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MG: 15 presos em protestos vão responder por formação de milícia

9 set 2013 - 14h13
(atualizado às 16h55)
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Manifestantes foram presos no 7 de Setembro, especialmente os que aderiram ao movimento Black Bloc
Manifestantes foram presos no 7 de Setembro, especialmente os que aderiram ao movimento Black Bloc
Foto: Ney Rubens / Especial para Terra

A Polícia Civil em Belo Horizonte (MG) informou que 15 manifestantes presos no último sábado durante confrontos com a Polícia Militar serão indiciados pelos crimes de formação de quadrilha, corrupção de menores, depredação e constituição e criação de grupos de milícias privadas, este último com penas que variam entre quatro e oito anos de cadeia e é inafiançável. "A maioria pertence a grupos paramilitares", afirmou o delegado Anderson Alcântara.

Segundo a polícia, no total 37 adultos, a maioria integrante do grupo Black Bloc, foram presos durante os confrontos com a PM. Dezessete deles foram detidos ainda na praça da Liberdade, onde começaram os tumultos após um adolescente ter baixado as calças e mostrado as nádegas para o comandante do Batalhão de Eventos, coronel Antônio Carvalho. "Este menor foi detido, identificado e encaminhado para o CIA (Centro Integrado de Atendimento ao Menor Autor de Ato Infracional)", revelou Carvalho. "A intenção deles ali na praça da Liberdade era promover uma quebradeira total", concluiu. Destes 17, nove ainda estão presos.

Os outros 20 manifestantes presos no sábado tentaram resgatar os primeiros detidos que foram levados para o prédio da Área Integrada de Segurança Pública (Aisp). "Quando houve a manobra de aproximação a Polícia Militar agiu e houve o confronto. Temos imagens que mostram a participação de cada um", disse o delegado Hugo e Silva, que estava de plantão no final de semana na delegacia. "Destes 20, seis permanecem presos no que chamamos de prisão pré-cautelar até que as investigações sejam concluídas ou a Justiça determine a soltura deles", completou.

Belo Horizonte: manifestantes ironizam coronel com funk:

Os 15 detidos seriam apresentados pela polícia à imprensa, mas o evento foi cancelado por medida de segurança já que, segundo o delegado Alcântara, um grupo de manifestantes estava na frente do prédio da Região Integrada de Segurança Pública (Risp) onde houve a entrevista, gritando palavras de ordem e exigindo a libertação dos companheiros. Outro grupo estaria na frente do Centro de Remanejamento de Presos (Ceresp) do bairro Gameleira também pedindo a liberdade dos detidos.

Houve um princípio de tumulto entre os manifestantes no prédio da Risp e policiais militares, que fizeram uma linha de isolamento e retiraram o grupo do local, sob protestos e ofensas. Algumas pessoas reclamaram da truculência da Polícia Militar durante as abordagens.

Protestos contra tarifas mobilizam população e desafiam governos de todo o País
Mobilizados contra o aumento das tarifas de transporte público nas grandes cidades brasileiras, grupos de ativistas organizaram protestos para pedir a redução dos preços e maior qualidade dos serviços públicos prestados à população. Estes atos ganharam corpo e expressão nacional, dilatando-se gradualmente em uma onda de protestos e levando dezenas de milhares de pessoas às ruas com uma agenda de reivindicações ampla e com um significado ainda não plenamente compreendido.

A mobilização começou em Porto Alegre, quando, entre março e abril, milhares de manifestantes agruparam-se em frente à Prefeitura para protestar contra o recente aumento do preço das passagens de ônibus. A mobilização surtiu efeito e o aumento foi temporariamente revogado. Poucos meses depois, o mesmo movimento se gestou em São Paulo, onde sucessivas mobilizações atraíram milhares às ruas – o maior episódio ocorreu no dia 13 de junho, quando um imenso ato público acabou em violentos confrontos com a polícia.

A grandeza do protesto e a violência dos confrontos expandiu a pauta para todo o País. Foi assim que, no dia 17 de junho, o Brasil viveu o que foi visto como uma das maiores jornadas populares dos últimos 20 anos. Motivados contra os aumentos do preço dos transportes, mas também já inflamados por diversas outras bandeiras, tais como a realização da Copa do Mundo de 2014, a nação viveu uma noite de mobilização e confrontos em São PauloRio de JaneiroCuritibaSalvadorFortalezaPorto Alegre e Brasília.

A onda de protestos mobiliza o debate do País e levanta um amálgama de questionamentos sobre objetivos, rumos, pautas e significados de um movimento popular singular na história brasileira desde a restauração do regime democrático em 1985. A revogação dos aumentos das passagens já é um dos resultados obtidos em São Paulo e outras cidades, mas o movimento não deve parar por aí. "Essas vozes precisam ser ouvidas", disse a presidente Dilma Rousseff, ela própria e seu governo alvos de críticas.

Fonte: Especial para Terra
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