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Falta de água começa a atingir bairros do Rio de Janeiro

22 jan 2010 - 06h18
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O apelo da Cedae para que os consumidores usem água de forma racional e, assim, evitem torneiras secas chegou tarde para milhares de moradores de áreas que ficam nos fins de rede de abastecimento no Rio, Baixada e São Gonçalo. Na capital, já falta água em diversas localidades, como na Rua Francisco de Castro, Santa Teresa, onde moradores estão comprando água potável para cozinhar e tomar banho.

Segundo Ivanete Justino da Silva, 44 anos, as torneiras estão secas desde segunda-feira. "Estou gastando R$ 18 por dia com 3 galões de 5 litros, que carrego na subida de uma escadaria enorme até chegar em casa. O revoltante é que a conta da Cedae, R$ 60 por mês, chega em dia", lamentou ela, que mora com o marido e três filhos. Nas imediações, outras 13 famílias enfrentam o mesmo. "Há anos a situação é essa: é chegar o verão e a escassez de água nos atormenta", contou Josué do Patrocínio, 45.

O presidente da Cedae, Wagner Victer, garantiu ontem que a Cedae está investindo R$ 1 bilhão para sanar problemas nas pontas de rede. Em Mesquita, Baixada, a situação de seis bairros é dramática: Cosmorama, Edson Passos, Coreia, Chatuba, Rocha Sobrinho e Vila Nova. "Na Rua Marte, onde moro, centenas de famílias não têm água para beber", disse Adilson Oliveira dos Santos.

A seca também é realidade para quem reside no bairro Jardim Catarina, um dos mais populosos de São Gonçalo. "São 49 mil casas, com 200 mil pessoas. Um terço das delas está sem água há dias. As ruas Xavante, Aldeia de Mattos, Ouro Fino e Vinte e Três e avenidas Itororó e Cristino Figueira são as mais atingidas", disse o presidente da associação de moradores, José Carlos Policarpo, reconhecendo que os 'gatos' agravam a situação.

Ontem, no entanto, Wagner Victer recuou e minimizou o problema, afirmando que a falta d'água é pontual. "Houve aumento de 15% no consumo por causa do forte calor, mas nosso sistema tem capacidade para operar sem problemas com elevação de demanda até 40%", afirmou o presidente da Cedae.

Enquanto muitos já sofrem com a seca, desperdício de água potável da Cedae revolta consumidores. Há 14 dias, a água limpa jorra 24 horas em frente ao nº 90 da Rua Marquês de Olinda, em Botafogo. A estimativa é que, em duas semanas, mais de 336 mil litros já tenham ido, literalmente, para o bueiro.

"Cansei de mandar e-mails e telefonar para a Cedae. Só mandam a gente anotar número de protocolos, mas ninguém resolve nada", reclamou a síndica do Edifício Abaeté, Adriana Araújo. "Na minha casa, as torneiras quase sempre estão secas, enquanto essa água limpinha vai para os ralos!", queixou-se Daniel Cardoso, 32, zelador e morador do Edifício Marquês de Olinda, do outro lado da rua.

Na altura do nº 232 da Rua Barão de Petrópolis, no Rio Comprido, mais desperdício. Segundo moradores, desde segunda-feira um cano estourou e a água escorre na via. "Equipes da Cedae estiveram duas vezes aqui, olharam e vão embora, sem solucionar o problema", disse Maria Bernardete Malta, síndica do prédio. Por volta das 12h30 de ontem, um caminhão da empresa chegou ao local, mas manobrou e foi embora sem que os funcionários descessem do veículo. A Cedae garantiu que vai corrigir os vazamentos hoje.

Fonte: O Dia
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