PM entra no prédio do antigo Museu do Índio durante protesto no RJ
Policiais militares do Batalhão de Choque desocupam na manhã desta segunda-feira o prédio do antigo Museu do Índio, ao lado do Estádio Jornalista Mário Filho, o Maracanã, na zona norte do Rio. Alguns dos manifestantes que ocupavam o museu saíram voluntariamente, enquanto outros foram retirados pela polícia. Uma pessoa foi detida e levada para a delegacia.
Um grupo permanecia no terraço do prédio, negociando com a Polícia Militar. Segundo alguns manifestantes, a polícia chegou depois que eles ocuparam, no sábado, o prédio anexo que pertence ao Ministério da Agricultura.
O índio Urutau Guajajara, um dos que permanecem no terraço do prédio, exigiu a presença de um delegado da Polícia Federal e de um advogado para deixar o imóvel. O delegado Fabio Baruck, da 18ª DP, afirmou que já há uma ordem judicial de desocupação do prédio.
"Temos grávidas e crianças lá dentro. Estamos tentando ver se conseguimos continuar aqui. Querem nos tirar daqui de qualquer jeito por causa dessa Copa do Mundo. Não sou contra a diversão do futebol, mas vejam o preço que muitos estão pagando, como os índios e os moradores de comunidades que estão sendo removidas", disse a professora da rede estadual Mônica Lima, que ocupava o prédio e foi retirada pela polícia.
No momento em que a polícia entrou no prédio, manifestantes subiram no edifício, que tem três andares, e tentaram dificultar a subida dos policiais retirando degraus de madeira da escada.
O grupo voltou a ocupar o prédio em agosto, depois da Copa das Confederações, e reivindica que o local se torne um centro de referência indígena, inclusive com a criação de uma universidade. A primeira ocupação, iniciada em 2006, foi removida em março deste ano por determinação da Justiça.
Segundo a Secretaria de Cultura do Rio, o local abrigará o Centro Estadual de Estudos e Difusão da Cultura Indígena. O prédio do antigo Museu do Índio foi construído no século XIX e abrigou o Serviço de Proteção ao Índio, comandado pelo marechal Cândido Rondon. Transformado em museu, o local teve entre seus diretores o antropólogo Darcy Ribeiro. O governo do Rio cogitou demolir o prédio, como parte das obras de reforma do Maracanã, mas, depois dos protestos, desistiu.