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Iemanjá receberá oferendas biodegradáveis em Salvador

Palco no Mirante do Rio Vermelho recebe atrações e shows. No Rio, festa começou na Cinelândia

2 fev 2016 - 13h18
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O boêmio e turístico Bairro do Rio Vermelho, em Salvador, recebe hoje (02) o festejo em homenagem a Iemanjá. Segundo a tradição, os devotos fazem oferendas à Orixá, conhecida como a Rainha do Mar, que representa a força feminina. Neste ano, no entanto, os devotos foram incentivados a fazer uma oferenda sustentável.

Bairro do Rio Vermelho, em Salvador, abriga a festa na Bahia
Bairro do Rio Vermelho, em Salvador, abriga a festa na Bahia
Foto: Fábio Pozzebom/Agência Brasil

Tradicionalmente são oferecidos objetos plásticos, como pentes, espelhos, cestas e frascos de alfazema. Desta vez, a Prefeitura de Salvador pediu que as ofertas fossem presentes biodegradáveis. A Secretaria Cidade Sustentável instalou faixas e banners com frases incentivando a prática e, nos dias anteriores à comemoração, órgãos do município também fizeram campanha, nas redes sociais, sugerindo oferendas sustentáveis: "ofereça flores 100% naturais, em vez de jogar o frasco de perfume, o balaio; escolha pentes de madeira; use fitas e adereços de fibra natural; e prefira as bonecas de pano”.

Ao longo do dia, um palco montado no Mirante do Rio Vermelho recebe atrações e shows gratuitos para a população. Às 14h é a vez do cantor e compositor Carlinhos Brown, que se apresenta acompanhado por 100 percussionistas da Bateria Sustentável. Às 19h, o cantor de rock Márcio Mello se apresenta no espaço Toca Raul, próximo à Igreja de Santana, também na orla do Rio Vermelho – reinaugurada recentemente, depois de passar por obras de revitalização.

Durante os festejos, órgãos municipais organizam rodas de abordagem social: fiscais vão fazer a triagem de pessoas em situação de rua, além de combater casos flagrantes de trabalho infantil. Segundo a Prefeitura, 569 ambulantes foram cadastrados para atuarem na festa. Quase 200 servidores da Guarda Municipal e 15 salva-vidas também acompanham a entrega de oferendas à Rainha do Mar.

Iemanjá é uma orixá do Candomblé, uma divindade fruto do sincretismo religioso, na Bahia, com Nossa Senhora dos Navegantes, da religião católica. Segundo a lenda, as primeiras homenagens foram feitas em 1923, quando os peixes estavam escassos e um grupo de pescadores fez ofertas à Rainha do Mar, pedindo uma pesca mais próspera.

Rio de Janeiro

Fiéis de religiões de matriz africana lotaram na manhã de hoje a Cinelândia, no centro do Rio, para comemorar o Dia de Iemanjá. A homenagem seguiu em caminhada pelo centro da cidade até a Praça XV, onde os religiosos levaram, em uma barca reservada para navegar na Baía de Guanabara, oferendas à orixá, divindade da água doce e salgada.

Festa tem origem no Dia de Nossa Senhora dos Navegantes
Festa tem origem no Dia de Nossa Senhora dos Navegantes
Foto: Tâniia Rêgo/Agência Brasil

Sob sol forte, a festa tem cantos e tambores celebrando a religiosidade e grande parte dos fiéis vestem branco, levam flores e usam colares. A professora de matemática Rita de Cássia Tavares, de 66 anos, dançava e erguia as mãos emocionada com a homenagem. Ao conversar com a reportagem da Agência Brasil, seus olhos marejaram ao contar a importância de Iemanjá. "Iemanjá é família. É a mãe de todos. Como a família é importante para todos, vim pela minha família. A gente tem que agradecer."

Para homenagear sua orixá, a professora deixará rosas e anéis na Baía de Guanabara. "Os anéis, pra mim, representam tudo aquilo que ficou no passado e você entrega para ter uma vida nova, e porque Iemanjá é muito vaidosa."

O enfermeiro Luciano Lucena, de 47 anos, também não foi agradecer de mãos vazias. Levou perfumes para Iemanjá, orixá a quem recorre diariamente em seu trabalho. "Eu cuido da vida das pessoas e sempre peço ajuda a Deus e a Iemanjá. É algo que não veio da minha família, mas do meu coração."

Barca leva presentes dos devotos à Rainha do Mar
Barca leva presentes dos devotos à Rainha do Mar
Foto: Tâniia Rêgo/Agência Brasil

Membro da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa, o babalaô do candomblé Ivanir dos Santos comemora a proximidade da festa com o Carnaval e a exposição das religiões de matriz africana na maior festa do País. "Uma boa parte das escolas de samba vai falar sobre essa manifestação religiosa. Então, em um dos maiores momentos do turismo brasileiro, o que marca a cultura e a identidade desse povo é a essa religião."

Ivanir também festeja o fato de jovens estarem aderindo à festa e destaca que as religiões de matriz africana se renovam e resistem à perseguição religiosa. "Quanto mais se persegue, mais ela se renova. É uma religião que não exclui, que não pergunta de onde você veio."

A estudante de letra, Theisy Nascimento, de 22 anos, é nova na umbanda. Ela está na religião há apenas um ano e conta que se aproximou por um sentimento de identificação com sua ancestralidade. "Foi o despertar de uma consciência, de uma ancestralidade. Não sei como explicar isso, se é algo que você escolhe ou se você é escolhido",  conta ela, que foi criada em uma família cristã. "Minha família veio da Bahia e tinha essa raiz de matriz africana, mas se converteu ao cristianismo. E eu estou resgatando isso."

Agência Brasil Agência Brasil
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