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PR: 30 são presos em Curitiba após protesto com vandalismo

22 jun 2013 - 01h10
(atualizado às 01h24)
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<p>Ponto de ônibus é vandalizado em protestos</p>
Ponto de ônibus é vandalizado em protestos
Foto: Roger Pereira / Especial para Terra

Curitiba teve, nesta sexta-feira, o dia mais violento dos protestos que estão tomando conta do Brasil nas últimas semanas. Até agora, a polícia militar registrou 30 prisões e três policiais feridos. Não há número oficial sobre civis feridos, mas muitos manifestantes foram atingidos por balas de borracha e pedras. Houve registro de saques e vandalismo em prédios públicos e privados.

Protesto contra aumento das passagens toma as ruas do País; veja fotos

Batizado de “Farofada do Transporte”, a manifestação desta noite reuniu, apesar da forte chuva que caía na cidade, 15 mil pessoas na Praça Rui Barbosa, principal terminal de ônibus da região central da cidade. A intenção dos organizadores era apenas concentrar o pessoal na própria praça, mas, divididos em vários grupos, os manifestantes decidiram sair em passeata. 

Parte dos participantes foi à Arena da Baixada, estádio que está em obras para a Copa do Mundo de 2014 e entrou em confronto com membros a Torcida Organizada Os Fanáticos, do Atlético Paranaense, proprietário do estádio, que estavam aguardando os manifestantes com paus e pedras.

A maior parte do grupo, no entanto, foi, novamente, até o Palácio Iguaçu, sede do governo estadual. O batalhão de choque da polícia militar controlava os dois acessos aos portões do palácio, onde já ocorreram confrontos na segunda-feira e na quinta-feira, mas, um grupo de manifestantes passou a atacar os policiais com pedras, bombas de fabricação caseira e rojões, a ponto de ferir até outros manifestantes com pedradas.

Depois de cerca de uma hora imóveis, os policiais do Choque começaram a avançar, usando bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha para fazer a multidão dispersar. Os manifestantes iam recuando por conta dos disparos de armas de efeito moral, mas mantinham o confronto com a polícia, que foi avançando, paulatinamente, por cerca de 1,5 km, levando mais de uma hora para conseguir dispersar a multidão.

No fim do protesto, o que se via era uma cena de guerra: orelhões, estações tubo, equipamentos urbanos destruídos, prédios públicos como a prefeitura e o fórum cível pichados e com as vidraças quebradas, lojas saqueadas e vários focos de incêndio. 

A Frente Popular pelo Transporte, que organizou as outras manifestações na capital paranaense, informou, antes da realização da “farofada”, que não estava à frente do ato desta quinta-feira. A organização da “farofada” admitiu que perdeu o controle e lembrou que seu evento era apenas a concentração na praça.

O governador do Paraná, Beto Richa (PSDB) e o prefeito de Curitiba, Gustavo Fruet (PDT) usaram o Facebook para comentar as cenas desta noite. Richa escreveu que “os responsáveis pela destruição no Centro Cívico serão identificados, presos e punidos”. Fruet disse que imagens e fotos dos responsáveis pelos atos de vandalismo serão enviadas à Policia Civil, Polícia Federal e ao Ministério Público “Mais do que nunca, peço diálogo entre os poderes, contenção de ânimos e toda segurança à cidade. É preciso separar manifestantes de vândalos”.

Já o secretário municipal de Comunicação, Gladimir Nascimento, estava na rua no momento da confusão. “É hora de quem defende a democracia, e sabe o que ela significa, refletir. Estão destruindo o patrimônio político construído ao longo de muitas décadas”, disse. “O que estamos vendo é político, e tem fundamento. Mas estamos ultrapassando o limite do bom senso. Qual é o projeto. Protesto sem projeto é o quê?”

Protestos contra tarifas mobilizam população e desafiam governos de todo o País

Mobilizados contra o aumento das tarifas de transporte público nas grandes cidades brasileiras, grupos de ativistas organizaram protestos para pedir a redução dos preços e maior qualidade dos serviços públicos prestados à população. Estes atos ganharam corpo e expressão nacional, dilatando-se gradualmente em uma onda de protestos e levando dezenas de milhares de pessoas às ruas com uma agenda de reivindicações ampla e com um significado ainda não plenamente compreendido.

A mobilização começou em Porto Alegre, quando, entre março e abril, milhares de manifestantes agruparam-se em frente à Prefeitura para protestar contra o recente aumento do preço das passagens de ônibus; a mobilização surtiu efeito, e o aumento foi temporariamente revogado. Poucos meses depois, o mesmo movimento se gestou em São Paulo, onde sucessivas mobilizações atraíram milhares às ruas; o maior episódio ocorreu no dia 13 de junho, quando um imenso ato público acabou em violentos confrontos com a polícia.

O grandeza do protesto e a violência dos confrontos expandiu a pauta para todo o País. Foi assim que, no dia 17 de junho, o Brasil viveu o que foi visto como uma das maiores jornadas populares dos últimos 20 anos. Motivados contra os aumentos do preço dos transportes, mas também já inflamados por diversas outras bandeiras, tais como a realização da Copa do Mundo de 2014, a nação viveu uma noite de mobilização e confrontos em São PauloRio de JaneiroCuritibaSalvadorFortalezaPorto Alegre e Brasília.

A onda de protestos mobiliza o debate do País e levanta um amálgama de questionamentos sobre objetivos, rumos, pautas e significados de um movimento popular singular na história brasileira desde a restauração do regime democrático em 1985. A revogação dos aumentos das passagens já é um dos resultados obtidos em São Paulo e outras cidades, mas o movimento não deve parar por aí. “Essas vozes precisam ser ouvidas”, disse a presidente Dilma Rousseff, ela própria e seu governo alvos de críticas.

Fonte: Especial para Terra
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