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Polícia

Imagens identificam autores de vandalismo na Câmara de Campinas

Grupo invadiu prédio e destruiu cadeiras, mesas e microfones dos parlamentares, arrancando equipamentos de eletricidade e pichando paredes

16 ago 2013 - 15h53
(atualizado às 16h12)
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<p>Os manifestantes exigiam a abertura de uma CPI para apurar as formas de cálculo da passagem de ônibus, pedir passe livre e a saída do secretário de Transportes da cidade</p>
Os manifestantes exigiam a abertura de uma CPI para apurar as formas de cálculo da passagem de ônibus, pedir passe livre e a saída do secretário de Transportes da cidade
Foto: Rose Mary de Souza / Especial para Terra

Por meio de imagens de emissoras de TV e câmeras de segurança, a Polícia Civil de Campinas (SP) começou a identificar e qualificar as 138 pessoas que invadiram e vandalizaram o prédio da Câmara de Vereadores da cidade, interrompendo a sessão da noite de 7 de agosto. Os manifestantes exigiam a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar as formas de cálculo da passagem de ônibus, pedir passe livre e a saída do secretário de Transportes da cidade.

O grupo invadiu o plenário e destruiu cadeiras, mesas e microfones dos parlamentares, arrancarando equipamentos de eletricidade, picharando paredes e a tribuna do parlatório. O tumulto começou por volta das 18h e terminou somente na madrugada, com a chegada da Tropa de Choque da Policia Militar, que deteve os acusados. Dois ônibus levaram o grupo para o plantão do 4º Distrito Policial.

"Eles serão qualificados por danos ao patrimônio e resistência à prisão. Se condenados pelos dois crimes, eles podem pegar até cinco anos de prisão", disse nesta sexta-feira o delegado Hamilton Caviola Filho, titular da 5º Distrito Policial, onde o caso será investigado. De acordo com ele, há um farto material mostrando as ações de vandalismo dos manifestantes. "Pelos meus 32 anos de polícia é quase certo que houve consumo de maconha, mas isso não está comprovado, pois não houve apreensão de drogas", explicou. 

Seis horas de imagens   

Caviola Filho disse que das 138 pessoas detidas, 108 são maiores e 30, adolescentes. "Temos mais de seis horas de filmagens. Como temos os seus nomes e endereços, vamos chamá-los para depor. Com a sequência das cenas gravadas, vamos identificar pessoas que estavam de capuz e outras que em algum momento descobriam seus rostos", disse ele.

"Há pessoas que se portam como líderes, dando ordens aos outros e fazendo o quebra-quebra, como por exemplo uma moça que risca a madeira das mesas, um rapaz que arranca uma fiação e outro que jogou cadeiras e mesas em frente à porta para impedir o acesso dos policiais", relatou o delegado.

O delegado disse que mesmo que alguns membros do grupo só tenham gritado palavras de ordem, "todos cometem algum crime. Eles desrespeitaram a ordem para evacuar o prédio. Temos gravados os momentos de negociação e intermediação da Policia Militar e do presidente da Câmara, Campos Filho (DEM), que foram desobedecidos", ressaltou.

Protestos contra tarifas mobilizam população e desafiam governos de todo o País
Mobilizados contra o aumento das tarifas de transporte público nas grandes cidades brasileiras, grupos de ativistas organizaram protestos para pedir a redução dos preços e maior qualidade dos serviços públicos prestados à população. Estes atos ganharam corpo e expressão nacional, dilatando-se gradualmente em uma onda de protestos e levando dezenas de milhares de pessoas às ruas com uma agenda de reivindicações ampla e com um significado ainda não plenamente compreendido.

A mobilização começou em Porto Alegre, quando, entre março e abril, milhares de manifestantes agruparam-se em frente à Prefeitura para protestar contra o recente aumento do preço das passagens de ônibus; a mobilização surtiu efeito, e o aumento foi temporariamente revogado. Poucos meses depois, o mesmo movimento se gestou em São Paulo, onde sucessivas mobilizações atraíram milhares às ruas; o maior episódio ocorreu no dia 13 de junho, quando um imenso ato público acabou em violentos confrontos com a polícia.

A grandeza do protesto e a violência dos confrontos expandiu a pauta para todo o País. Foi assim que, no dia 17 de junho, o Brasil viveu o que foi visto como uma das maiores jornadas populares dos últimos 20 anos. Motivados contra os aumentos do preço dos transportes, mas também já inflamados por diversas outras bandeiras, tais como a realização da Copa do Mundo de 2014, a nação viveu uma noite de mobilização e confrontos em São PauloRio de JaneiroCuritibaSalvadorFortalezaPorto Alegre e Brasília.

A onda de protestos mobiliza o debate do País e levanta um amálgama de questionamentos sobre objetivos, rumos, pautas e significados de um movimento popular singular na história brasileira desde a restauração do regime democrático em 1985. A revogação dos aumentos das passagens já é um dos resultados obtidos em São Paulo e outras cidades, mas o movimento não deve parar por aí. “Essas vozes precisam ser ouvidas”, disse a presidente Dilma Rousseff, ela própria e seu governo alvos de críticas.

Fonte: Especial para Terra
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