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Governo respeitará indígenas sem abrir mão de empreendimentos

11 jun 2013 - 17h43
(atualizado às 17h49)
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<p>Índios mundurukus acampados na sede da Funai reivindicam consulta prévia antes da construção de usinas hidrelétricas na região amazônica</p>
Índios mundurukus acampados na sede da Funai reivindicam consulta prévia antes da construção de usinas hidrelétricas na região amazônica
Foto: Antônio Cruz / Agência Brasil

O ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, disse nesta terça-feira que o governo federal se mantém disposto a dialogar com os povos indígenas, consultando-os sobre iniciativas e empreendimentos que os afetem, mas sem abrir mão das obras consideradas essenciais ao desenvolvimento do País, a exemplo da Usina Hidrelétrica de Belo Monte.

"Não vamos abrir mão da negociação e do princípio de que o governo quer fazer todos os empreendimentos respeitando a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho", disse Carvalho, se referindo à convenção internacional da qual o Brasil é signatário. Entre outras coisas, a convenção estabelece que os povos indígenas e os que são regidos, total ou parcialmente, por seus próprios costumes e tradições ou por legislação especial, devem ser consultados sempre que medidas legislativas ou administrativas afetarem seus interesses.

"A consulta deve levar em conta, com seriedade, as propostas, as preocupações e a preservação de direitos dessas nações (indígenas). Faremos isso", declarou o ministro. "Cumpriremos rigorosamente as regras da convenção, insistindo teimosamente no diálogo. Se não houver diálogo, a responsabilidade não será do governo, mas sim de quem se negar a fazer isso. O governo persistirá em não usar violência e a buscar uma solução de consenso", ressaltou.

Carvalho disse que o processo vem suscitando muita confusão entre posições ideológicas e fatos que deverão ser esclarecidos ao longo das negociações com os índios. "Nossa expectativa é que, na medida em que avançarmos no processo de discussão, joguemos luz sobre as sombras, tirando todo o tipo de ideologização do processo para chegarmos a um diálogo real (que permita) o aproveitamento das propostas indígenas e de realização dos empreendimentos hidrelétricos de maneira humanizada, respeitando os direitos indígenas ao mesmo tempo que respeitando o grande interesse da maioria da população, que é de termos energia elétrica para continuarmos crescendo", disse.

Há meses, índios (principalmente da etnia munduruku) exigem a suspensão de todos os empreendimentos hidrelétricos na Amazônia até que o processo de consulta aos povos tradicionais seja regulamentado. O governo federal garante que a regulamentação já está sendo feita pelo grupo de trabalho interministerial criado em janeiro de 2012 para avaliar e apresentar proposta de aplicação dos mecanismos de consulta prévia.

Mesmo assim, cerca de 150 mundurukus que, no último mês, ocuparam por duas vezes o principal canteiro de obras de Belo Monte, viajaram a Brasília na semana passada a fim de se reunir com Carvalho e outros representantes do governo federal. Os índios pediram que as obras sejam interrompidas. Insatisfeitos com o resultado da reunião da terça-feira passada, eles decidiram permanecer na capital federal para tentar ser recebidos pela presidenta Dilma Rousseff. Desde ontem, os mundurukus ocupam a sede da Fundação Nacional do Índio (Funai).

Embora diga considerar "natural esse tipo de tensão" e defenda a importância de "saber respeitar as culturas e as reações", Carvalho adiantou que, caso os índios não desocupem o prédio da Funai, o governo recorrerá à Justiça.

"Cabe a nós dialogar para que eles deixem o prédio. Caso não o deixem, cabe a nós entrar com um pedido de reintegração de posse. Quando se está no governo é preciso zelar pela legalidade e pela institucionalidade", declarou o ministro, adiantando que, desde a noite de ontem, representantes da Funai estão negociando com os índios a desocupação. E que já foi inclusive acertado o retorno dos índios para o Pará, amanhã. "Vamos sempre nesta linha, sempre apostando que o bom-senso e o diálogo prevaleça e que consigamos, mais uma vez, uma saída negociada." 

Agência Brasil Agência Brasil
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