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No RS, familiares e amigos de vítimas da Kiss se juntam a manifestação

Sob muita chuva, milhares de pessoas saíram caminhando por ruas do Centro, no primeiro grande ato realizado na cidade depois da onda de protestos pelo País

21 jun 2013 - 01h01
(atualizado às 01h04)
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<p>Moradores de Santa Maria (RS) fazem passeata de protesto por melhorias sociais no País</p>
Moradores de Santa Maria (RS) fazem passeata de protesto por melhorias sociais no País
Foto: Luiz Roese / Especial para Terra

Na primeira grande manifestação em Santa Maria, dentro da onda de protestos em todo o País, milhares de pessoas foram às ruas no final da tarde desta quinta-feira. O ato tinha temas tradicionais, como saúde, educação e transporte público, mas o incêndio na casa noturna Kiss em 27 de janeiro, que causou a morte de 242 pessoas, também esteve presente. Familiares e amigos de vítimas também percorreram ruas do centro da cidade para pedir justiça.

Inicialmente, a programação desta quinta-feira indicava que iria ser realizado à tarde um debate sobre transporte público na Praça Saldanha Marinho, a principal de Santa Maria. Mas as próprias autoridades sabiam que o ato seria muito maior. Tanto que a Brigada Militar recomendou à prefeitura que adiasse o início do “Arraial do Coração“, uma festa junina que começaria nesta quinta na praça. 

Durante a tarde, lojas do centro fecharam suas portas mais cedo, com receio de atos de vandalismo. Os estabelecimentos mais vulneráveis, com vitrines voltadas para a rua, tinham cartazes de apoio à manifestação colados nos vidros. 

Aos poucos, a praça Saldanha Marinho foi tomada por milhares de pessoas, de diferentes idades, mesmo com a chuva que não deu trégua um instante sequer. A professora aposentada Tereza Cristina Sturmer, 53 anos, foi à praça com um tecido verde-amarelo e com cartazes nos quais pedia mais saúde, educação, o fim da corrupção e a valorização dos aposentados. “O pessoal vota, escolhe seus representantes, e eles não cumprem o que prometem. Já que vivemos em uma democracia, o povo tem que ir às ruas para protestar”, comentou Teresa Cristina.

A manifestação também levou à praça o padre Francisco Bianchin, 72 anos, da Igreja Nossa Senhora das Dores. “O primeiro resultado disso tudo é mostrar que o Brasil não está morto, que as pessoas têm reivindicações e querem mudanças”, disse ele. 

A novíssima geração também esteve representada por Jonas Luccas Albino, 10 anos, que segurava um cartaz em formato de escudo, feito nesse formato pelo pai Varnei Albino, 41 anos. “É a primeira manifestação dele”, afirma o pai. O cartaz do menino dizia “Quem deveria me proteger é a polícia”, em alusão aos manifestantes que foram agredidos em manifestações pelo país. Já Varnei Albino ostentava uma cartolina que tinha uma mensagem em alusão à tragédia da boate Kiss, que causou a morte de dois amigos dele. “Estou sofrendo com essa impunidade, temos que acabar com isso”, falou o protético. 

O Movimento Santa Maria do Luto à Luta, formado por amigos e familiares das vítimas, também se fez presente. Um de seus integrantes era Flávio José da Silva, pai de Andrielle Righi da Silva, que morreu na tragédia aos 22 anos. Ele chegou à praça Saldanha Marinho com um cartaz em branco. “Este é o resultado da CPI da Kiss (da Câmara de Vereadores de Santa Maria)”, disse. Depois, Silva preencheu o cartaz com a frase “Bem-vindos a Santa Maria, onde a vida dos jovens não tem valor nenhum”.

Por volta das 17h40, os manifestantes saíram caminhando por ruas e avenidas do centro. A todo momento, frases contra o prefeito de Santa Maria, Cezar Schirmer, e o aumento das passagens de ônibus e a favor de licitação para o transporte público eram ditas em coro. Por todo o trajeto da passeata, moradores iam para as sacadas e janelas para aplaudir ou jogar papel picado. Por causa da chuva constante, centenas participaram da caminhada segurando guarda-chuvas. 

