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Índios dizem que vão "resistir com a vida" no Rio de Janeiro

12 jan 2013 - 17h17
(atualizado às 19h23)
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Os índios que ocupam o prédio do antigo Museu do Índio prometem fazer uma resistência pacífica a qualquer tentativa de remoção. "Eles (a polícia) estão cheios de armas, cães e carros, mas não vamos entrar nisso. Vamos discutir apenas com o que temos, a nossa vida", disse o cacique Carlos Tucano, líder dos índios. O governo do Estado pretende demolir o museu para aumentar a área de estacionamento e melhorar o acesso ao Estádio do Maracanã.

Um grupo de indígenas se instalou no antigo Museu do Índio, prédio vizinho ao Maracanã, para resistir à demolição do edifício
Um grupo de indígenas se instalou no antigo Museu do Índio, prédio vizinho ao Maracanã, para resistir à demolição do edifício
Foto: Mauro Pimentel / Terra

Às 18h, a polícia desfez os cerco - que durava mais de 12 horas - aos indígenas. Segundo o tenente Melo, que comandou a ação, era esperado um mandado judicial para remover cerca de 60 índios que ocupam o local há vários meses. Conforme o defensor público da União Daniel Macedo, se a decisão judicial chegar depois das 18h, o batalhão nada poderá fazer até segunda-feira. "Pelo código penal, existe o entendimento de que não se pode cumprir um mandado depois deste horário", afirmou. O tenente Melo confirmou a informação.

Uma comissão liderada pelo deputado estadual Marcelo Freixo (Psol) tentou demover os policiais de manter o cerco. "Se o juiz não emitiu uma decisão até às 17h, por que emitiria até as 18h? Não faz nenhum sentido fazer este cerco se não há uma decisão judicial", emendou o deputado Freixo. "O governo estadual está passando uma grande vergonha. Já passou uma vez quando disse que a demolição era exigência da Fifa e a própria entidade desmentiu. Agora porque está mantendo um batalhão aqui sem função nenhuma."

"A gente passou o dia inteiro aqui sem necessidade. Não tem explicação. Se não havia uma ordem judicial para desocupar a área, não tinha porque armar este cerco todo", disse o deputado.

A espera de um mandado fica assim para a segunda-feira. O governo estadual, dono da área, passa por cima de uma resolução do conselho de tombamento do município, segundo a Defensória Pública da União. "Para se destruir um prédio construído antes de 1938, é preciso haver autorização do tombamento, e ele não autorizou", disse Macedo.

O governo estadual não enviou nenhum representante para o local além do Batalhão de Choque, mas, no início da noite, emitiu comunicado sobre a previsão de demolição do prédio:

"A demolição do prédio do ex- Museu do Índio integra o projeto de modernização do complexo  do Maracanã, sendo parte importante na questão da mobilidade. Representantes do Governo do Estado (EMOP e Secretaria de Estado de Assistência Social e Direitos Humanos) estiveram hoje, 12/01, no local, para atualizar os contatos com as pessoas que estão no prédio de forma que, durante a semana, seja finalizado o cadastro social e haja remoção das pessoas e, logo que possível, a demolição do prédio."

Fonte: Terra
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