A forte chuva que atingiu o Espírito Santo nas últimas semanas deixou várias cidades do Estado embaixo d'água. E, à medida que ela vai baixando, a destruição pode ser percebida com mais precisão. Com pouco mais de 30 mil habitantes, a cidade de Baixo Guandu foi uma das atingidas. O prefeito do município, Neto Barros (PCdoB), descreve desta maneira o que presenciou: "Essa chuva pegou as cabeceiras da serra e todos os córregos, igarapés vieram com uma força violenta. Sobrevoando você vê uma imagem desoladora. Perdemos a referência, sumiu tudo", afirmou.
O prefeito disse que os donativos têm chegado e que a maior dificuldade da cidade neste momento é por máquinas, que possam ajudar no serviço de limpeza e retirada do entulho. Segundo ele, outra adversidade é o acesso às comunidades do interior. "Precisamos de máquinas, como retroescavadeira. Foram mais de 20 pontes que caíram. As estradas caíram. É um cenário de guerra, destruição total, de um prejuízo incalculável. Só as pontes são cerca de R$ 150 mil cada uma. Calculamos cerca de R$ 10 milhões de prejuízo. Perdemos uma vida. Perdemos muitos animais. E continua chovendo. A situação é muito triste."
De acordo com Barros, houve alagamentos em vários bairros. "Somos banhados pelo rio Doce, é o primeiro município na divisa com Minas Gerais. Temos também o rio Guandu. Esses dois rios encheram muito, passaram de 5 metros", disse. Segundo o prefeito, existem distritos completamente ilhados. Ele contou que as cenas vistas são fortes: "O que era rio virou mar, o que era córrego virou rio. O pessoal mais idoso, que está há muito tempo na roça, está muito assustado. Muita gente perdendo as casas. Onde a água nunca chegou nem na soleira ela passa no telhado."
O prefeito lembrou que a última grande cheia na cidade ocorreu em 1979. "Foi quando choveu 39 dias direto. A chuva desabrigou mineiros, derrubou a ponte principal. De lá pra cá tinha uma chuva ou outra, mas essa foi a maior de todos os tempos. A de 79 fez encher o rio Doce", recordou.
23 de dezembro - Chuva causa estragos e alagamentos e abre cratera na rodovia ES-010, em Serra
Foto: Alex Gouvêa / Futura Press
23 de dezembro - Defesa Civil auxilia moradores do bairro Jacaraípe, em Serra, que ficou alagado
Foto: Alex Gouvêa / Futura Press
23 de dezembro - Moradores do bairro Consolação, em Vitória, deixam suas casas, após a Defesa Civil constatar riscos de deslizamentos
Foto: Alex Gouvêa / Futura Press
23 de dezembro - Voluntários atuam no centro de doações para vítimas atingidas pelas fortes chuvas da região, na praça do Papa, em Vitória
Foto: Alex Gouvêa / Futura Press
24 de dezembro - Presidente Dilma Rousseff durante reunião de coordenação após sobrevoo das áreas atingidas pela chuva no Espírito Santo
Foto: Roberto Stuckert Filho/PR / Divulgação
24 de dezembro - O governo federal anunciou o envio de 3 mil kits-dormitório, de limpeza e de higiene pessoal para o estado
Foto: Roberto Stuckert Filho/PR / Divulgação
24 de dezembro - Cinco patrulhas motorizadas do Exército estão atuando no estado e quatro geólogos foram enviados para ajudar no monitoramento de áreas de risco
Foto: Roberto Stuckert Filho/PR / Divulgação
24 de dezembro - A presidente Dilma Rousseff sobrevoou a região afetada pela chuva forte que atinge o Estado desde o fim da semana passada. A Defesa Civil nacional reconheceu nesta quarta-feira situação de emergência em 45 municípios capixabas, entre eles a capital do Estado, Vitória, e as cidades de Vila Velha, Itaguaçu, Linhares, Guarapari, Serra, Vargem Alta, Venda Nova do Imigrante e Viana
Foto: Roberto Stuckert Filho/PR / Divulgação
24 de dezembro - No bairro Jacaraípe, em Serra, voluntários realizam resgates de cães ilhados em meio ao alagamento
Foto: Bruno Herculano / Futura Press
26 de dezembro - Homens do Exército do Rio de Janeiro chegaram no Espírito Santo para ajudar atingidos pela chuva no Estado
Foto: Divulgação
26 de dezembro - A previsão é de mais chuvas para o Estado
Foto: Alex Gouvêa / Futura Press
26 de dezembro - Moradores usam isopor para flutuar em água que tomou conta da rua
Foto: Alex Gouvêa / Futura Press
26 de dezembro - Carro ficou preso na água
Foto: Alex Gouvêa / Futura Press
26 de dezembro - Mais da metade das cidades do Estado já decretaram estado de emergência
Foto: Alex Gouvêa / Futura Press
26 de dezembro - A água está demorando a descer após os vários dias de chuva
