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Maratona de depoimentos abre julgamento de ativistas no Rio

Grupo de 23 pessoas é acusado de formação de quadrilha na participação em protestos no Rio de Janeiro

17 dez 2014 - 11h53
(atualizado às 11h55)
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Uma verdadeira maratona de depoimentos, com mais de seis horas de duração. Foi assim o primeiro dia do que promete ser um longo processo de julgamento dos 23 manifestantes acusados de formação de quadrilha por participação em "protestos violentos" e "depredações de bens públicos" nos atos realizados em 2013 e 2014 no Rio de Janeiro.

Sentados nos bancos dos réus, jovens ativistas que foram para as ruas e supostamente se envolveram em atos violentos. De outro lado, o Ministério Público, que reuniu indícios de formação de quadrilha.

A primeira etapa do julgamento, realizada nesta terça-feira, ouviu testemunhas de acusação: as delegadas Renata Araújo e Marcela Ortiz, os policiais civis Márcio Benevides e Mike Costa, e o estudante Felipe Braz, uma espécie de dissidente do movimento conhecido como FIP – ou Frente Independente Popular.  

Manifestantes foram presos no 7 de Setembro, especialmente os que aderiram ao movimento Black Bloc
Manifestantes foram presos no 7 de Setembro, especialmente os que aderiram ao movimento Black Bloc
Foto: Ney Rubens / Especial para Terra

Os policias participaram de ações que resultaram em detenções temporárias dos jovens ou integraram o processo de investigação que culminou na formulação da acusação. Por isso foram chamados a depor. A tentativa da acusação foi mostrar que o grupo tinha ações planejadas nas ruas durante os protestos e que os materiais apreendidos na residência de alguns – como coquetéis molotov e bombas de fabricação caseira - teriam alto poder destrutivo.

Já os advogados de defesa tentaram desconstruir a tese de formação de quadrilha, alegando que o grupo tem uma ideologia política e não se uniu para promover atos ilícitos. Um dos advogados mais atuantes durante as mais de seis horas de audiência foi Marino d’Icarahy, pai de um dos acusados, Igor d’Icarahy, que representa outros 12 réus no processo. Ele chegou a bater boca com a delegada Renata Araújo, dizendo que ela “falseou com a verdade” e fez “ilações” ao dar detalhes da suposta acusação contra o grupo de manifestantes.

Segundo o advogado, as escutas telefônicas que resultaram na acusação contra alguns dos jovens foram feitas de forma “seletiva”.

Sininho

As ausências principais no julgamento ficaram por conta da militante Elisa Quadros, a Sininho, uma das líderes dos manifestantes, e Karlayne Moraes, a Moa. As duas são consideradas foragidas, pois tiveram ordem de prisão preventiva decretada no dia 3 de dezembro por terem participado de um protesto, em outubro, contrariando determinação judicial anterior.

Apenas Igor Mendes está preso, alvo do mesmo mandato judicial. Também nesta terça-feira, enquanto acontecia a audiência com a presença dos 21 réus, a 7ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio negou pedido de habeas corpus tanto para Igor quanto para as duas acusadas.

Igor compareceu ao Tribunal de Justiça e entrou na sala de audiências acompanhado de outros dois jovens acusados por formação de quadrilha: Caio Silva e Souza e Fábio Raposo, ambos presos por envolvimento na morte do cinegrafista da Band, Santiago Andrade.

O defensor público Guilherme Celidônio, advogado de Fábio Raposo, questionou o fato de seu cliente estar sendo acusado por quadrilha. “A inclusão do Fábio e do Caio neste processo é uma distorção. Eles só figuram desta acusação por conta da tragédia (a morte de Santiago Andrade)”. Os dois estão presos desde fevereiro deste ano e são acusados no outro processo pela morte do cinegrafista, atingido por um rojão durante um dos protestos, no dia 6 de fevereiro. Eles irão a júri popular.

 A próxima etapa do julgamento será ouvir as testemunhas de defesa dos 23 acusados. A expectativa é de que essa nova fase dure todo o mês de janeiro. 

Fonte: Especial para Terra
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