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Jovem morto em protestos era 'sossegado', diz empresa de SP

Marcos Delefrate trabalhava como mecânico há cerca de 1 ano na Scania, em Ribeirão Preto

21 jun 2013 - 10h04
(atualizado às 14h48)
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A vítima é velada nesta sexta-feira em Ribeirão Preto, onde será enterrado seu corpo
A vítima é velada nesta sexta-feira em Ribeirão Preto, onde será enterrado seu corpo
Foto: Alfredo Risk / Futura Press

O mecânico de manutenção de máquinas agrícolas e veículos pesados Marcos Delefrate, 18 anos - primeira vítima dos protestos que vêm sacudindo o País nos últimos dias -, era um menino "sossegado e tímido", segundo os colegas que conviveram com ele na empresa Scania, em Ribeirão Preto (SP).

Delefrate morreu atropelado quando uma caminhonete avançou e atingiu 12 pessoas durante a manifestação da noite de quinta-feira na cidade, que mobilizou 20 mil pessoas. Ele chegou a ser socorrido pelo Samu, mas não resistiu.

Protesto contra aumento das passagens toma as ruas do País; veja fotos

"Morreu como herói, nas ruas, lutando por um país melhor. Eu conversava com ele, fazia um curso de automação e seu sonho era cursar engenharia mecânica. Me disse também que assim que tirasse sua carteira de habilitação, iria vir pro Mato Grosso conhecer os Delefrates do interior. Fique em paz Markin, e a família, meus sentimentos", afirmou o primo dele, Juliano Dellefrate.

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Delefrate morreu atropelado quando uma caminhonete avançou e atingiu 12 pessoas durante manifestação
Delefrate morreu atropelado quando uma caminhonete avançou e atingiu 12 pessoas durante manifestação
Foto: Reprodução

Além de Marcos, mais duas vítimas estavam internadas em estado grave na manhã de hoje em Ribeirão Preto. De acordo com testemunhas, o carro, conduzido pelo empresário Alexsandro Ishisato de Azevedo, 37 anos, tentou furar o bloqueio montado por manifestantes e acelerou contra diversas pessoas. Ele fugiu sem prestar socorro, está foragido e seu veículo foi levado para a Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de Araraquara.

Num um vídeo postado nas redes sociais, a Land Rover do empresário é mostrada cercada por ativistas, que gritavam "sem violência" e pediam para ele retornar. O motorista deu marcha-ré, mas avançou contra os manifestantes, que revidaram com socos no veículo. Ele acelerou novamente e atropelou os manifestantes. As testemunhas conseguiram registrar a placa do veículo. O enterro de Marcos Delefrate ocorrerá nesta tarde em Ribeirão Preto.

Protestos contra tarifas mobilizam população e desafiam governos de todo o País

Mobilizados contra o aumento das tarifas de transporte público nas grandes cidades brasileiras, grupos de ativistas organizaram protestos para pedir a redução dos preços e maior qualidade dos serviços públicos prestados à população. Estes atos ganharam corpo e expressão nacional, dilatando-se gradualmente em uma onda de protestos e levando dezenas de milhares de pessoas às ruas com uma agenda de reivindicações ampla e com um significado ainda não plenamente compreendido.

A mobilização começou em Porto Alegre, quando, entre março e abril, milhares de manifestantes agruparam-se em frente à Prefeitura para protestar contra o recente aumento do preço das passagens de ônibus; a mobilização surtiu efeito, e o aumento foi temporariamente revogado. Poucos meses depois, o mesmo movimento se gestou em São Paulo, onde sucessivas mobilizações atraíram milhares às ruas; o maior episódio ocorreu no dia 13 de junho, quando um imenso ato público acabou em violentos confrontos com a polícia.

O grandeza do protesto e a violência dos confrontos expandiu a pauta para todo o País. Foi assim que, no dia 17 de junho, o Brasil viveu o que foi visto como uma das maiores jornadas populares dos últimos 20 anos. Motivados contra os aumentos do preço dos transportes, mas também já inflamados por diversas outras bandeiras, tais como a realização da Copa do Mundo de 2014, a nação viveu uma noite de mobilização e confrontos em São PauloRio de JaneiroCuritibaSalvadorFortalezaPorto Alegre e Brasília.

A onda de protestos mobiliza o debate do País e levanta um amálgama de questionamentos sobre objetivos, rumos, pautas e significados de um movimento popular singular na história brasileira desde a restauração do regime democrático em 1985. A revogação dos aumentos das passagens já é um dos resultados obtidos em São Paulo e outras cidades, mas o movimento não deve parar por aí. “Essas vozes precisam ser ouvidas”, disse a presidente Dilma Rousseff, ela própria e seu governo alvos de críticas.

Fonte: Terra
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