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Pesquisa: tragédia na Kiss mudou comportamento do brasileiro

Pesquisa revela que brasileiro se sente mais ameaçado por incêndios em locais públicos após tragédia, mas que falta preparo para agir corretamente durante a emergência

27 jan 2015 - 06h03
(atualizado às 06h04)
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<p>Em 2014, ato lembrou anivers&aacute;rio de um ano das 242 mortes ocorridas na Boate Kiss</p>
Em 2014, ato lembrou aniversário de um ano das 242 mortes ocorridas na Boate Kiss
Foto: Daniel Favero / Terra

A tragédia que acabou com a vida de 242 pessoas no dia 27 de janeiro de 2013, na Boate Kiss, em Santa Maria, deixou marcas no comportamento dos brasileiros mesmo dois anos depois do que aconteceu. É isso que revela uma pesquisa feita pela KRC Research e encomendada pela Honeywell Brasil. Nela, 81% dos entrevistados disseram ter mudado seu comportamento em locais públicos depois do incêndio na boate gaúcha - seja na adoção de medidas preventivas ou na mudança de mentalidade quando em espaços públicos onde pode haver um incêndio.

Ainda segundo a pesquisa, apesar de a maioria dos brasileiros ter começado a se precaver diante de situações como a vivida na boate Kiss, como procurar saídas de emergência em edifícios e evitar lugares aglomerados, mais da metade permanece sem saber ao certo que tipo de comportamento deve ter durante um incêndio.

Os dados da pesquisa mostram também a influência da repercussão da tragédia em Santa Maria, que gerou temor maior nas pessoas de se envolverem em um incêndio em local público do que em casa, por exemplo.

“O impacto de um acidente em local público, pelo volume e concentração de pessoas, causa maior preocupação. Quando um acidente atinge sua casa, por exemplo, você descobre o que está acontecendo e sai do local – que, geralmente, é conhecido", explica César Miranda, gerente geral de negócios de segurança contra o incêndio na América do Sul da Honeywell e diretor do Grupo Setorial de Sistemas de Detecção e Alarme de Incêndio da Abinee (Associação Brasileira da Industria Eletro Eletrônica). "Já a detecção do incêndio em locais públicos para a evacuação deve ser muito mais urgente, rápida e envolve cuidados com uma multidão”, diz. 

Falta informação

Para Benjamin Driggs, presidente da Honeywell do Brasil, o cuidado e a informação devem ser considerados em ambos os lugares: o público e o privado. “Há três pilares na prevenção eficiente dos incêndios: primeiro, educação - com treinamentos, por exemplo - segundo, atendimento às normas técnicas - com cuidado com equipamentos e manutenção -, e terceri, legislação - com leis e normas que devem ser seguidas e cobradas no país", diz. 

A falta de conhecimento e cobrança dos três pilares entre a população brasileira é alarmante. Segundo Miranda, os resultados da pesquisa mostram que as pessoas até se sentiram mais inseguras ao frequentar lugares como casas noturnas, prédios de escritórios, shopping centers e restaurantes depois do caso da boate Kiss, mas elas desconhecem os procedimentos básicos a serem seguidos em situações de emergência, como saber onde está e buscar a saída de emergência. 

“Basicamente, nós temos dois pontos esseciais mostrados na pesquisa: após a tragédia, a população passou a ter mais consciência e preocupação com os incêndios, porém acha que a situação não melhorou em comparação aos anos anteriores. E pior: mais de 80% acham que até têm uma conscientização maior, mas não sabem o que fazer no momento de um grave incêndio em local público”, aponta.

Entre os locais públicos temidos, citado pelos pesquisados, um que chama a atenção é o ambiente de trabalho. Quase 40% dos empregados dizem que suas empresas não têm atualizado seus procedimentos de segurança sequer os têm estabelecidos. E mail: metade dos funcionários disse que nunca participou de uma simulação de incêndio no trabalho ou não se lembra da última vez que o fez.

