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Madrugada de homenagens marca 2 anos de incêndio no RS

27 jan 2015 - 09h56
(atualizado às 10h42)
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Amigos e familiares das vítimas prestaram homenagem na madrugada desta terça
Amigos e familiares das vítimas prestaram homenagem na madrugada desta terça
Foto: Wagner Machado / Terra

Para lembrar os dois anos da tragédia que tirou a vida de 242 jovens após um incêndio na boate Kiss, em Santa Maria (RS), a Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM) promoveu uma vigília que se estendeu desde o início da noite desta segunda-feira até pouco depois das 2h30 da madrugada de terça, dia 27, dia e hora que, em 2013, o fogo provocado por um sinalizador acendido dentro da casa noturna iniciava uma das maiores tragédias da história do País.

Concentrados na praça Saldanha Marinho, no centro da cidade, onde está instalada a tenda onde ocorrem permanentemente encontros e vigília para lembras os que morreram na tragédia, os familiares e amigos das vítimas assistiram a vídeos que registram o histórico de lutas e lutos do grupo. Depois disso, o grupo acendeu centenas de velas e seguiu em marcha até a frente do local onde funcionava a boate, a poucos metros dali. 

Foram acendidas centenas de velas para lembrar dos mortos naquele janeiro de 2013
Foram acendidas centenas de velas para lembrar dos mortos naquele janeiro de 2013
Foto: Wagner Machado / Terra

Diante da casa noturna, que ainda conserva o letreiro com a palavra KISS, havia um grande coração pintado de branco que fora desenhado no asfalto horas antes por um grupo de artistas e grafiteiros santa-mariense – que também pintou e coloriu a fachada da boate para lembrar os mortos e pedir justiça. Os participantes do ato dispuseram as velas em volta do coração branco. Este foi o momento de maior comoção. Um grupo de atendimento emergencial e psicossocial da secretaria de Saúde do município mais agentes da Cruz Vermelho estava a postos – é previsível que tamanha comoção enseje atendimento aos mais sensíveis – atendeu os participantes que passaram mal por causa da emoção e da dor da perda.

Diante da casa noturna, que ainda conserva o letreiro com a palavra KISS
Diante da casa noturna, que ainda conserva o letreiro com a palavra KISS
Foto: Wagner Machado / Terra
Velas foram colocadas em frente à boate
Velas foram colocadas em frente à boate
Foto: Wagner Machado / Terra
Grupo ficou emocionado ao lembrar da tragédia
Grupo ficou emocionado ao lembrar da tragédia
Foto: Wagner Machado / Terra

Um grupo de música gospel e uma performance artística também homenagearam os mortos. Reunidos em torno do coração desenhado na via, os familiares e amigos das vítimas soltaram ao ar centenas de balões brancos.

Familiares e amigos criaram um coração branco no asfalto
Familiares e amigos criaram um coração branco no asfalto
Foto: Wagner Machado / Terra

Às 2h30, horário da tragédia, iniciou-se em coro e ritmado por batidas de bumbo uma contagem até 242, para representar todos os que morreram no incêndio. A ideia inicial, explica Flávio da Silva, coordenador do movimento Santa Maria do Luto à Luta, era dizer o nome de todas as vítimas, mas se optou apenas pela contagem porque “as pessoas ainda estão muito doídas pela perda”. Após a contagem e um minuto de silêncio, o evento foi finalizado com toques de sirene e pedidos de Justiça e de punição aos responsáveis pela tragédia. “Só assim teremos paz”, disse ao microfone um dos organizadores do evento.

Vítimas foram lembradas na madrugada desta terça, aniversário de 2 anos da tragédia
Vítimas foram lembradas na madrugada desta terça, aniversário de 2 anos da tragédia
Foto: Wagner Machado / Terra

Tragédia em Santa Maria: entenda o incêndio na Boate Kiss Tragédia em Santa Maria: entenda o incêndio na Boate Kiss

Incêndio na Boate Kiss

Na madrugada do dia 27 de janeiro de 2013, um incêndio deixou 242 mortos em Santa Maria (RS). O fogo na Boate Kiss começou por volta das 2h30, quando um integrante da banda que fazia show na festa universitária lançou um artefato pirotécnico, que atingiu a espuma altamente inflamável do teto da boate.

Com apenas uma porta de entrada e saída disponível, os jovens tiveram dificuldade para deixar o local. Muitos foram pisoteados. A maioria dos mortos foi asfixiada pela fumaça tóxica, contendo cianeto, liberada pela queima da espuma.

Os mortos foram velados no Centro Desportivo Municipal, e a prefeitura da cidade decretou luto oficial de 30 dias. A presidente Dilma Rousseff interrompeu uma viagem oficial que fazia ao Chile e foi até a cidade, onde prestou solidariedade aos parentes dos mortos.

Os feridos graves foram divididos em hospitais de Santa Maria e da região metropolitana de Porto Alegre, para onde foram levados com apoio de helicópteros da FAB (Força Aérea Brasileira). O Ministério da Saúde, com apoio dos governos estadual e municipais, criou uma grande operação de atendimento às vítimas.

Quatro pessoas foram presas temporariamente - dois sócios da boate, Elissandro Callegaro Spohr, conhecido como Kiko, e Mauro Hoffmann, e dois integrantes da banda Gurizada Fandangueira, Luciano Augusto Bonilha Leão e Marcelo de Jesus dos Santos. Enquanto a Polícia Civil investiga documentos e alvarás, a prefeitura e o Corpo de Bombeiros divergem sobre a responsabilidade de fiscalização da casa noturna.

A tragédia fez com que várias cidades do País realizassem varreduras em boates contra falhas de segurança, e vários estabelecimentos foram fechados. Mais de 20 municípios do Rio Grande do Sul cancelaram a programação de Carnaval devido ao incêndio.

No dia 25 de fevereiro, foi criada a Associação dos Pais e Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia da Boate Kiss em Santa Maria. A associação foi criada com o objetivo de oferecer amparo psicológico a todas as famílias, lutar por ações de fiscalização e mudança de leis, acompanhar o inquérito policial e não deixar a tragédia cair no esquecimento. 

Fonte: Terra
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