Maior do interior de SP, Parada da Diversidade reúne 60 mil em Bauru
Consolidada como o maior eventos do gênero no interior de São Paulo, a 6ª edição da Parada da Diversidade de Bauru reuniu cerca de 60 mil pessoas na tarde deste domingo, segundo estimativa dos organizadores e da Polícia Militar.
A concentração aconteceu na praça da Paz. De lá, a uma multidão de gays, lésbicas, travestis, transexuais e simpatizantes do movimento cantaram, dançaram e coloriram a avenida Nações Unidas até o parque Vitória Régia. Três trios elétricos animaram o público.
A parada encerra a Semana de Combate ao Preconceito e Discriminação, instituída por lei municipal de 2010, que integra o calendário oficial das comemorações do aniversário de Bauru. Este ano, o tema foi "Cidadania: direito de ter direitos". O objetivo é alertar as populações vulneráveis ao preconceito, à discriminação e à violência sobre seus direitos.
Durante a semana da diversidade os organizadores também premiaram as personalidades, empresas e instituições do município que se destacaram no combate ao preconceito com o troféu “Eu faço a Diferença 2013”. Doze pessoas foram homenageadas este ano.
O casal Tchay Ohara e Juliano Martins participa desde a primeira edição. “Estamos aqui para apoiar e para nos divertir também. É uma festa muito bacana”, disse ela. Já Andreia Viola e Daniele Goltem viajaram de Jaboticabal, distante 175 km de Bauru, em uma excursão para conhecer o evento. “Já fomos em várias paradas e gostamos muito daqui. É uma festa para trazer a família”, disse Daniele. A caminhoneira Márcia Beraldo prestigiou o evento na companhia do marido, da sobrinha, da filha e do neto Breno, que era carregado nos ombros pelo avô. “Se ficarmos em casa não estaríamos apoiando, por isso já é segundo ano que a gente vem pra cá”.
Membros da Igreja Inclusiva Monte da Adoração, que não discrimina homossexuais, distribuíam panfletos e convidava os fieis para conhecer a instituição. Já os voluntários do projeto social Talmidim distribuíam abraços “grátis” e sucos para os participantes se refrescarem do calor de 32ºC registrado na tarde deste domingo em Bauru. “Não fazemos distinção. Temos que amar o próximo como ele é”, explica Francine Caversan, voluntária no projeto.
De acordo com Rick Ferreira, presidente interino da Associação Bauru pela Diversidade (ABD) que organiza o evento, embora o Brasil tenha instituído uma série de leis que protegem mulheres, negos, homossexuais, crianças e idosos, outras populações ainda sofrem preconceitos.
“As mulheres continuam sendo escravas de seus maridos dentro de casa e sendo agredidas, as crianças continuam sendo vítimas de trabalho escravo, os negros de racismo, a comunidade LGBT de homofobia. A gente quer alertar essas populações que estão vulneráveis que há um Conselho que pode acolhê-las, tem a Defensoria Pública. Procurem os seus direitos. Falamos para essas populações. Já não falamos mais em parada gay e sim da diversidade porque o preconceito é um só. E isso nos coloca como segundo maior evento do Estado de São Paulo, atrás apenas da capital”, avalia Rick Ferreira.
“Cada um faz sua escolha. Acho besteira quem tem preconceito com homossexuais”, disse a cozinheira Valdirene Oliveira que participou do evento na companhia do filho de 10 anos e do sobrinho de 17, que é homossexual.
Da praça da Paz o grupo percorreu cerca de doi quilômetros até o parque Vitória Régia onde um palco foi montado para a apresentação da cantora Kelly Key encerrando a edição deste ano. Antes dela, drag queens da cidade agitaram o público com apresentações musicais.
“Queremos que as pessoas venham para a parada pela causa e não pelo artista. Por isso escolhemos a Kelly Key que viaja o Brasil realizando shows e defendendo a causa LGBT. Estamos aqui pela cultura da paz, pedindo o fim da discriminação”, avalia o vereador Markinho da Diversidade (PMDB), que é militante da ABD.
Os organizadores estimam ainda que a festa, que teve contrapartida de R$ 30 mil da Prefeitura, tenha movimentado entre R$ 3 a 4 milhões na cidade.