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Praia de nudismo no Rio está aberta à visitação e curiosos

O Terra foi conhecer de perto a primeira praia de nudismo do Rio junto com a latinete Aryane Nogueira, que aprovou, mas ainda não fez o teste

19 nov 2014 - 15h23
(atualizado às 15h44)
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<p>Érica Oliveira e o filho Cléber, de 18 anos, são naturistas e frequentadores da praia do Abricó<br /> </p>
Érica Oliveira e o filho Cléber, de 18 anos, são naturistas e frequentadores da praia do Abricó
Foto: Erbs Jr. / Frame

Nem toda nudez será castigada. No caso dos frequentadores da praia do Abricó, no Recreio dos Bandeirantes, no Rio de Janeiro, uma decisão do prefeito da capital fluminense, Eduardo Paes, fez isso ser verdade numa pequena faixa de areia, naturalmente protegida por pedras e vegetação da Mata Atlântica. É ali que cerca de 750 naturistas se reúnem todos os fins de semana, tiram a roupa e curtem a praia como vieram ao mundo.

“Naturismo não é exibicionismo”, disse Pedro Ribeiro, presidente da Associação Naturista de Abricó, que, depois de 20 anos de luta, vê o pedaço de terra que ocupam há tanto tempo, ser reconhecido pelo poder público: “Mas é um erro dizer que foi agora a legalização. A praia está liberada para o naturismo desde 2003 pela Justiça e só agora ficou oficial por parte do município”, ressaltou.

A latinete Aryane Nogueira, da equipe do cantor Latino e convidada pelo Terra para visitar a praia, chegou ao local com um conceito predefinido sobre o tema. “Sei que eles têm uma filosofia, que não tem essa de erotismo. Voltam um pouco a Adão e Eva. Mas se eu fosse convidada a tirar a roupa na praia, não aceitaria”, afirmou num primeiro momento. Ela comparou o ato na praia com o Carnaval, quando as mulheres costumam tirar tudo. “Mas os homens não tiram”, disse. Depois de conversar com algumas pessoas na praia ao lado, Aryane tomou coragem, se empolgou e foi ver de perto a praia de nudismo, às vésperas do feriado do Dia da Consciência Negra, nesta quinta-feira. 

Latinete vira repórter e apresenta praia de nudismo no Rio:

Neste feriadão, a praia terá sua primeira prova de fogo. A associação se prepara para uma invasão de curiosos, estimulada por matérias na mídia sobre o local. “A curiosidade vai tirar nossa privacidade”, reclamou Paulo Sérgio Silva, que há 14 anos frequenta a praia. Pedro, porém, não tem esse receio. “Pode acontecer que apareça mais gente. O curioso é bem-vindo desde que respeite as normas”, afirmou, destacando que, dos curiosos, podem surgir novos adeptos da prática. 

Além de seguranças, os naturistas contam com a ajuda da Polícia Militar para evitar que algum mais ousado atrapalhe o sossego de quem simplesmente quer ir à praia sem roupa. “O que queremos é a presença deles (da polícia) para inibir algumas atitudes”, destacou Pedro. "Aqui vêm famílias. Aos poucos, a gente aprende que não pode ficar olhando muito, que existem regras”, disse Érica Oliveira, dona de um modesto, mas movimentado, bar na área nudista de Abricó. 

Uma das regras se refere à fotografia e filmagem. O Terra registrou Érica e o filho com autorização dos dois. “O preconceito de ficar nu é de quem nunca veio aqui para ver como é bom tomar banho de mar sem roupa e ficar à vontade”, afirmou ela, que trabalha ao lado do filho Cléber, de 18 anos, como vieram ao mundo. Apesar de o decreto da prefeitura deixar claro que a praia continua livre para qualquer frequentador, há pessoas da associação que circulam pela praia para informar as “vestidos” que ali a norma é tirar a roupa.

Curiosamente, foi a dançarina Aryane quem, de biquini, causou maior furor na praia, e não os que estavam sem roupa. Muitos se aproximavam para pedir uma foto ou roubar uma imagem com o celular. Gentil, ela atendeu a todos. A conversa com Érica, no bar, fez Aryane mudar de ideia. “A primeira imagem choca, depois dá vontade de tirar a roupa, porque é natural”, disse Érica. 

Há quem já tenha frequentado o local algumas vezes e que ainda prefira ficar na praia do lado. Cláudia Pires, que frequenta a praia desde os cinco anos, só aos 47 decidiu experimentar e ultrapassar as pedras. Ao lado da amiga Elizabeth Fernandes, perdeu o medo e foi ver como era. “As pessoas têm uma visão muito preconceituosa do naturismo. Todos nascemos pelados. O Rio se diz muito liberal, mas não vem aqui ver como funciona”, afirmou Cláudia. Pedro Ribeiro também bate na tecla do suposto liberalismo do carioca. “Quanto tentávamos regularizar o local e fazíamos abaixo-assinado, as mulheres que usavam fio dental se recusavam a assinar. Já as senhoras assinavam numa boa”, criticou. 

Mas até quem decide frequentar demora para se adaptar. Luis Carlos (que prefere não informar o sobrenome) frequenta a praia do Abricó há apenas quatro meses. Mesmo sem roupa, ele fica distante das outras pessoas. “Ainda não me sinto tão à vontade”, admitiu. “Prefiro ficar de longe por enquanto”. Para Aryane, a mulher não pode mostrar tudo. “Mesmo eu que trabalho muito mostrando o corpo, que uso um decote mais ousado, preciso ter limites, um certo mistério”, disse. 

Por pouco, porém, a dançarina não aceitou o convite de Érica para um mergulho no mar sem vestir nada. No fim, preferiu esperar. Mas prometeu voltar e levar algumas amigas. “Eles vestem a camisa mesmo”, afirmou com um anti-trocadilho que arrancou gargalhadas de todos. Afinal, como diz o samba da Beija-Flor, neste mundo, todo mundo nasceu nu. 

Fonte: Terra
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