foi assim que, no dia 17 de junho, o Brasil viveu o que foi visto como uma das maiores jornadas populares dos últimos 20 anos. Motivados contra os aumentos do preço dos transportes, mas também já inflamados por diversas outras bandeiras, tais como a realização da Copa do Mundo de 2014, a nação viveu uma noite de mobilização e confrontos em São PauloRio de JaneiroCuritibaSalvadorFortalezaPorto Alegre e Brasília.

A onda de protestos mobiliza o debate do País e levanta um amálgama de questionamentos sobre objetivos, rumos, pautas e significados de um movimento popular singular na história brasileira desde a restauração do regime democrático em 1985. A revogação dos aumentos das passagens já é um dos resultados obtidos em São Paulo e outras cidades, mas o movimento não deve parar por aí. “Essas vozes precisam ser ouvidas”, disse a presidente Dilma Rousseff, ela própria e seu governo alvos de críticas.

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Fonte: Terra
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