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Manifestação contra revista termina com bombas, correria e depredação

Grupo de cerca de 200 manifestantes ligado ao movimento Black Bloc foi dispersado pela polícia e quebrou vidraças, veículos, além de pichar muros na zona oeste da capital

24 ago 2013 - 01h04
(atualizado às 01h06)
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Os cerca de 200 manifestantes que se reuniram no Largo da Batata, zona oeste da capital paulista, na noite desta sexta-feira, tinha por objetivo protestar contra a revista Veja, da editora Abril. Em panfletos distribuídos aos pedestres, classificaram a publicação como "manipuladora da opinião pública", acusaram a revista de "jogar a população contra os manifestantes" e a mídia em geral de mentir para proteger os políticos. O protesto foi acompanhado de perto pela polícia, que em alguns momentos manteve um efetivo praticamente igual ao número de manifestantes.

<p>A Marginal Pinheiros ficou fechada por mais 20 minutos</p><p> </p>
A Marginal Pinheiros ficou fechada por mais 20 minutos
Foto: Vagner Magalhães / Terra

O grupo que saiu pela avenida Faria Lima, desceu a avenida Eusébio Matoso até alcançar a marginal Pinheiros, sentido rodovia Castelo Branco. Fecharam o trânsito nas pistas local e expressa até alcançar a sede da editora Abril. Contornaram a portaria e na rua Sumidouro queimaram edições da publicação. O que sobrou das revistas foi lançado sobre os portões do prédio. Do lado de dentro, um grande número de seguranças particulares fazia a segurança do imóvel. A maioria dos funcionários da editora foi liberado mais cedo do trabalho, por volta das 16h.

Depois de queimadas as revistas, o grupo retornou para a Marginal Pinheiros, que ficou fechada por mais 20 minutos. Quando as primeiras pedras foram lançadas contra a portaria do prédio, a resposta foi imediata. Policiais militares, que se concentravam no local lançaram pelo menos quatro bombas, de efeito moral e gás lacrimogênio.

<p>Um veículo teve o vidro lateral quebrado e houve a tentativa de incendiá-lo, sem êxito</p>
Um veículo teve o vidro lateral quebrado e houve a tentativa de incendiá-lo, sem êxito
Foto: Vagner Magalhães / Terra

Bastou para que o grupo se dispersasse em disparada pela pista local da marginal. Já na entrada da avenida Frederico Hermman Júnior começou a depredação. A primeira vidraça a ser quebrada foi a de uma loja de decoração, alguns metros adiante, um veículo teve o vidro lateral quebrado e houve a tentativa de incendiá-lo, sem êxito. Policiais usaram extintores antes que o carro pegasse fogo. Em uma casa, a porta de entrada ganhou a pichação de um símbolo anarquista e o portão com a frase "morra burguesia". Sobrou ainda para o para-brisas de pelo menos mais dois carros, vidraças da secretaria estadual de Meio-Ambiente, de um banco e de uma lavanderia.

<p>Eduardo foi detido por portar uma garrafa de álcool</p>
Eduardo foi detido por portar uma garrafa de álcool
Foto: Vagner Magalhães / Terra

Um rapaz, que se identificou como Eduardo, foi detido, acusado de portar uma garrafa de álcool. Em seu favor ele afirmou que a garrafa estava lacrada e que tinha nota fiscal do produto. A polícia o deteve como suspeito de ter tentado incendiar o veículo. Houve bate-boca entre policiais e manifestantes, mas ele foi levado por um carro de polícia até o 14º Distrito Policial. Antes, ele seria levado a exame de corpo de delito, por conta de um ferimento na boca, que ele afirmou ter sido produzido por policiais.

Enquanto isso, na esquina da rua Carlos Rath, um segurança particular contava ter impedido "meia dúzia" de manifestantes de passarem por ali. Sem nenhuma cerimônia, foi direto. "A polícia não pode bater neles, mas eu posso". O segurança prosseguiu. "Se o protesto era contra a revista, não temos nada a ver com isso".

Protestos contra tarifas mobilizam população e desafiam governos de todo o País
Mobilizados contra o aumento das tarifas de transporte público nas grandes cidades brasileiras, grupos de ativistas organizaram protestos para pedir a redução dos preços e maior qualidade dos serviços públicos prestados à população. Estes atos ganharam corpo e expressão nacional, dilatando-se gradualmente em uma onda de protestos e levando dezenas de milhares de pessoas às ruas com uma agenda de reivindicações ampla e com um significado ainda não plenamente compreendido.

A mobilização começou em Porto Alegre, quando, entre março e abril, milhares de manifestantes agruparam-se em frente à Prefeitura para protestar contra o recente aumento do preço das passagens de ônibus; a mobilização surtiu efeito, e o aumento foi temporariamente revogado. Poucos meses depois, o mesmo movimento se gestou em São Paulo, onde sucessivas mobilizações atraíram milhares às ruas; o maior episódio ocorreu no dia 13 de junho, quando um imenso ato público acabou em violentos confrontos com a polícia.

A grandeza do protesto e a violência dos confrontos expandiu a pauta para todo o País. Foi assim que, no dia 17 de junho, o Brasil viveu o que foi visto como uma das maiores jornadas populares dos últimos 20 anos. Motivados contra os aumentos do preço dos transportes, mas também já inflamados por diversas outras bandeiras, tais como a realização da Copa do Mundo de 2014, a nação viveu uma noite de mobilização e confrontos em São PauloRio de JaneiroCuritibaSalvadorFortalezaPorto Alegre e Brasília.

A onda de protestos mobiliza o debate do País e levanta um amálgama de questionamentos sobre objetivos, rumos, pautas e significados de um movimento popular singular na história brasileira desde a restauração do regime democrático em 1985. A revogação dos aumentos das passagens já é um dos resultados obtidos em São Paulo e outras cidades, mas o movimento não deve parar por aí. “Essas vozes precisam ser ouvidas”, disse a presidente Dilma Rousseff, ela própria e seu governo alvos de críticas.

Fonte: Terra
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