Os soldados da Força Nacional de Segurança iniciaram operações de patrulhamento na segunda-feira, em Sidrolândia, a 70 quilômetros de Campo Grande. A Força Nacional foi chamada para atuar no conflito entre indígenas e fazendeiros, que resultou na morte do índio terena Osiel Gabriel, no último dia 30, e no atentado à bala que feriu o índio Josiel Gabriel Alves, seu primo, na última terça-feira.
A previsão era que o efetivo iniciasse suas ações na sexta-feira, mas a Agência Brasil esteve no local e constatou que as tropas ainda não haviam iniciado o trabalho. Ontem, os policiais finalizaram a montagem de cinco postos de controle para monitorar o acesso às fazendas e aldeias na área de conflito. Oito viaturas percorrem a região, onde os índios terenas ocuparam quatro fazendas. Em uma delas, a Fazenda Buriti, eles voltaram a ocupar uma área de 30 hectares.
De acordo com o integrante da comissão criada pelos índios para tratar da questão fundiária, Adão Terra, aos poucos os índios estão retornando para o local. Dois mil índios de nove aldeias participam da ocupação chamada, pelos indígenas, de retomada do território. Eles estão plantando mandioca, milho, abóbora e hortaliças.
"Nós estamos preparando 30 hectares do terreno para plantar. E pretendemos fazer muito mais. Antes estávamos com um espaço de 2.090 hectares, onde convivia toda a comunidade, e não tinha espaço para plantio, nem para nada. Hoje queremos buscar a subsistência para dar a sustentação da família."
Na última quinta-feira, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo anunciou a criação de um fórum para negociar as terras ocupadas por indígenas em Mato Grosso do Sul. A primeira reunião deve acontecer no próximo dia 20.
30 de maio - Indígenas atearam fogo em prédios da Fazenda Buriti, em Sidrolândia, durante operação de reintegração de posse realizada na quinta-feira. Durante confronto com policiais militares e federais, um índio morreu baleado e outros quatro ficaram feridos
Foto: Moisés Palácios / Futura Press
30 de maio - Incêndio produziu grande coluna de fumaça em fazenda no interior de MS
Foto: Moisés Palácios / Futura Press
30 de maio - Construção ficou destruída após incêndio
Foto: Moisés Palácios / Futura Press
30 de maio - A propriedade fica no interior da Terra Indígena Buriti, declarada pelo Ministério da Justiça como de ocupação tradicional em 2010
Foto: Moisés Palácios / Futura Press
30 de maio - Indígenas começam a deixar fazenda após operação de reintegração de posse
Foto: Moisés Palácios / Futura Press
30 de maio - Operação de retirada dos índios foi marcada pela tensão
Foto: Moisés Palácios / Futura Press
3 de junho - Osiel Gabriel foi enterrado em cemitério próximo à fazenda ocupada
Foto: Marcos Ermínio / Campo Grande News
3 de junho - Lideranças indígenas prestam últimas homenagens a jovem terena morto em confronto com policiais
Foto: Marcos Ermínio / Campo Grande News
3 de junho - Segundo Conselho Indigenista Missionário (Cimi), cerimônia de sepultamento ocorreu em um misto de tristeza e indignação
Foto: Marcos Ermínio / Campo Grande News
3 de junho - Corpo de Osiel passou por perícias para determinar origem do tiro que matou o jovem
Foto: Marcos Ermínio / Campo Grande News
3 de junho - Conselho Nacional de Justiça (CNJ) tenta negociar um encontro entre os indígenas e a presidente Dilma Rousseff
Foto: Marcos Ermínio / Campo Grande News
3 de junho - Indígenas prometem permanecer na fazenda ocupada mesmo após nova ordem de reintegração de posse
Foto: Marcos Ermínio / Campo Grande News
3 de junho - Grupo da etnia terena se sentiu traído com decisão após negociar 'trégua' em reunião com o CNJ
Foto: Marcos Ermínio / Campo Grande News
3 de junho - Índios rasgam cópias da decisão judicial que os obriga a deixar a fazenda Buriti em 48 horas
Foto: Marcos Ermínio / Campo Grande News
3 de junho - Corpo do índio Osiel Gabriel, morto em confronto com policiais federais e militares, é enterrado em clima de revolta na aldeia Córrego do Meio, em Sidrolândia (MS)