Segundo a Brigada Militar, a manifestação teve a participação de 12 mil a 15 mil pessoas. Cento e sessenta policiais atuaram no protesto. O trajeto dos coletivos que circulam pelo centro foi alterado para que eles passassem bem longe do protesto. 

Pela manhã, o comando da Brigada Militar havia combinado um roteiro com líderes da manifestação. Mas o percurso da passeata acabou indo por ruas que não estavam previstas, como a Acampamento. A manifestação terminou por volta das 18h30, no mesmo ponto em que ela começou, na praça Saldanha Marinho.

Alguns incidentes foram registrados durante a passeata. Na rua Professor Braga, uma pedra foi arremessada contra uma viatura da Brigada Militar, que teve o vidro traseiro quebrado. Já no final da manifestação, foram quebrados os vidros de uma imobiliária em frente à Saldanha Marinho, no mesmo prédio que abriga o gabinete do prefeito. Uma pessoa chegou a ser detida e liberada.

Os atos de vandalismo foram atribuídos a um grupo de jovens, alguns com menos de 18 anos, que não estavam ligados a movimento social algum. Eles foram vaiados por outros manifestantes e, em frente à imobiliária que foi alvo de vandalismo, quase foram agredidos. Depois de serem cercados, os jovens fugiram. 

“Não tem como justificar um ato de violência ou vandalismo. São pessoas que simplesmente não querem se juntar a algum movimento social. Espero que essa atitude não estrague um movimento legítimo, onde o grande processo é o ganho de consciência”, opinou Alex Monaiar, um dos coordenadores do Diretório Central de Estudantes (DCE) da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), um dos grupos que encabeçaram a manifestação desta quinta. 

Outra manifestação em Santa Maria está marcada para as 10h deste sábado, com concentração na praça Saldanha Marinho. Mais uma vez, os participantes farão uma passeata por ruas do centro da cidade. 

Protestos contra tarifas mobilizam população e desafiam governos de todo o País

Mobilizados contra o aumento das tarifas de transporte público nas grandes cidades brasileiras, grupos de ativistas organizaram protestos para pedir a redução dos preços e maior qualidade dos serviços públicos prestados à população. Estes atos ganharam corpo e expressão nacional, dilatando-se gradualmente em uma onda de protestos e levando dezenas de milhares de pessoas às ruas com uma agenda de reivindicações ampla e com um significado ainda não plenamente compreendido.

A mobilização começou em Porto Alegre, quando, entre março e abril, milhares de manifestantes agruparam-se em frente à Prefeitura para protestar contra o recente aumento do preço das passagens de ônibus; a mobilização surtiu efeito, e o aumento foi temporariamente revogado. Poucos meses depois, o mesmo movimento se gestou em São Paulo, onde sucessivas mobilizações atraíram milhares às ruas; o maior episódio ocorreu no dia 13 de junho, quando um imenso ato público acabou em violentos confrontos com a polícia.

O grandeza do protesto e a violência dos confrontos expandiu a pauta para todo o País. Foi assim que, no dia 17 de junho, o Brasil viveu o que foi visto como uma das maiores jornadas populares dos últimos 20 anos. Motivados contra os aumentos do preço dos transportes, mas também já inflamados por diversas outras bandeiras, tais como a realização da Copa do Mundo de 2014, a nação viveu uma noite de mobilização e confrontos em São PauloRio de JaneiroCuritibaSalvadorFortalezaPorto Alegre e Brasília.

A onda de protestos mobiliza o debate do País e levanta um amálgama de questionamentos sobre objetivos, rumos, pautas e significados de um movimento popular singular na história brasileira desde a restauração do regime democrático em 1985. A revogação dos aumentos das passagens já é um dos resultados obtidos em São Paulo e outras cidades, mas o movimento não deve parar por aí. “Essas vozes precisam ser ouvidas”, disse a presidente Dilma Rousseff, ela própria e seu governo alvos de críticas.

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Fonte: Especial para Terra
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