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Grupo bloqueia avenida em protesto por passe livre em Porto Alegre

29 ago 2013 - 19h50
(atualizado às 21h35)
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Policiais foram hostilizados ao impedir avanço de manifestantes na avenida Ipiranga
Policiais foram hostilizados ao impedir avanço de manifestantes na avenida Ipiranga
Foto: Daniel Favero / Terra

Um grupo de 50 manifestantes ligados ao Bloco de Lutas bloqueou totalmente uma das pistas da avenida Ipiranga, na zona leste de Porto Alegre (RS), no início da noite desta quinta-feira. As quatro faixas da pista sentido centro-bairro foram ocupadas por volta das 19h40, em frente ao campus da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), em um protesto para pressionar as autoridades gaúchas pela instituição do passe livre no transporte público.

O "trancaço", como o protesto é chamado pelos manifestantes, estava inicialmente agendado para as 17h, mas o grupo só iniciou a movimentação por volta das 19h20.

Em um primeiro momento, a Tropa de Choque da Brigada Militar (a Polícia Militar gaúcha) impediu o avanço dos manifestantes e o bloqueio total da avenida, garantindo a circulação de veículos em ao menos uma das faixas. Em resposta, os policiais foram hostilizados pelos manifestantes, que gritam palavras de ordem contra a ação da Brigada Militar e pedindo o passe livre na capital gaúcha.

A polícia chegou a reagir usando gás de pimenta contra os manifestantes. Por volta das 21h, a avenida foi desbloqueada. Em seguida, os manifestantes tentaram embarcar  em grupo nos ônibus que seguiam para o centro, mas não conseguiram. Um deles se jogou na frente de um coletivo que não parou e quase foi atropelado. Após negociar com agentes da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), um grupo conseguiu entrar em um ônibus e pulou a catraca. O coletivo seguiu para o centro da capital gaúcha.

Protestos contra tarifas mobilizam população e desafiam governos de todo o País

Mobilizados contra o aumento das tarifas de transporte público nas grandes cidades brasileiras, grupos de ativistas organizaram protestos para pedir a redução dos preços e maior qualidade dos serviços públicos prestados à população. Estes atos ganharam corpo e expressão nacional, dilatando-se gradualmente em uma onda de protestos e levando dezenas de milhares de pessoas às ruas com uma agenda de reivindicações ampla e com um significado ainda não plenamente compreendido.

A mobilização começou em Porto Alegre, quando, entre março e abril, milhares de manifestantes agruparam-se em frente à Prefeitura para protestar contra o recente aumento do preço das passagens de ônibus; a mobilização surtiu efeito, e o aumento foi temporariamente revogado. Poucos meses depois, o mesmo movimento se gestou em São Paulo, onde sucessivas mobilizações atraíram milhares às ruas; o maior episódio ocorreu no dia 13 de junho, quando um imenso ato público acabou em violentos confrontos com a polícia.

A grandeza do protesto e a violência dos confrontos expandiu a pauta para todo o País. Foi assim que, no dia 17 de junho, o Brasil viveu o que foi visto como uma das maiores jornadas populares dos últimos 20 anos. Motivados contra os aumentos do preço dos transportes, mas também já inflamados por diversas outras bandeiras, tais como a realização da Copa do Mundo de 2014, a nação viveu uma noite de mobilização e confrontos em São PauloRio de JaneiroCuritibaSalvadorFortalezaPorto Alegre e Brasília.

A onda de protestos mobiliza o debate do País e levanta um amálgama de questionamentos sobre objetivos, rumos, pautas e significados de um movimento popular singular na história brasileira desde a restauração do regime democrático em 1985. A revogação dos aumentos das passagens já é um dos resultados obtidos em São Paulo e outras cidades, mas o movimento não deve parar por aí. “Essas vozes precisam ser ouvidas”, disse a presidente Dilma Rousseff, ela própria e seu governo alvos de críticas.

Fonte: Terra
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