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Inea: chuvas com tal intensidade no Rio ocorrem a cada 350 anos

19 jan 2011 - 20h44
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A presidente do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), Marilene Ramos, afirmou nesta quarta-feira, em entrevista coletiva no Centro de Controle Operacional do instituto, que a chuva na região serrana do Rio foi totalmente atípica. Os dados das estações pluviométricas instaladas em Nova Friburgo indicam que chuvas com tal intensidade têm probabilidade de acontecer a cada 350 anos, o que contraria os dados fornecidos pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) à imprensa.

Marilene disse que os dados do Inmet relativos a Teresópolis, que indicaram precipitação de 124,6 mm em um período de 24 horas (a partir do dia 11), foram baseados na estação localizada em uma área da cidade distante do núcleo de maior intensidade de chuva. Em Friburgo, o Inmet registrou 182,8 mm, o que está mais próximo dos dados coletados pelas estações do Inea localizadas nas áreas de maior precipitação.

"Se avaliarmos o volume de precipitação no período de 24 horas a partir das 20h do dia 11, nossas estações situadas no núcleo da chuva, apontam 249 e 297 mm. Não temos condições de afirmar que foram as mais fortes chuvas já registradas na serra. Mas, com certeza, pelas características dos deslizamentos e escorregamentos verificados, podemos afirmar que estes níveis de precipitação são os que foram verificados nas regiões atingidas de Teresópolis, Nova Friburgo e o Vale do Cuiabá, em Petrópolis", disse Marilene.

A presidente do Inea afirmou que o sistema de alerta de Nova Friburgo é composto por cinco estações pluviométricas e hidrológicas (que apontam o nível dos rios). A sexta estação foi perdida durante a tempestade. O sistema dispara mensagens SMS de celular, em três níveis: atenção, alerta e alerta máximo. O primeiro alerta, no dia 11, foi expedido às 18h30, ainda em nível de atenção, e o alerta máximo foi divulgado por volta de 0h45 do dia 12. Os alertas foram recebidos pela Defesa Civil de Nova Friburgo que, por sua vez, acionou o Plano Verão do município.

De acordo com a presidente do Inea, o sistema de alerta foi implantado a partir de 2008 e abrange também Macaé e a Baixada Fluminense, com previsão de extensão para Petrópolis e Teresópolis. Atualmente, o sistema opera com base em dados de satélite fornecidos pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e, segundo Marilene, ganhará em eficiência com a entrada em funcionamento dos dois radares meteorológicos que serão adquiridos, com recursos do Banco Mundial, ainda no primeiro semestre. A previsão é que os aparelhos, que custarão US$ 5 milhões, já estejam em funcionamento no próximo verão.

Marilene também disse que as informações transmitidas sobre mapeamento de áreas de risco não retratam a realidade. Segundo ela, os mapeamentos atuais são insuficientes em detalhamento para orientar a ação do estado. Ela exemplificou com o caso de Teresópolis, em que as áreas devastadas pela chuva e nas quais ocorreram dezenas de mortes não estavam incluídas entre as de maior risco no município.

"Os mapeamentos existentes são baseados no maior potencial de ocorrências de vítimas em caso de deslizamentos. No caso de Teresópolis, a área de maior risco seria o centro da cidade, de onde a prefeitura realmente retirou 200 famílias. Um mapeamento mais preciso, que atenda às nossas necessidades, ainda está para ser elaborado", disse.

Quanto às mudanças de curso dos rios, a presidente do Inea afirmou que, diante de um assoreamento de 3 m, os vales atingidos pela enxurrada em Teresópolis, Nova Friburgo e o Vale do Cuiabá, em Petrópolis tiveram uma mudança significativa de conformação. Diante do volume de terra, a avaliação técnica é a de que não será viável o desassoreamento de muitas áreas, o que efetivamente resultará na mudança do curso de rios da região.

Minc
A coletiva contou no final com a participação do secretário estadual do Ambiente, Carlos Minc, que destacou os contatos feitos com o Ministério da Integração Nacional para dotar os municípios de Planos de Contingência e de Emergência que incluam exercícios para a população. Segundo Minc, a Defesa Civil dos municípios, de maneira geral, prioriza e realiza com mais eficiência as ações de salvamento, mas precisam ser capacitados para a prevenção e planejamento das ações de emergência.

Chuvas na região serrana

As fortes chuvas que atingiram os municípios da região serrana do Rio nos dias 11 e 12 de janeiro provocaram enchentes e inúmeros deslizamentos de terra. As cidades mais atingidas são Teresópolis, Nova Friburgo, Petrópolis, Sumidouro e São José do Vale do Rio Preto. De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), choveu cerca de 300 mm em 24 horas na região.

Veja a Praça do Suspiro, em Nova Friburgo, antes e depois da chuva

Veja onde foram registradas as mortes

Chuvas se repetiriam a cada 350 anos
Chuvas se repetiriam a cada 350 anos
Foto: Antonio Lacerda / EFE
Fonte: Redação Terra
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