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Ônibus anfíbio: paisagem do Tietê é tão ruim quanto cheiro

Veículo percorreu um trecho do famoso rio de São Paulo nesta quarta-feira, em ação promovida pelo salão náutico São Paulo Boat Show

17 set 2014 - 17h44
(atualizado em 18/9/2014 às 08h52)
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Ônibus anfíbio navega pelo Rio Tietê, na altura do Cebolão, em São Paulo (SP), na manhã desta quarta-feira (17)
Ônibus anfíbio navega pelo Rio Tietê, na altura do Cebolão, em São Paulo (SP), na manhã desta quarta-feira (17)
Foto: Gabriela Biló / Futura Press

Andar em um ônibus anfíbio no rio Tietê deixa a impressão de que a cidade de São Paulo não tem beleza alguma. Na quarta-feira um veículo desse tipo fez um passeio pelo famoso rio na altura do Cebolão, zona oeste da capital, próximo da divisa com a cidade de Osasco (SP). De dentro do ônibus anfíbio, na linha d'água do Tietê, o que se vê são prédios cinzas, pontes maltratadas, urubus nas margens e muita sujeira. Sem falar na água, que, de tão poluída, tem coloração inclassificável e nada convidativa. O mau cheiro, que já era de se esperar, supera as piores expectativas.  

Projeto do salão náutico São Paulo Boat Show, que acontece de 25 a 30 de setembro na capital paulista, o ônibus anfíbio que percorreu um trecho do Tietê a partir de uma base do Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE) é o mesmo usado em um serviço turístico na Marina da Glória, no Rio de Janeiro, desde o início deste ano. Mas as semelhanças param por aí. No Tietê, é impossível pensar em turismo.

Ônibus anfíbio navega pelo Rio Tietê em São Paulo:

Com os 26 lugares ocupados, se tem a sensação de estar numa lotação, já que para passar por alguém que está de pé, só andando de lado. Os assentos, pelo menos, não devem em nada aos dos coletivos da cidade. Ou seja, para um trajeto curto, não são desconfortáveis.

O veículo tem motor Mercedes-Benz a diesel. A diferença para um ônibus de rua é que, ao entrar no rio, o anfíbio aciona uma hélice que garante propulsão hidráulica. Segundo o idealizador do projeto, o empresário Ilidio Soares, o veículo não polui as vias fluviais porque não despeja gases nem utiliza graxa que dissolve em água.

Por razões de segurança, o aparelho tem velocidade limitada a três nós, ou cerca de 10 km/h. O veículo também tem três compartimentos estanques com isopor naval para prevenir seu eventual afundamento mesmo se houver rompimento do casco. Nenhuma qualidade do veículo, porém, tem força suficiente para vencer o desconforto de navegar no poluído Tietê. 

Usar as vias fluviais de grandes cidades como alternativa de transporte não é uma ideia nova e já funcionou em muitos lugares. Mas enquanto o Tietê continuar assustadoramente poluído, a chance dessa alternativa de transporte decolar continuará pequena. 

Com o tempo, se um programa de despoluição eficiente do Tietê devolver a fauna e a flora naturais da região, os ônibus anfíbios podem sim surgir como alternativa interessante para locomoção na cidade. Contudo, atualmente, o esgoto, a podridão e os urubus inviabilizam a ideia. Nem máscaras com filtro de ar impediriam o desconforto da experiência. 

Fonte: Terra
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