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GO: gêmeo siamês separado tem leve melhora

Criança deixou de respirar com a ajuda de aparelhos; outro irmão faleceu após a cirurgia de separação

2 mar 2015 - 18h00
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<p>Heitor permence internado</p>
Heitor permence internado
Foto: Facebook / Reprodução

Permanece grave o estado de saúde do garoto Heitor Brandão, de cinco anos, que está internado na Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Materno Infantil (HMI), recuperando-se da cirurgia de separação de siameses a que foi submetido no último dia 24, em Goiânia. Na sexta-feira, o outro gêmeo, Arthur, não resistiu e morreu após sofrer paradas cardíacas. As crianças eram unidas por parte do tórax, abdômen e bacia.

Mas, apesar de inspirar ainda muitos cuidados, o cirurgião que chefiou a equipe de 14 médicos que realizou o procedimento, Zacharias Calil, aponta uma melhora relativa no quadro da criança, já que ela não respira mais com a ajuda de aparelhos mas apenas com o auxílio de oxigênio de suporte, inalatório. Além disso, Heitor não tem mais febre. “Ele está estável, mas ainda temos muita coisa pela frente, diversos fatores que devemos ficar atentos. O quadro é crítico”, disse o médico. “A gente nunca sabe, gêmeos siameses são muito instáveis, e nunca sabemos de que maneira vão reagir”, ainda disse.

Uma das preocupações é com a pele da criança e as adaptações dela ao pós-operatório. “A pele ainda está sofrendo, ali não era o lugar dela. Às vezes ela necrosa alguns segmentos. Inclusive ele pode ser submetido a uma nova cirurgia”, adianta o cirurgião, que explica que Heitor deverá ser examinado pelo cirurgião plástico, que nós próximos dias dirá se deverá ser colocada uma espécie de “tela” artificial, e especial, no recorte da pele da criança. Antes da cirurgia, os dois gêmeos passaram por oito cirurgias de colocação de expansores de pele, em preparação para a cirurgia de separação. “Vamos ver como vai evoluir, às vezes vai precisar, às vezes não”, completa Zacharias Calil.

Heitor também já está consciente, consegue falar e até já assiste filmes que gosta em DVD. Sobre a morte do irmão, será informado pela família. O pai e a mãe dele, os professores Delson e Eliana Beltrão, voltarão para Goiânia na tarde desta segunda-feira (2), após realizarem o enterro do outro filho, Arthur, neste domingo, na cidade de Botuporã, na Bahia. Desde o nascimento das crianças, a família – em especial a mãe – se dividia na rotina de viagens constantes de Riacho de Santana, cidade baiana onde vivem, e Goiânia, para fazer o acompanhamento das crianças e a preparação para a cirurgia de separação.

Segundo o doutor Zacharias Calil, Heitor, porém, já deve ter uma desconfiança de que algo aconteceu com o irmão. “Ele não perguntou do irmão, não para mim. Mas enquanto a família não chegar, não temos este direito (de contar)”, disse. “Ele tem que saber, a conduta é não esconder, falar a verdade, mas é preciso esperar a família”, ressalvou. Pelo Facebook, o pai de Heitor postou uma foto e um vídeo mostrando o filho no hospital, ao acordar, e bebendo água. “Viva, se eu estava com o coração doído, hoje ele se enche de esperança", anotou.

O doutor Zacharias Calil, especialista que já realizou dez cirurgias de separação de siameses em Goiânia, desde o ano 2000, disse que, na separação, cada gêmeo ficou com uma perna, mas houve algumas diferenças entre as duas crianças. “Arthur era o gêmeo mais completo, Heitor ficou mais prejudicado, com menos órgãos, sem o ânus e sem a bexiga”, detalhou o cirurgião, ressalvando que, no entanto, Heitor poderá ter uma vida normal, caso se recupere. “A chance deles continuarem vivendo juntos, poderia ter. Mas pense como seria a vida deles, unidos, aos 15 anos, por exemplo. Eles estariam enormes e como ficariam o tempo todo na cama, sem qualidade de vida nenhuma?”, aponta, quando questionado se a separação de siameses é a melhor opção nestes casos.

Fonte: Especial para Terra
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