Responsáveis

Nem polícia, nem bombeiro: os governos federal e estadual são os maiores responsáveis pela segurança em locais públicos contra acidentes para os entrevistados: 92% pensam que as autoridades deveriam exigir iluminação nas placas de saídas (80%), seguido por alarmes de incêndio (78%), sprinklers (75%) e caminhos de evacuação iluminados (72%).

<p>Familiares choram após a morte de 242 pessoas em incêndio</p>
Familiares choram após a morte de 242 pessoas em incêndio
Foto: Mauro Pimentel / Terra

Como o esperado, devido ao sentimento de insegurança relatado, a maioria (81%) acredita que o governo não faz o suficiente para informar e educar as pessoas a reagirem. E quase metade (44%) diz que as autoridades deixam a desejar no que se refere ao cumprimento dos procedimentos e leis contra incêndios para viabilizar uma reação segura por parte das pessoas.

Os gerentes também foram bastante citados (94%) para a fiscalização dos estabelecimentos e o cuidado com equipamentos na prevenção de incêndios.

Mais velhos são mais inseguros

A pesquisa da KRC revela ainda que as pessoas mais velhas (entre 45 anos e 64 anos) são as que mais temem um incêndio em lugares públicos depois da tragédia na boate Kiss, sendo que 84% delas pensam que não se divulga os perigos de um incêndio de maneira eficiente o suficiente. Além disso, este grupo também é mais propenso a considerar que o governo esteja fazendo um trabalho ruim no cumprimento das leis e dos procedimentos de segurança (54% contra 40% entre o grupo de 18 anos a 44 anos).

Entre os perfis mais temerosos, está também o das mulheres, das famílias mais numerosas e de pessoas com remuneração mais baixa. Veja outros destaques do levantamento.

Mudança para o pior: No geral, a maioria dos brasileiros não se sente mais seguro desde a tragédia em 2013 nos seguintes locais: casas noturnas (92%), escritórios comerciais (89%) e em locais públicos como shoppings ou restaurantes (82%).

Refúgio seguro: Enquanto as pessoas se sentem menos confortáveis em lugares públicos, 52% dos brasileiros se sentem mais seguros em suas casas do que em 2013.

Maiores medos: As mulheres são mais propensas que os homens a se preocuparem com a ameaça de um incêndio em um local público (67% a 54%); aqueles com crianças também estão mais preocupados do que aqueles que não as têm (67% a 56%).

Renda e segurança: Existe uma grande disparidade entre os brasileiros com renda anual de R$ 47 mil ou mais e os que ganham menos; 51% daqueles que ganham mais estão preocupados com a ameaça pessoal de incêndios em locais públicos, em comparação com 66% dos que ganham menos. Aqueles com menor faixa de renda sozinhos (menos de R$ 4,6 mil mensais) são mais propensos que todos a se preocuparem, com proporção afetada em 73%.

Um pouco mais seguros: Homens (21%) e jovens entre 18 e 24 anos de idade (24%) dizem que se sentem mais seguros em locais públicos, como shoppings ou restaurantes, em comparação com antes da tragédia na boate Kiss. Apenas 15% das mulheres e 14% das pessoas entre 45 e 64 anos de idade dizem o mesmo.

Medidas na hora do incêndio

Cuidados básicos podem ser tomados por todos que frequentam lugares públicos. Algumas recomendações básicas são: ao entrar em locais públicos, procure e identifique as saídas de emergência e as sinalizações: se ouvir alguma sirene, por exemplo, não fique parado, não volte para pegar nada e não volte para ajudar alguém. O mais importante é que cada um se preocupe com a sua saída do ambiente, com calma e segurança.

O levantamento foi conduzido pela KRC Research entre os dias 12 e 17 de dezembro de 2014 por meio de uma pesquisa via internet com 1.011 brasileiros, com idades entre 18 e 64 anos - encomendado pela Honeywell Brasil, empresa especializada em produtos de segurança

Fonte: Terra
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