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Incêndio destrói parte do Mercado Público de Porto Alegre

Prédio histórico foi atingido na noite de sábado e teve parte da estrutura comprometida, segundo a prefeitura

6 jul 2013 - 21h01
(atualizado em 6/12/2013 às 17h31)
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Um incêndio de grandes proporções atingiu um dos principais prédios de Porto Alegre (RS) e símbolo da cultura gaúcha, o Mercado Público, localizado na região central, ao lado da prefeitura. As chamas começaram às 20h34, segundo o Corpo de Bombeiros. Logo depois, o prefeito José Fortunati (PDT) chegou ao local e confirmou que "dois dos quatro quadrantes foram consumidos". Ninguém ficou ferido e as causas ainda são desconhecidas.

"Não temos vítimas, isso tranquiliza do ponto de vista humano. Mas é um patrimônio histórico, cultural e turístico da cidade, dá uma dor no coração. Não imaginei assitir a um espetáculo tão triste", lamentou Fortunati. "Vamos apurar depois (as causas), o mais importante é apagar as chamas", completou o prefeito. Próximo a ele, um grupo de mais de 100 pessoas protestava e gritava palavras de ordem contra o Poder Público.

O fogo teria começado no andar superior do prédio e se alastrado rapidamente para o segundo andar. Em poucos minutos, o histórico edifício parecia totalmente condenado, tamanha era a força das labaredas. Em frente ao Mercado Público, as pessoas estavam perplexas e revoltadas com a ação do Corpo de Bombeiros. Desolados, lojistas assistiam o fogo consumindo seus patrimônios e aguardavam notícias das autoridades.

Informações iniciais davam conta que dois dos quatro quadrantes do Mercado foram atingidas
Informações iniciais davam conta que dois dos quatro quadrantes do Mercado foram atingidas
Foto: Felipe Schroeder Franke / Terra

Carlos Munhoz, 62 anos, presenciou o começo do incêndio e criticou a ação dos oficiais. "Houve muita demora para o desligamento da energia elétrica. No hidrante em frente ao terminal Parobé, os bombeiros tiveram que usar marreta para liberar a água", disse ele.

Outro morador da capital que presenciou o início das chamas, Rudimar Brites, 51 anos, relatou que estava em uma lanchonete em frente ao mercado: "Vi quando os bombeiros chegaram, mas eles tiveram muita dificuldade, o hidrante não funcionava. Soltou jatos e parou. Faltou preparo e pessoal". 

Questionados pelo Terra, servidores do Corpo de Bombeiros confirmaram que só contavam com uma escada mecânica para controlar o incêndio. A escada magirus chegou ao local somente por volta das 22h.

A proprietária de uma das lojas do Mercado Público, conhecida como Banca da Ione, passou mal e precisou ser socorrida por uma equipe de resgate. Um de seus fornecedores, que distribui mercadorias no prédio desde 1980, não se conformava com a "ineficiência".

"Estou muito triste porque o Mercado Público faz parte da vida da gente. Ao mesmo tempo, estou revoltado com a ineficiência dos bombeiros. Quando chegamos aqui havia apenas um carro, se fosse num prédio longe até entenderíamos, mas no centro da cidade?", questionou Sérgio Sauer.

Após as críticas, o prefeito reconheceu que o efetivo dos Bombeiros não era suficiente para um incêndio dessa proporção, mas negou que os hidrantes apresentaram problemas. "Acho que infelizmente ainda se tem uma estrutura pequena para combater grandes incêndios, porém, os hidrantes estão funcionando", justificou.

Comando dos Bombeiros nega falta de efetivo

O comandante-geral da Brigada Militar, coronel Fábio Fernandes, negou a afirmação de Fortunati de que havia lacuna de efetivo para controlar as chamas, embora não soubesse afirmar quantas viaturas foram deslocadas para o Centro. Fernandes também garantiu que não houve problema de estrutura. "Não faltou água e não faltou equipamentos. Todos os hidrantes estão funcionando", salientou.

"Atacamos inicialmente a parte lateral, onde se estabeleceu o início do incêndio, e depois fomos com a escada mecânica em direção ao fundo. Essa foi estratégia que adotamos. Nós tivemos todas as guarnições (de Porto Alegre) acionadas, inclusive da região metropolitana", afirmou.

O secretário estadual da Segurança, Airton Michels, também defendeu a atuação das equipes de resgate. "Não houve falta de efetivo. Empregamos 20 caminhões para evitar que o fogo se alastrasse ainda mais e evitamos. As chamas se propagaram pela consistência do material da estrutura e engenharia que configuram o prédio", argumentou.

"Não há qualquer indicativo de incêndio provocado e criminoso. Três quartos estariam preservados, a restauração é plenamente possível. Logo a população terá o Mercado novamente", acredita Michels. De acordo com o secretário, 30% das lojas teriam sido afetadas.

Na parte final do trabalho de combate ao fogo, o coordenador da Defesa Civil municipal, Hélio Oliveira, pediu para todas as pessoas que estavam próximas se afastarem porque havia riscos de intoxicação devido à forte fumaça. Ele informou que o rescaldo do incêndio será feito a partir da manhã de domingo, quando a prefeitura deve falar sobre os estragos e fornecer números oficiais. "Não entrei dentro do prédio, mas a parte de cima ficou abalada", lamentou.

Mercado Público

Um dos principais cartões postais de Porto Alegre, o Mercado Público já registrou outros três incêndios em seus 140 anos de história: em 1912, 1972 e 1979, este último no ano em que foi tombado como Patrimônio Histórico e Cultural do Município. Na década de 1990 o prédio passou por uma restauração em toda a estrutura, que durou sete anos.

Vejas vídeo do incêndio no Mercado Público de Porto Alegre

Incêndio atinge prédio histórico no centro de Porto Alegre:

Fonte: Terra
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