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Cidades

Manifestação em Vitória leva 100 mil às ruas, mas termina em destruição

Multidão reuniu grupos distintos e uma ampla gama de reivindicações. Ao final, houve depredação de praça de pedágio

21 jun 2013 - 01h40
(atualizado às 01h45)
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Mais de cem mil pessoas marcharam pelas principais ruas de Vitória, no Espírito Santo
Mais de cem mil pessoas marcharam pelas principais ruas de Vitória, no Espírito Santo
Foto: Acácio Rodrigues / Especial para Terra

Mais de 100 mil pessoas percorreram as principais ruas de Vitória (ES) na noite desta quinta-feira, em mais uma onda de protestos populares. O encontro estava marcado para sair da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) às 18h30. Mas o enorme público que foi até o local da concentração foi às ruas com 30 minutos de antecedência. Eram quilômetros recheados de pessoas com cartazes, apitos, rostos pintados, máscaras, e um grito de união.

Protesto contra aumento das passagens toma as ruas do País; veja fotos

A multidão reunia jovens, estudantes e adultos que decidiram se mobilizar. No Estado, as reivindicações englobam desde a indignação pública a respeito da corrupção e mau uso do dinheiro público até possíveis aprovações de propostas de emenda à constituição. A maioria das repartições públicas e particulares liberaram funcionários antes do final do expediente. Os manifestantes começaram a se reunir por volta das 17h, em frente à Ufes. 

As ruas de acesso estavam dominadas pelos manifestantes, que seguiram pela avenida Nossa Senhora da Penha, uma das principais vias da capital com destino ao Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJ-ES). O clima de paz da última manifestação atraiu famílias para o movimento. Gritos de ordem, faixas e novamente o apoio da população foram marcantes na segunda manifestação capixaba.

Algumas categorias de servidores também aderiram ao movimento. Uma faixa destacava o apoio da Polícia Civil, da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros às manifestações, por valorização profissional e segurança pública de qualidade.

A classe dos professores também se manifestou a favor do movimento. Palavras de impacto dos manifestantes destacavam a desvalorização dos professores em comparação aos altos salários de jogadores brasileiros, como o Neymar.

<a data-cke-saved-href="http://noticias.terra.com.br/infograficos/protesto-tarifa/iframe.htm" href="http://noticias.terra.com.br/infograficos/protesto-tarifa/iframe.htm">veja o infográfico</a>

Pautas

A diversidade de reivindicações impressiona no movimento que tem movido o País. Temas como o fim da privatização dos portos, taxistas pedindo para serem independentes de empresas, PEC 37 (proposta de emenda à constituição que limita os poderes de investigação do Ministério Público), movimento LGBT - contra o presidente da Comissão de Direitos Humanos, Marcos Feliciano -, contra a afiliada da TV Globo no Espírito Santo, a TV Gazeta, entre muitos outros assuntos. Pelé também não foi perdoado, e teve o nome ofendido.

Tumulto

Por volta das 20h, houve princípio de tumulto no TJ-ES, que refletiu próximo à praça do pedágio da Terceira Ponte - que liga Vitória à cidade de Vila Velha. Vândalos, que não participavam da manifestação com o foco do protesto, destruíram os arredores do TJ-ES.

Logo depois, os guichês do pedágio da Terceira Ponte foram saqueados e destruídos. O dinheiro levado pelos criminosos era destinado a uma associação contra o câncer infantil. Nesta sexta-feira, não haverá cobrança de pedágio.

Terceira Ponte cheia

A Terceira Ponte tem mais de 3 quilômetros de extensão. Cerca de 20 mil pessoas circularam durante horas pelo local. Alguns manifestantes de Vila Velha voltaram para casa andando pela ponte. Alguns vândalos atiraram rojões contra a polícia, que estava embaixo da ponte. Os homens da Tropa de Choque da Polícia Militar revidaram, lançando bombas de efeito moral.

<a data-cke-saved-href="http://www.terra.com.br/noticias/infograficos/tarifas-de-onibus/iframe.htm" href="http://www.terra.com.br/noticias/infograficos/tarifas-de-onibus/iframe.htm">veja o infográfico</a>

Protestos contra tarifas mobilizam população e desafiam governos de todo o País

Mobilizados contra o aumento das tarifas de transporte público nas grandes cidades brasileiras, grupos de ativistas organizaram protestos para pedir a redução dos preços e maior qualidade dos serviços públicos prestados à população. Estes atos ganharam corpo e expressão nacional, dilatando-se gradualmente em uma onda de protestos e levando dezenas de milhares de pessoas às ruas com uma agenda de reivindicações ampla e com um significado ainda não plenamente compreendido.

A mobilização começou em Porto Alegre, quando, entre março e abril, milhares de manifestantes agruparam-se em frente à Prefeitura para protestar contra o recente aumento do preço das passagens de ônibus; a mobilização surtiu efeito, e o aumento foi temporariamente revogado. Poucos meses depois, o mesmo movimento se gestou em São Paulo, onde sucessivas mobilizações atraíram milhares às ruas; o maior episódio ocorreu no dia 13 de junho, quando um imenso ato público acabou em violentos confrontos com a polícia.

O grandeza do protesto e a violência dos confrontos expandiu a pauta para todo o País. Foi assim que, no dia 17 de junho, o Brasil viveu o que foi visto como uma das maiores jornadas populares dos últimos 20 anos. Motivados contra os aumentos do preço dos transportes, mas também já inflamados por diversas outras bandeiras, tais como a realização da Copa do Mundo de 2014, a nação viveu uma noite de mobilização e confrontos em São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Salvador, Fortaleza, Porto Alegre e Brasília.

A onda de protestos mobiliza o debate do País e levanta um amálgama de questionamentos sobre objetivos, rumos, pautas e significados de um movimento popular singular na história brasileira desde a restauração do regime democrático em 1985. A revogação dos aumentos das passagens já é um dos resultados obtidos em São Paulo e outras cidades, mas o movimento não deve parar por aí. “Essas vozes precisam ser ouvidas”, disse a presidente Dilma Rousseff, ela própria e seu governo alvos de críticas.

Fonte: Especial para Terra
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