SP: incêndio consome casas de cerca de 300 famílias em Paraisópolis
Um incêndio atingiu a comunidade de Paraisópolis, na zona sul de São Paulo, na madrugada desta terça-feira. Segundo informações da Defesa Civil, o fogo começou por volta das 4h e atingiu casas de cerca de 300 famílias, em um quarteirão no interior da comunidade.
Pelo menos 24 viaturas dos bombeiros foram encaminhadas ao local e, pelos cálculos da corporação, 100 casas foram atingidas pelas chamas. Por volta das 6h, o fogo havia sido controlado. Ninguém ficou ferido.
Homens da Defesa Civil atuam no local para avaliar a situação do terreno atingido. Famílias desabrigadas deverão ser cadastradas por agentes municipais em programas de habitação.
O major do Corpo de Bombeiros Roberto Lago informou que o trabalho de buscas por possíveis desaparecidos continua. "Precisa de muita cautela. Ninguém informou dar falta de alguém, mas a gente sempre faz uma busca minuciosa", disse ele.
Segundo Lago, houve dificuldade no início do combate ao incêndio. "A inclinação do terreno é muito desfavorável, o acesso aqui é muito difícil, porque tem muito lixo na rua, muito carro abandonado. Os nossos caminhões são grandes e para passar com eles aqui não foi fácil", disse. O major informou também que ainda é difícil determinar a causa do fogo.
É comum a ocorrência de incêndios na comunidade de Paraisópolis, uma das maiores da capital. Na última sexta-feira, um incêndio de pequenas proporções já havia atingido um barraco na favela, também sem deixar feridos. Em dezembro do ano passado, uma ocorrência semelhante deixou pelo menos 50 pessoas desabrigadas.
Boa parte dos imóveis da favela é de alvenaria, mas,em alguns pontos, as casas ainda são feitas com madeira, o que potencializa as chances do início de um incêndio.
Desabrigados
As famílias que perderam suas casas no incêndio formam filas, mesmo sob forte chuva, para fazer o cadastramento no posto que a Secretaria de Assistência Social montou para atender os desabrigados. De acordo com o coronel José Koki Kato, da Defesa Civil, inicialmente as pessoas poderão ficar num abrigo próximo à comunidade.
O balanço atualizado da Defesa Civil estima que 280 famílias podem ter ficado desabrigadas e o número de casas atingidas chega a 175, numa área de 2 mil metros quadrados. Em Paraisópolis, a maioria das casas é construída em dois ou três andares.
O incêndio começou por volta das 4h, quando a maioria dos moradores dormia. Ednaldo Lopes da Silva, 39 anos, pedreiro, está entre os desabrigados. Pai de cinco filhos, ele conta que não conseguiu salvar nem os seus documentos. "Acordei com a quentura e os estalos, começou a pipocar. Foi uma correria danada com as crianças", contou.
Outra moradora que acordou assustada foi Daiane Bezerra Cavalcante, 17 anos, dona de casa. Ela tem um filho de 1 ano e 6 meses e morava há um ano e meio na comunidade com o marido. A casa de Daiane era um barraco de madeira e ela contou que pagava R$ 150 de aluguel. "A gente estava dormindo. A gente acordou com muita gritaria. Quando saímos estava pegando fogo. Só deu tempo de a gente correr, porque o fogo já estava muito avançado". Daiane conseguiu salvar os documentos e uma televisão.
Lucas da Silva Domingues, 19 anos, desempregado, morava com a esposa e a filha de 1 ano e 9 meses. Ele foi acordado pela vizinha. "Nós acordamos assustados, já tirando as coisas de dentro da casa, pegamos roupas e móveis. Foi a maior adrenalina. Subi para quebrar os canos para a água cair, mas não adiantou nada', disse ele.
O ajudante Pedro Raimundo de Campos Junior, 24 anos, também acordou com a gritaria. "Estava dormindo e a vizinhança começou a gritar, falou que estava pegando fogo, que era para a gente sair. Quando abrimos a porta já estava tudo pegando fogo, e fomos tirar o que deu: algumas roupas. O resto perdemos. Perdemos geladeira, fogão, micro-ondas, queimou tudo", disse.
Com informações da Agência Brasil