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Padre irlandês atua no Jardim Ângela e atende 270 mil

Conheça o trabalho da Sociedade Santos Mártires, que oferece de creches a atendimento médico

29 jul 2014 - 13h00
(atualizado em 31/7/2014 às 17h22)
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Bairro mais violento do mundo em 1996, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), o Jardim Ângela, na zona sul de São Paulo, teve sua realidade transformada ao longo das últimas duas décadas. Um dos atores dessa transformação chama-se Sociedade Santos Mártires, ONG liderada pelo padre irlandês Jaime Crowe, 69 anos.

Crowe chegou ao País há mais de três décadas, por conta do papa João XXIII, que à época, cobrava maior atenção para com a América Latina. Com 29 projetos e diversos fóruns, a entidade tem como missão “ser uma chama de esperança na região do Jardim Ângela, através de ações que valorizam a vida de crianças, jovens e adultos, estimulando-os à prática da cidadania”.

A instituição conta com 250 funcionários contratados e mais de 270 mil pessoas atendidas desde 1988, entre homens e mulheres, jovens, em sua maioria. A ONG oferece creches, cursos profissionalizantes, a Casa Sofia, o Centro de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente, entre outros projetos sociais na região, muitos deles, em convênios com governos municipais, estaduais e federais.

De acordo com Crowe, que divide a rotina entre a ONG e a Paróquia Santos Mártires, localizada no Jardim Ângela, as pessoas têm construído sua cidadania e se apropriado do bairro. “O número de homicídios, que era de 130 por 100 mil habitantes em 1998, baixou para 25 por 100 mil hoje. Os postos de saúde aumentaram de seis unidades em 2002 para 19 agora, e as escolas também cresceram na região, mesmo com a superlotação dos colégios.”

A cada dois anos, ele passa um período de férias em seu país de origem, a Irlanda, para poder refletir mais sobre os problemas diários. “Aqui no Brasil, eu aprendi a ser hospitaleiro, caminhar junto com os outros, e saber que ninguém faz tudo sozinho. Eu respeito e admiro muito o povo brasileiro.”

Bairro transformado

A rotina de Crowe, nos anos 1980, não se limitava a pregar missas, mas a ouvir o barulho de tiros do lado externo da Paróquia, o que obrigava o líder religioso a conduzir o velório de cadáveres, missas de sétimo dia, e prestar consolo aos familiares enlutados. O acúmulo da violência e o crescente tráfico de drogas, na década de 1990, mais do que eleger o bairro como o mais violento do mundo, estimulou a criação do Fórum em Defesa da Vida e pela Superação da Violência, realizado mensalmente, o que gerou uma nova base comunitária para a região, e fez crescer o número de policiais – de 20, à época, para 300, hoje, responsáveis por atender mais de 300 mil habitantes.

Crowe deixa claro que a prioridade para o futuro é a solução de problemas presentes no Jardim Ângela, sem a pretensão de resolver questões estaduais ou nacionais, porém, locais como a mobilidade urbana, a saúde e a educação. “O que ajuda muito no trabalho é unir as pessoas em pequenos grupos que sabem viver e rezar juntos. No cotidiano, o afeto é muito superficial, entretanto, quando as pessoas se reúnem e se conhecem, sabem discutir e dialogar. Nós devemos ser direcionados para a afetividade.”

Fonte: Dialoog Comunicação
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