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Futebol semanal salva empresário de queda de prédio no Rio

26 jan 2012 - 17h15
(atualizado às 17h30)
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Marcus Vinicius Pinto
Direto do Rio de Janeiro

Há cinco meses, o empresário Gustavo Gomes abriu junto com dois sócios suas empresa de marketing digital. Ontem, em menos de 10 minutos, o sonho desabou junto com o edifício número 44 da avenida Treze de Maio, no centro do Rio de Janeiro, de onde ele, um sócio e um funcionário resolveram sair mais cedo. "Quarta-feira é o dia que eu jogo futebol e saí de lá por volta de 18h45. Mas normalmente ficamos trabalhando até perto das 21h. Foi muita sorte."

Confira como fica o trânsito no local após os desabamentos

Sem seguro, Gustavo não quis revelar o valor do investimento feito, mas já começa a contabilizar os prejuízos. "Ainda estou pagando computadores, mesas, cadeiras, documentos, tudo. Perdemos tudo, nem sei como recomeçar. Já trocamos alguns e-mails (com os sócios), mas nem falamos sobre isso", disse.

A empresa de Gustavo funcionava no 12º andar, ao lado de uma ótica. O contador dele trabalhava no sétimo andar, junto com o pai, que ainda está desaparecido. "Meu contador desceu com um dos meus sócios poucos minutos antes de o prédio desabar", afirma. Gustavo explicou que, dos seus cinco colegas de empresa, dois estavam trabalhando de casa no dia do desabamento.

Gustavo confirma a existência de obras nos 3º e 9º andares, além de um piso acima do 12º que ele não soube precisar qual seria. "Uma empresa comprou o terceiro andar inteiro e estava reformando tudo. Sei também que a sapataria que funcionava no térreo também passava por algum tipo de obra." Gustavo não sabe se há um curso de informática no prédio de 20 andares, mas disse que, pela convenção do edifício, esse tipo de atividade não era permitida no local.

A firma de contabilidade que atendia a empresa de Gustavo Gomes não era a única do prédio. Outras quatro funcionavam no local. Nesta quinta-feira, o Conselho Regional de Contabilidade do Estado do Rio entrou com um pedido junto à Secretaria Municipal de Fazenda e à Receita Federal para que sejam prorrogados prazos e obrigações contábeis das empresas atingidas pela tragédia.

Os desabamentos

Três prédios desabaram no centro do Rio de Janeiro por volta das 20h30min de 25 de janeiro. Um deles tinha 20 andares e ficava situado na avenida Treze de Maio; outro tinha 10 andares e ficava na rua Manuel de Carvalho; e o terceiro, também na Manuel de Carvalho, era uma construção anexa ao Theatro Municipal. Segundo a Defesa Civil do município, cinco pessoas morreram no acidente e outras 18 permanecem desaparecidas. Cinco pessoas ficaram feridas com escoriações leves e foram atendidas nos hospitais da região. Cerca de 80 bombeiros e agentes da Defesa Civil trabalham desde a noite do incidente na busca de vítimas em meio aos escombros. Estão sendo usados retroescavadeiras e caminhões para retirar os entulhos.

Segundo o engenheiro civil Antônio Eulálio, do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Rio de Janeiro (Crea-RJ), havia obras irregulares no edifício de 20 andares. O especialista afirmou que o prédio teria caído de cima para abaixo e acabou levando os outros dois ao lado. De acordo com ele, todas as possibilidades para a tragédia apontam para problemas estruturais nesse prédio. Ele descartou totalmente que uma explosão por vazamento de gás tenha causado o desabamento.

Com o acidente, a prefeitura do Rio de Janeiro interditou várias ruas da região. No metrô, as estações Cinelândia, Carioca, Uruguaiana e Presidente Vargas foram interditadas na noite dos desabamentos, mas foram liberadas após inspeção e funcionam normalmente.

Veja a localização do desabamento:

Fonte: Terra
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