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Nus, manifestantes tiram foto na Câmara de Porto Alegre

Em uma imagem que circula nas redes sociais, 22 pessoas aparecem nuas dentro do prédio da Câmara

18 jul 2013 - 10h59
(atualizado em 6/12/2013 às 17h30)
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Segundo um dos manifestantes, o movimento é "libertário" e não é possível repudiar ou repreender a atitude
Segundo um dos manifestantes, o movimento é "libertário" e não é possível repudiar ou repreender a atitude
Foto: Reprodução

Minutos depois da assembleia que definiu, na noite de quarta-feira, a desocupação da Câmara de Vereadores de Porto Alegre (RS), invadida no dia 10 de julho, um grupo de manifestantes, em frente aos quadros dos ex-presidentes da Casa, tirou as roupas para marcar o ato. Em uma imagem que circula nas redes sociais, 22 pessoas aparecem nuas e, acima delas, alguns quadros foram virados de cabeça para baixo, como forma de protesto.

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"Há coisas mais importantes para a gente, avaliamos que isso não era muito grave. Não houve consenso (sobre a foto) porque isso sequer foi discutido, mas temos que deixar claro que nos certificamos e não tinha nenhuma criança presente na Câmara", afirmou Daniel, um dos integrantes do ato de ocupação. Segundo ele, o movimento é "libertário" e "não é possível repudiar ou repreender essa atitude".

Manifestantes deixaram a Câmara na manhã desta quinta-feira
Manifestantes deixaram a Câmara na manhã desta quinta-feira
Foto: Reprodução

Por volta das 9h desta quinta-feira, os manifestantes deixaram a Casa, conforme acordo firmado em uma audiência de conciliação na noite de ontem com Thiago Duarte (PDT), presidente do Legislativo municipal. A maioria deles ficou em frente ao prédio, enquanto dois grupos acompanhavam a vistoria realizada nas dependências da Câmara e o protocolo dos dois projetos elaborados por eles.

Um é pelo passe livre a desempregados e estudantes, e o outro para abertura das planilhas dos empresários do transporte público. Não houve danos ao patrimônio público. Conforme Duarte, o movimento foi político e "os vereadores que apoiaram quebraram o juramento que foi feito no dia da posse. Ele sinalizou a possibilidade de um processo por quebra de decoro contra vereadores do PT e do Psol, que ajudaram na negociação.

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O vereador Carlos Comassetto (PT) rebateu Duarte, dizendo que o presidente da Casa tentou politizar a situação, rompendo o diálogo. A audiência que confirmou a desocupação foi mediada pela juíza Cristina Luíza Marquezan da Silva, da 1ª Vara da Fazenda Pública de Porto Alegre. 

O acordo foi costurado pela promotora Maria Cristina Santos de Luca, representante do Ministério Público, que a todo momento pedia que tanto os manifestantes quanto o presidente da Casa cedessem. Inicialmente, os manifestantes tinham feito seis exigências, que acabaram reduzidas aos dois projetos.

O maior impasse durante a audiência era sobre como seriam protocolados os projetos, já que o presidente da Câmara permanecia irredutível em sua posição de não abrir o setor de protocolo antes da desocupação do prédio. Diante dos apelos dos mediadores, porém, Duarte acabou cedendo.

Protestos contra tarifas mobilizam população e desafiam governos de todo o País

Mobilizados contra o aumento das tarifas de transporte público nas grandes cidades brasileiras, grupos de ativistas organizaram protestos para pedir a redução dos preços e maior qualidade dos serviços públicos prestados à população. Estes atos ganharam corpo e expressão nacional, dilatando-se gradualmente em uma onda de protestos e levando dezenas de milhares de pessoas às ruas com uma agenda de reivindicações ampla e com um significado ainda não plenamente compreendido.

A mobilização começou em Porto Alegre, quando, entre março e abril, milhares de manifestantes agruparam-se em frente à Prefeitura para protestar contra o recente aumento do preço das passagens de ônibus; a mobilização surtiu efeito, e o aumento foi temporariamente revogado. Poucos meses depois, o mesmo movimento se gestou em São Paulo, onde sucessivas mobilizações atraíram milhares às ruas; o maior episódio ocorreu no dia 13 de junho, quando um imenso ato público acabou em violentos confrontos com a polícia.

A grandeza do protesto e a violência dos confrontos expandiu a pauta para todo o País. Foi assim que, no dia 17 de junho, o Brasil viveu o que foi visto como uma das maiores jornadas populares dos últimos 20 anos. Motivados contra os aumentos do preço dos transportes, mas também já inflamados por diversas outras bandeiras, tais como a realização da Copa do Mundo de 2014, a nação viveu uma noite de mobilização e confrontos em São PauloRio de JaneiroCuritibaSalvadorFortalezaPorto Alegre e Brasília.

A onda de protestos mobiliza o debate do País e levanta um amálgama de questionamentos sobre objetivos, rumos, pautas e significados de um movimento popular singular na história brasileira desde a restauração do regime democrático em 1985. A revogação dos aumentos das passagens já é um dos resultados obtidos em São Paulo e outras cidades, mas o movimento não deve parar por aí. “Essas vozes precisam ser ouvidas”, disse a presidente Dilma Rousseff, ela própria e seu governo alvos de críticas.

Fonte: Terra
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