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Manifestantes fazem protesto pacífico contra a PEC 37 em Belém

22 jun 2013 - 16h54
(atualizado às 16h58)
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<p>Manifestantes protestam contra a PEC 37 e marcham pelas ruas de  Belém</p>
Manifestantes protestam contra a PEC 37 e marcham pelas ruas de Belém
Foto: Filipe Faraon / Especial para Terra

Cerca de duas mil pessoas fizeram uma caminhada pacífica neste sábado contra a Proposta de Emenda Constitucional 37/2011, a chamada PEC 37 - que acaba com o poder de investigação do Ministério Público -, em Belém (PA). Acompanhados de 120 policiais, os manifestantes terminaram o ato na sede do Ministério Público Estadual (MP-PA), que fica em frente à prefeitura,

palco de conflitos no protesto da última quinta-feira.

Protesto contra aumento das passagens toma as ruas do País; veja fotos

Além da ausência de atritos, o protesto deste sábado foi bem diferente dos últimos dois realizados em Belém. Desta vez, a causa era só uma: pressionar contra a aprovação do projeto de lei que limita a ação de investigação do Ministério Público. Também havia menos manifestantes, como já era esperado - segundo a polícia, 13 mil pessoas participaram da manifestação de segunda-feira, e 15 mil na de quinta-feira.

Com base na reunião com os estudantes de direito que organizaram a passeata e na movimentação pelas redes sociais, o coronel Campos, da Polícia Militar, mobilizou bem menos que os 800 policiais que tiveram dificuldade em conter a multidão na tentativa de invasão da prefeitura de Belém, há dois dias. "A gente avaliou com cuidado e viu que não ia precisar do mesmo contigente. O que temos agora é suficiente", disse o coronel.

Assim como as duas últimas passeatas, a caminhada de hoje também foi agendada pelo Facebook. Entre as entidades que aderiram, está a Associação do Ministério Público do Pará (Ampep). "Já fizemos muitas palestras e encontros sobre a PEC 37 para conscientizar todo mundo, e estou achando ótimo que a mobilização de hoje tenha partido não da gente, mas de estudantes", disse o presidente da associação, Samir Dahaes.

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Marcha contra a proposta seguiu pacífica na capital do Pará
Foto: Filipe Faraon / Especial para Terra

A passeata contra a PEC 37 se beneficiou da mudança de consciência provocada pelos dois últimos protestos. É assim que a estudante Narumi Itai avalia, já que os protestos dos quais ela costumava participar nos últimos dois anos mobilizavam muito menos gente. "Olhando para todo mundo, a gente percebe que tem gente que vem mais porque tá na moda, mas nem sabe explicar direito a causa que defente", disse a estudante, que pondera: "mas no geral, é positivo, já que muita gente acabou acordando para temas importantes e vai passar a fazer parte de movimentos sociais".

Uma dessas pessoas é o estudante Gabriel de Alencar. Antes desta semana, ele nunca havia integrado nenhum protesto, mas já planeja engrossar os próximos movimentos. "Percebo que está havendo uma mudança de cultura. Não só eu, mas muita gente vai passar a ter o costume de apoiar coisas assim", afirmou.

Protestos contra tarifas mobilizam população e desafiam governos de todo o País

Mobilizados contra o aumento das tarifas de transporte público nas grandes cidades brasileiras, grupos de ativistas organizaram protestos para pedir a redução dos preços e maior qualidade dos serviços públicos prestados à população. Estes atos ganharam corpo e expressão nacional, dilatando-se gradualmente em uma onda de protestos e levando dezenas de milhares de pessoas às ruas com uma agenda de reivindicações ampla e com um significado ainda não plenamente compreendido.

A mobilização começou em Porto Alegre, quando, entre março e abril, milhares de manifestantes agruparam-se em frente à Prefeitura para protestar contra o recente aumento do preço das passagens de ônibus; a mobilização surtiu efeito, e o aumento foi temporariamente revogado. Poucos meses depois, o mesmo movimento se gestou em São Paulo, onde sucessivas mobilizações atraíram milhares às ruas; o maior episódio ocorreu no dia 13 de junho, quando um imenso ato público acabou em violentos confrontos com a polícia.

O grandeza do protesto e a violência dos confrontos expandiu a pauta para todo o País. Foi assim que, no dia 17 de junho, o Brasil viveu o que foi visto como uma das maiores jornadas populares dos últimos 20 anos. Motivados contra os aumentos do preço dos transportes, mas também já inflamados por diversas outras bandeiras, tais como a realização da Copa do Mundo de 2014, a nação viveu uma noite de mobilização e confrontos em São PauloRio de JaneiroCuritibaSalvadorFortalezaPorto Alegre e Brasília.

A onda de protestos mobiliza o debate do País e levanta um amálgama de questionamentos sobre objetivos, rumos, pautas e significados de um movimento popular singular na história brasileira desde a restauração do regime democrático em 1985. A revogação dos aumentos das passagens já é um dos resultados obtidos em São Paulo e outras cidades, mas o movimento não deve parar por aí. “Essas vozes precisam ser ouvidas”, disse a presidente Dilma Rousseff, ela própria e seu governo alvos de críticas.

Fonte: Especial para Terra
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