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Paes abre planilhas de custos das passagens de ônibus do Rio

Prefeito chamou técnicos e membros de universidades para elaborar relatório de melhorias no sistema de transporte público

25 jun 2013 - 17h39
(atualizado às 19h15)
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Prefeito prometeu colocar no ar, em breve, um site com todos os dados sobre os transportes públicos do Rio
Prefeito prometeu colocar no ar, em breve, um site com todos os dados sobre os transportes públicos do Rio
Foto: Reynaldo Vasconcelos / Futura Press

Depois de pedir a desoneração do custo do transporte público no Brasil antes que “as cidades parem”, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PMDB), anunciou a criação de dois conselhos para melhorar o sistema de transportes do município e abriu as planilhas de custos das passagens de ônibus do Rio.

Protesto contra aumento das passagens toma as ruas do País; veja fotos

“Somos a cidade do Brasil que mais investe em mobilidade urbana", disse Paes, que convidou o Movimento do Passe Livre (MPL) para fazer parte do Conselho Muncipal de Transportes, que vai reunir 12 membros do governo e da sociedade civil para acompanhar, fiscalizar e discutir ideias para o sistema de transporte da cidade.

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Será criada também uma Comissão Especial de Assessoramento, formada por técnicos da prefeitura e por membros de três universidade cariocas, que terão 60 dias para elaborar um relatório de melhorias para o sistema. “É o que chamamos de Pacto pela Transparência no Transporte”, afirmou o prefeito.

Eduardo Paes disse que o movimento de protesto da sociedade nas ruas vem cumprindo um papel Importante. “Aqui não tem um prefeito autoritário. Não vejo pressões da sociedade civil como algo ruim. Nosso sistema de ônibus não é perfeito. O modelo que temos precisa avançar muito", disse ele, negando que o sistema não tem regras. “No contrato, os consórcios têm muitas obrigações e vão ter mais”, garantiu Paes, que vai exigir que até o fim do ano as empresas façam uma auditoria externa em suas contas com regras estabelecidas pela prefeitura. 

Além disso, a prefeitura vai colocar no ar, em breve, um site com todos os dados sobre os transportes públicos do Rio: o contrato da concessão, relatório diário de operação das linhas e a planilha de custos e formula de reajuste. “O impacto da tarifa não precisa ser pago pelo Poder Público, mas pode se rentabilizar, diminuir talvez o número de ônibus nas ruas, e com mais eficiência para as empresas”, disse o prefeito, que voltou a se posicionar contra qualquer tipo de subsídio por parte da prefeitura para as empresas.

Na planilha de custos, foi revelada que as empresas tem lucro anual de 3% e que, de acordo com o contrato firmado, tem uma taxa de retorno de investimento na casa de 8,5% em 20 anos. Na mesma planilha, pode-se ver que o óleo diesel tem impacto de 21% sobre o valor da tarifa e que 45% das empresas estão com encargos com trabalhadores. Paes, entretanto, não divulgou qual foi o lucro líquido das empresas de ônibus nos últimos anos.

Sobre a criação de uma CPI das empresas de ônibus, pedido na Câmara de Vereadores, pelo vereador Eliomar Coelho (Psol), Paes disse que não se mete em questões do Poder Legislativo, a não ser quando manda um projeto de lei para a casa. O projeto de criação da CPI precisava de 17 assinaturas de vereadores para ser protocolada e conseguiu alcançar o número de 27 na tarde desta terça-feira. "A Casa precisa ouvir a sociedade. Temos que abrir essa caixa-preta", disse Eliomar Coelho. Eduardo Paes, no entanto, negou a existência de qualquer "caixa-preta" e disse que as contas são públicas e estão à disposição da sociedade.

Protestos contra tarifas mobilizam população e desafiam governos de todo o País

Mobilizados contra o aumento das tarifas de transporte público nas grandes cidades brasileiras, grupos de ativistas organizaram protestos para pedir a redução dos preços e maior qualidade dos serviços públicos prestados à população. Estes atos ganharam corpo e expressão nacional, dilatando-se gradualmente em uma onda de protestos e levando dezenas de milhares de pessoas às ruas com uma agenda de reivindicações ampla e com um significado ainda não plenamente compreendido.

A mobilização começou em Porto Alegre, quando, entre março e abril, milhares de manifestantes agruparam-se em frente à Prefeitura para protestar contra o recente aumento do preço das passagens de ônibus; a mobilização surtiu efeito, e o aumento foi temporariamente revogado. Poucos meses depois, o mesmo movimento se gestou em São Paulo, onde sucessivas mobilizações atraíram milhares às ruas; o maior episódio ocorreu no dia 13 de junho, quando um imenso ato público acabou em violentos confrontos com a polícia.

O grandeza do protesto e a violência dos confrontos expandiu a pauta para todo o País. Foi assim que, no dia 17 de junho, o Brasil viveu o que foi visto como uma das maiores jornadas populares dos últimos 20 anos. Motivados contra os aumentos do preço dos transportes, mas também já inflamados por diversas outras bandeiras, tais como a realização da Copa do Mundo de 2014, a nação viveu uma noite de mobilização e confrontos em São PauloRio de JaneiroCuritibaSalvadorFortalezaPorto Alegre e Brasília.

A onda de protestos mobiliza o debate do País e levanta um amálgama de questionamentos sobre objetivos, rumos, pautas e significados de um movimento popular singular na história brasileira desde a restauração do regime democrático em 1985. A revogação dos aumentos das passagens já é um dos resultados obtidos em São Paulo e outras cidades, mas o movimento não deve parar por aí. “Essas vozes precisam ser ouvidas”, disse a presidente Dilma Rousseff, ela própria e seu governo alvos de críticas.

Fonte: Terra
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