PUBLICIDADE

Cidades

SP: protesto de sem-teto tem invasão de prédio de operadora

Ato contra qualidade dos serviços prestados pelas operadoras de telefonia celular passou pelas sedes da TIM, da Oi e da Claro, a qual acabou invadida por um grupo de sem-teto; Anatel também foi alvo

16 jul 2014 - 06h40
(atualizado às 17h14)
Compartilhar
Exibir comentários
Sem-teto protestam contra empresas de telefonia em São Paulo
Sem-teto protestam contra empresas de telefonia em São Paulo
Foto: Alan Morici / Terra

Uma manifestação promovida pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) contra operadoras de telefonia móvel bloqueou, na manhã desta quarta-feira, várias vias na região da Vila Olímpia, na zona oeste de São Paulo. O protesto, que começou pacífico, teve confusão por volta do meio-dia quando um grupo tentou invadir a sede da operadora Claro no Brooklin (zona sul).

Além das operadoras -- Oi, Claro e TIM --, os sem-teto miraram também o escritório da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) em São Paulo, na Vila Mariana (zona sul).

“É fato conhecido de todos a péssima qualidade dos serviços de todas as operadoras na prestação de serviços, apesar da tarifa brasileira ser a mais cara do mundo. A privatização do sistema Telebrás em 1998 abriu a porta para um serviço caótico, sem investimentos e com altos lucros para as empresas privadas. A Anatel - que deveria regular as operadoras - faz isso de forma tímida e ineficaz”, defendeu o movimento, em nota.

Na sede da Oi, representantes da empresa receberam líderes do MTST, incluindo o coordenador nacional do movimento, Guilherme Boulos. Após a reunião, o diretor de relações institucionais da operadora, Vicente Correia, falou aos manifestantes e disse que a empresa iria apresentar um plano de melhorias até a próxima quarta-feira. “Vamos abrir um estudo na nossa área de engenharia para, daqui  a uma semana, responder ao Guilherme (Boulos) e a esse comitê do movimento sobre o que a Oi vai gerar em melhorias de sinal”, disse.

Boulos afirmou que os sem-teto vão aguardar o prazo dado para empresa.  “Tendo esse prazo, vamos acompanhar, mas não vamos ficar só nisso não. Se o prazo não for cumprido, a gente já sabe o ‘caminho da roça’ e volta para cá”, avisou.

Confusão na sede da Claro

O grupo continuou a marcha em direção à sede da Claro, na rua Flórida, no Brooklin. Ao chegar, com portões parcialmente abertos, o prédio foi invadido por um grupo de aproximadamente 20 sem-teto que foi barrado no estacionamento da empresa por seguranças e PMs. Após conversa entre as partes, os manifestantes se retiraram. 

Boulos negou que tenha havido tentativa de invasão. Segundo ele, a situação foi gerada porque um segurança teria ofendido os manifestantes e mostrado a eles uma arma. “Chegamos na Claro de maneira pacífica, como fizemos na outra operadora (Oi), no momento que um segurança puxou uma arma e ameaçou os manifestantes, isso gerou a confusão”, disse.

Morador da ocupação Nova Palestina, Francisco Ismael Monteiro, 41 anos, estava no grupo que entrou na sede da operadora "Nos chamaram de vagabundos e marginais, tudo o que não somos. Somos clientes e exigimos melhores condições de serviço, mas não temos 'sangue de barata'. Se esse segurança desse um tiro e matasse alguém, todo mundo entraria e aí, sim, seria uma confusão daquelas", definiu.

Mudança de bandeira

Para Jussara Basso, da coordenação estadual do MTST, o protesto de hoje não significa uma ruptura na postura adotada pelo movimento, que costumeiramente protesta por melhorias na área da habitação. 

“A pauta do movimento nunca foi unicamente moradia; pleiteamos, na verdade, melhor qualidade de vida. Protestamos contra a má qualidade do serviço das operadoras, que, por outro lado, cobram da gente um dos valores mais caros do mundo. Pedimos a reestatização dessas empresas por conta do não cumprimento dos contratos”, disse.

O movimento exige mais antenas e investimentos na periferia da cidade, barateamento das tarifas e melhora na qualidade do atendimento para reclamações e cancelamentos de planos. Na esfera federal, o grupo espera a reestatização da Telebrás e maior rigor na aplicação de multas e suspensão de vendas de novas linhas para todas as operadoras, até a realização de novos investimentos.

Fim do protesto

O protesto terminou às 13h pouco depois de uma reunião entre representantes dos sem-teto e da Claro.

"Eles se comprometeram a dar uma resposta, em até uma semana, aos problemas de sinal dos bairros que listamos. Se não houver resultado, faremos novos protestos", declarou Ana Paula Ribeiro, membro da coordenação nacional do MTST. "Esta é uma reivindicação antiga dos povos dos acampamentos”, declarou.

A dirigente reclamou que moradores de um prédio em frente à Claro lançaram ovos nos sem teto. "A gente vai trazer farinha e manteiga e fazer um bolo", ironizou.

Conforme a coordenadora, a confusão na entrada da empresa não foi tema da reunião com diretores e uma gerente.

Além da Oi e da Claro, ocorreram protestos em frente à Agência Nacional de Telecomunicações e na TIM. No caso da Claro, a dirigente disse que foi aberto um canal direto para recebimento de reclamações. “Será uma forma de trazermos os problemas e que eles sejam resolvidos com maior rapidez”, afirmou. 

M'Boi Mirim

Mais cedo, outro protesto interditou a estrada do M'Boi Mirim, na zona sul de São Paulo, segundo informou a Polícia Militar. Os manifestantes fecharam a pista sentido centro, por volta das 5h50.

Segundo a Companhia de Engenharia de Tráfego, a interdição ocorria na altura da rua Clamecy. A manifestação chegou a prejudicar o tráfego de ônibus que operam no terminal Jardim Ângela. Por volta das 7h, a via começou a ser liberada.

Fonte: Terra
Compartilhar
Publicidade
Publicidade