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Protesto em clima de festa acaba em confronto com a polícia no RS

Manifestantes decidiram ficar em frente à sede do governo gaúcho, sem fazer passeata, mas a noite terminou mais uma vez em vandalismo e confrontos

27 jun 2013 - 21h17
(atualizado às 23h46)
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<p>Cerca de 4 mil pessoas participaram de mais uma manifestação em Porto Alegre na noite desta quinta feira</p>
Cerca de 4 mil pessoas participaram de mais uma manifestação em Porto Alegre na noite desta quinta feira
Foto: Matheus Piccini / Futura Press

A ideia de realizar uma manifestação concentrada na praça da Matriz, em frente à sede do governo do Rio Grande do Sul, não impediu que o roteiro dos protestos anteriores se repetisse na noite desta quinta-feira, em Porto Alegre. Cerca de 4 mil manifestantes iniciaram o ato em clima de festa - shows de música em um trio-elétrico intercalados de discursos -, mas a ação de um grupo de pessoas motivou o uso de força policial. Estabelecimentos comerciais e carros foram depredados. Oito pessoas foram detidas, dois policiais ficaram feridos e uma jovem passou mal.

Protesto contra aumento das passagens toma as ruas do País; veja fotos

Protestos por mudanças sociais levam milhares às ruas em todo o País

O tumulto começou perto das 21h, quando um grupo jogou garrafas contra a Brigada Militar (a PM gaúcha). Policiais responderam com bombas de efeito moral, o que provocou um princípio de tumulto. Manifestantes precisaram derrubar grades colocadas na rua Duque de Caxias, em frente ao Palácio Piratini, para dispersar. Enquanto policiais agiam, manifestantes usaram o sistema de som para criticar a atuação dos militares.

Próximo dali, na rua Jerônimo Coelho e no viaduto da avenida Borges de Medeiros, um pequeno grupo entrou em confronto com a polícia. Uma jovem passou mal por causa do efeito do gás lacrimogêneo e foi atendida por um bombeiro. Com reforço do Batalhão de Choque, o grupo foi dispersado.

Enquanto manifestantes deixavam a Praça da Matriz, jovens partiram em direção ao bairro Cidade Baixa. Lá, carros foram depredados e comerciantes foram aterrorizados pela ação de criminosos. O dono de uma videolocadora precisou usar uma cadeira para se proteger de pedradas que eram jogadas contra as vidraças de seu estabelecimento. "Eles quebraram a cadeira, entraram, quebraram a minha TV. Eu dizia que era a favor do movimento, mas eles não queriam saber. Eram jovens, de 18, 19 anos", disse o empresário Paulo Souza.

Com policiamento reforçado, a PM rapidamente encurralou e dispersou grupos de vândalos. Na rua Lopo Gonçalves, mais de 100 pessoas quebraram vidros de carros estacionados. Segundo relato de moradores, jovens corriam por cima da lataria dos carros e pulavam nos para-brisas. Pedestres relataram ter sido vítimas de tentativas de assalto. Moradores também viram bandidos descendo armados de carros para praticar assaltos durante a confusão.

Dos oito detidos até as 23h30 desta quinta-feira, sete são suspeitos de danificar o patrimônio e um deveria estar em prisão domiciliar, mas foi identificado. Um sargento da Brigada Militar foi atingido por uma pedra durante confronto. O outro militar ferido quebrou o pulso em um acidente de moto.

Protestos criticam a Copa e pedem melhores condições de vida pelo País

Protestos contra tarifas mobilizam população e desafiam governos de todo o País
Mobilizados contra o aumento das tarifas de transporte público nas grandes cidades brasileiras, grupos de ativistas organizaram protestos para pedir a redução dos preços e maior qualidade dos serviços públicos prestados à população. Estes atos ganharam corpo e expressão nacional, dilatando-se gradualmente em uma onda de protestos e levando dezenas de milhares de pessoas às ruas com uma agenda de reivindicações ampla e com um significado ainda não plenamente compreendido.

A mobilização começou em Porto Alegre, quando, entre março e abril, milhares de manifestantes agruparam-se em frente à Prefeitura para protestar contra o recente aumento do preço das passagens de ônibus; a mobilização surtiu efeito, e o aumento foi temporariamente revogado. Poucos meses depois, o mesmo movimento se gestou em São Paulo, onde sucessivas mobilizações atraíram milhares às ruas; o maior episódio ocorreu no dia 13 de junho, quando um imenso ato público acabou em violentos confrontos com a polícia.

O grandeza do protesto e a violência dos confrontos expandiu a pauta para todo o País. Foi assim que, no dia 17 de junho, o Brasil viveu o que foi visto como uma das maiores jornadas populares dos últimos 20 anos. Motivados contra os aumentos do preço dos transportes, mas também já inflamados por diversas outras bandeiras, tais como a realização da Copa do Mundo de 2014, a nação viveu uma noite de mobilização e confrontos em São PauloRio de JaneiroCuritibaSalvadorFortalezaPorto Alegre e Brasília.

A onda de protestos mobiliza o debate do País e levanta um amálgama de questionamentos sobre objetivos, rumos, pautas e significados de um movimento popular singular na história brasileira desde a restauração do regime democrático em 1985. A revogação dos aumentos das passagens já é um dos resultados obtidos em São Paulo e outras cidades, mas o movimento não deve parar por aí. “Essas vozes precisam ser ouvidas”, disse a presidente Dilma Rousseff, ela própria e seu governo alvos de críticas.

Fonte: Terra
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