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Justiça decreta prisão preventiva de líderes do Black Bloc detidos no RJ

6 set 2013 - 16h58
(atualizado às 17h05)
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<p>Trio detido em flagrante na quarta-feira será indiciado por formação de quadrilha armada</p>
Trio detido em flagrante na quarta-feira será indiciado por formação de quadrilha armada
Foto: Fernando Frazão / Agência Brasil

A 27ª Vara Criminal de Justiça do Rio de Janeiro decretou na tarde desta sexta-feira a prisão preventiva dos três supostos líderes do grupo Black Bloc detidos na última quarta-feira, em operação da Polícia Civil. Segundo a polícia, o trio é responsável pela administração da página Black Bloc RJ no Facebook.

Os três responderão por formação de quadrilha armada, crime inafiançável. Na quarta-feira, em entrevista coletiva, a chefe da Polícia Civil, delegada Martha Rocha, afirmou que os detidos participaram de atos de vandalismo durante manifestações nos últimos meses. Além do trio, outros dois adolescentes foram apreendidos nas diligências realizadas em Niterói, São Gonçalo, Tribobó e na zona norte do Rio.

"Encontramos nestas diligências um artefato de ação perfurante, com múltiplas pontas, que na linguagem policial, é conhecido como 'jacaré' ou 'ouriço'. Ao ser lançado, este objeto vai de encontro a alguém e, na ponta, existem pregos. Isso pode ferir qualquer pessoa, atingir uma viatura policial", argumentou a chefe da Polícia Civil, que explicou ainda porque a Polícia Civil vai indiciá-los por quadrilha armada.

"Quando analisamos a página, percebemos que há um comando para que cada um faça dez instrumentos desse. A Polícia Civil sustenta que essas pessoas têm identidade de designo para incitar a violência. Uma das pessoas conduzidas fazia convocação (para as manifestações) de 7 de Setembro", completou Martha Rocha. Os menores apreendidos responderão pelos atos análogos aos maiores de idade. Todos também serão indiciados por incitação a violência.

Ainda de acordo com a Polícia Civil, na casa dos administradores da página do grupo, famoso por cobrir os rostos nas manifestações que eclodiram pelo País desde junho e enfrentar as forças de segurança, foram encontradas ainda uma faca, máscaras de gás e outros elementos para cobrir a identidade nos atos. Computadores foram apreendidos e, no equipamento pertencente a um dos suspeitos, foi encontrado material de pedofilia. Ele será o único indiciado também por este crime.

Desde o início de julho, a Polícia Civil investiga a fundo a atuação dos Black Blocs. Após as primeiras prisões, de fato, via investigações, uma vez que alguns manifestantes já haviam sido presos após os manifestos de rua, a linha de investigação, segundo Martha Rocha, será de buscar agora as ramificações do grupo.

"Ao serem ouvidos, eles admitiram que não só participavam das manifestações, como coordenavam essa página. Se eles aderem a essa conduta de convocar as pessoas para criarem um artefato perfurante, não há dúvida que eles pertencem a uma quadrilha", complementou.

As investigações apontaram ainda para perfis de classe média dos suspeitos presos na operação. "Essa presença de vandalismo desqualifica a ação legítima de manifestante. Ninguém pode convocar para que as outras pessoas façam esses instrumentos (perfurantes)", concluiu a chefe da Polícia Civil do Rio.

Protestos contra tarifas mobilizam população e desafiam governos de todo o País
Mobilizados contra o aumento das tarifas de transporte público nas grandes cidades brasileiras, grupos de ativistas organizaram protestos para pedir a redução dos preços e maior qualidade dos serviços públicos prestados à população. Estes atos ganharam corpo e expressão nacional, dilatando-se gradualmente em uma onda de protestos e levando dezenas de milhares de pessoas às ruas com uma agenda de reivindicações ampla e com um significado ainda não plenamente compreendido.

A mobilização começou em Porto Alegre, quando, entre março e abril, milhares de manifestantes agruparam-se em frente à Prefeitura para protestar contra o recente aumento do preço das passagens de ônibus; a mobilização surtiu efeito, e o aumento foi temporariamente revogado. Poucos meses depois, o mesmo movimento se gestou em São Paulo, onde sucessivas mobilizações atraíram milhares às ruas; o maior episódio ocorreu no dia 13 de junho, quando um imenso ato público acabou em violentos confrontos com a polícia.

A grandeza do protesto e a violência dos confrontos expandiu a pauta para todo o País. Foi assim que, no dia 17 de junho, o Brasil viveu o que foi visto como uma das maiores jornadas populares dos últimos 20 anos. Motivados contra os aumentos do preço dos transportes, mas também já inflamados por diversas outras bandeiras, tais como a realização da Copa do Mundo de 2014, a nação viveu uma noite de mobilização e confrontos em São PauloRio de JaneiroCuritibaSalvadorFortalezaPorto Alegre e Brasília.

A onda de protestos mobiliza o debate do País e levanta um amálgama de questionamentos sobre objetivos, rumos, pautas e significados de um movimento popular singular na história brasileira desde a restauração do regime democrático em 1985. A revogação dos aumentos das passagens já é um dos resultados obtidos em São Paulo e outras cidades, mas o movimento não deve parar por aí. “Essas vozes precisam ser ouvidas”, disse a presidente Dilma Rousseff, ela própria e seu governo alvos de críticas.

Fonte: Terra
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