Foto: Alex Gouvêa / Futura Press
26 de dezembro - O bairro Darly Santos foi um dos mais atingidos pelas cheias
Foto: Alex Gouvêa / Futura Press
26 de dezembro - Em algumas áreas só é possível chegar de barco
Foto: Alex Gouvêa / Futura Press
26 de dezembro - Agentes da Defesa Civil auxiliam na entrega de mantimentos
Foto: Alex Gouvêa / Futura Press
26 de dezembro - Moradores tentam se recuperar dos alagamentos provocados pelas chuvas em Vila Velha, Espírito Santo
Foto: Alex Gouvêa / Futura Press
26 de dezembro - Moradores caminham por área alagada no bairro Darly Santos, em Vila Velha
Foto: Alex Gouvêa / Futura Press
26 de dezembro - Helicópteros e aviões da FAB já transportaram cerca de 8 toneladas de suprimentos para as vítimas da chuva no Espírito Santo
Foto: FAB / Divulgação
26 de dezembro - Missão humanitária usa dois helicópteros Black Hawk, um Super Puma e outros três aviões da FAB
Foto: FAB / Divulgação
26 de dezembro - Militares da FAB ajudam no resgate de moradores ilhados no Espírito Santo
Foto: FAB / Divulgação
26 de dezembro - Aeronaves da FAB são empregadas para chegar a localidades de difícil acesso, em decorrência da enchente no Espírito Santo
Foto: FAB / Divulgação
26 de dezembro - O prefeito de Vila Velha, Rodney Miranda, foi aos bairros Jockey e Guaranhuns falar sobre abrir a rodovia do Sol para o escoamento da água da chuva, e acabou alvo de protesto dos moradores contra os alagamentos
Foto: Bruno Herculano / Futura Press
26 de dezembro - Helicóptero Super Puma da Força Aérea Brasileira (FAB) resgatou quatro pessoas da mesma família que estavam isoladas
29 de dezembro - Helicópteros Black Hawk da FAB são usados no resgate a moradores ilhados no Espírito Santo
Foto: FAB / Divulgação
29 de dezembro - Famílias inteiras foram resgatadas por militares da FAB
Foto: FAB / Divulgação
29 de dezembro - Aeronaves da FAB já transportaram mais de 30 toneladas de mantimentos
Foto: FAB / Divulgação
29 de dezembro - Militar leva no colo moradora de área afetada pela chuva
Foto: FAB / Divulgação
29 de dezembro - Militares e aeronaves da FAB são empregadas em missão humanitária no Espírito Santo
Foto: FAB / Divulgação
Compartilhar
Publicidade
Colatina
Com 120 mil habitantes, a cidade de Colatina ainda não conseguiu contabilizar seus prejuízos. O prefeito Leonardo Deptulski (PT) conta que são mais de 150 famílias desabrigadas. "Nem todas estão em escolas, algumas estão em amigos e parentes. São 50 famílias em escolas. Mas com esse bairro que estou agora vai ultrapassar 200 famílias, o que dá cerca de 800 a 1 mil pessoas. Vamos esperar esse período de chuvas mais intensa para avaliar cada caso", disse.
"Temos pelo menos 20 pontos críticos com grande risco de desabamentos, deslizamento sobre casas. Tivemos uma vítima, que morreu soterrada e duas pessoas envolvidas em dois desabamentos. Graças a Deus os dois estão hospitalizados e não correm risco de morte. Tivemos cinco casas desabadas e outras casas em situação de risco. Um dos problemas é a chuva e o outro problema é o rio, que subiu na semana passada e atingiu 7,82 (metros), a cota de inundação é 5,20 metros", afirmou. "Estamos esperando pra essa noite um aumento considerável do rio Doce. Hoje (segunda-feira) tivemos um dia com menos chuva, agora à tarde deu um sol o que trouxe um alento."
Ele afirmou que o município nunca viveu uma situação parecida. "Nunca tivemos um volume de uma intensidade tão grande como agora. É o período mais crítico que vivi."
Nova Venécia
Em Nova Venécia, com 46 mil habitantes, o prejuízo calculado é de R$ 50 milhões. "Muitas edificações e prédios ficaram comprometidos. Muitas casas foram derrubadas e algumas vão ter que passar por avaliação da Defesa Civil. Em lugares que a água nunca chegou, dessa vez alcançou um metro e meio. Inundou a cidade. Deixou um rastro de destruição. Tivemos uma vítima fatal, que rompeu uma barragem em um bairro e matou uma pessoa. Uma homem de 65 anos. Estamos dando a volta por cima, fizemos a limpeza da cidade. Outros municípios nos ajudaram com carro-pipa", afirmou o prefeito Mario Sergio Lubiana (PSB).
Segundo ele, a infraestrutura da cidade também foi comprometida. "Perdemos a passarela, que o rio a carregou. Temos muitos buracos, muitos bueiros rompidos, muito calçamento retirado, mais de 50 caçambas de areia foram retiradas, muita lama. Agora temos que recuperar outras regiões como o interior."