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OAB-SP: houve excesso em repressão a protesto contra Copa

24 fev 2014 - 23h26
(atualizado às 23h26)
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A Ordem dos Advogados do Brasil de São Paulo (OAB-SP) avaliou que houve excesso na repressão à manifestação ocorrida no centro da capital paulista, no último sábado (22). Segundo o presidente da entidade, Marcos da Costa, o expressivo número de detenções, inclusive de jornalistas, mostra que a ação passou dos limites.

"Até pelo número expressivo (de detidos), que corresponde a quase um quarto dos manifestantes, e por nesse número expressivo ainda conter profissionais, como jornalistas, que foram cerceados no seu direito de exercer a profissão, nos parece claro que houve excesso por parte da Polícia Militar", ressaltou na noite desta segunda-feira. Costa destacou ainda que advogados denunciaram ter enfrentado problemas ao atuarem na defesa de manifestantes. "Colegas advogados, que atendiam manifestantes, que estavam sendo detidos, nos informaram que prerrogativas suas foram violadas".

No protesto Não Vai Ter Copa, 262 manifestantes foram detidos, segundo a Secretaria de Segurança Pública. O protesto reuniu aproximadamente mil pessoas. Os detidos foram encaminhados para sete distritos policiais da região central da capital paulista. Todos foram liberados, após prestarem depoimento. Durante o ato, agências bancárias foram depredadas, e houve confronto entre manifestantes e a Polícia Militar. De acordo com a PM, 2,3 mil homens participaram da operação, sendo 200 com treinamento em artes marciais.

O presidente da OAB disse que a entidade vai cobrar das autoridades apuração sobre as denúncias e os excessos da PM. "Nós vamos contatar as autoridades públicas, no sentido de pedir apuração desses excessos e buscar caminhos para que a polícia possa cumprir a sua missão de garantir o exercício pleno do direito à manifestação". Para Costa, a corporação só deve agir quando houver indícios consistentes da prática de crimes. "Se alguém estiver aproveitando a situação para cometer delitos, aí essa pessoa responderá penalmente por isso", pontuou.

A OAB-SP também vai criar um grupo para apoiar os advogados que aturem nos protestos. "Diante da dimensão das manifestações e dessas ocorrências em relação à polícia, nós criamos hoje um grupo de 40 advogados voluntários, que estarão, não só atendendo, mas fazendo um trabalho preventivo para assegurar que os colegas que advogarem para militantes tenham suas prerrogativas preservadas", segundo Costa.

Hoje, o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Fernando Grella, classificou a operação policial como bem-sucedida. "Foi uma operação feita com o propósito de evitar a quebra da ordem. Foi exitosa, a nosso ver, porque nós tivemos um menor número de feridos, uma quantidade muito inferior de danos e um tumulto muito menos expressivo para a sociedade", destacou.

Protesto teve confronto entre PMs e manifestantes
Manifestantes e policiais militares entraram em confronto no início da noite dosábado durante protesto que começou na praça da República, no centro de São Paulo, contra a realização da Copa do Mundo no Brasil. A manifestação - acompanhada desde o início por um contingente de 2.300 policiais, dentre os quais, cerca de 150 homens da "Tropa do Braço", com treinamento em artes marciais - terminou com saldo de pelo menos oito feridos, dentre os quais cinco policiais, dois manifestantes e o fotógrafo do Terra Bruno Santos. 

Ao todo, 262 pessoas das 1.500 que participaram do ato foram detidas e encaminhadas a distritos policiais da região central e dos Jardins --o maior número desde os protestos de junho do ano passado. Todas foram liberadas. Ao menos duas agências bancárias do Itaú, patrocinador oficial da Copa, foram depredadas no centro.

No tumulto, o fotógrafo do Terra teve o equipamento destruído por golpes de cassetete desferidos por policiais. Os golpes acertaram também suas costas. Santos caiu, torceu o pé e precisou ser encaminhado a um hospital. Dos cinco PMs feridos, duas mulheres tiveram o braço quebrado. Outros dois feridos eram manifestantes.

O ato teve início às 17h na Praça da República com palavras de ordem contra a realização do Mundial no Brasil --o jogo de abertura é em São Paulo, dia 12 de junho. De lá, perto das 18h, o grupo seguiu pela avenida Rio Branco e pela rua da Consolação.

Por volta das 19h, na rua Coronel Xavier de Toledo, tiveram início confronto e as primeiras prisões. A PM ainda reagiu com bombas de efeito moral e de gás lacrimogêneo para dispersar a multidão. Tiros de bala de borracha também foram efetuados.

A ação da PM surtiu efeito e o protesto se dispersou, mas pequenos grupos de manifestantes passaram a cometer atos de vandalismo em ruas do centro da capital paulista. Estabelecimentos tiveram suas fachadas danificadas. Uma das agências do banco Itaú destruída fica na rua Sete de Abril; a outra, a cerca de 100 metros dali, fica na rua Marconi.

Em meio à ação, policiais militares cercaram e prenderam dezenas de manifestantes na rua Coronel Xavier de Toledo. No local, dezenas de agentes de segurança formaram um cordão de isolamento e ameaçaram jornalistas que se aproximaram.

A reportagem questionou a PM sobre a detenção dos profissionais da imprensa e foi informada de que os jornalistas detidos teriam adotado "práticas de manifestação típicas dos black blocs". "Temos imagens dos black blocs agindo. Quem não for (black bloc), será liberado na delegacia", disse um soldado.

Agência Brasil Agência Brasil
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