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Exército faz barreira para evitar avanço do mar em Florianópolis

21 mai 2010 - 16h37
(atualizado às 17h09)
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Fabrício Escandiuzzi
Direto de Florianópolis

Duzentos soldados do Exército estão auxiliando a prefeitura de Florianópolis na construção emergencial de um muro de sacos de areia com o objetivo de tentar conter o avanço do mar sobre casas na praia da Armação, localizada na região sul da cidade.

Soldado ajuda a construir muro de sacos de areia na praia da Armação, em Florianópolis
Soldado ajuda a construir muro de sacos de areia na praia da Armação, em Florianópolis
Foto: Fabrício Escandiuzzi / Especial para Terra

O trabalho teve início nesta sexta-feira em pontos onde a ressaca já causou destruição e o nível do mar ameaça atingir uma rodovia local. O prefeito Dário Berger (PMDB) acompanhou o início da construção dos muros. Militares carregaram sacos de areia pela praia durante o primeiro dia da operação, que foi acompanhada de perto por dezenas de moradores locais.

Florianópolis decretou situação de emergência devido à erosão marítima no início da semana. No total, 74 casas foram atingidas e três delas foram interditadas, pois ameaçam desabar a qualquer instante. A faixa de areia da praia da Armação, que era de 50 m, desapareceu por completo nos últimos dois meses.

De acordo com Fernando Sabino, presidente da associação dos pescadores artesanais da Armação, o grande temor é com a previsão de uma nova e intensa ressaca no início da próxima semana. "O Exército está ajudando porque se não houver proteção, o mar pode atingir a rodovia e o rio que vem da Lagoa do Peri. O problema ambiental seria imenso", disse, acrescentando que a elevação do nível do mar vem prejudicando a economia local. "Os pescadores estão com dificuldades de chegar ao porto e muitos estão impossibilitados de trabalhar mesmo no período de pesca da tainha, o mais importante do ano".

Para especialistas, medida é apenas "provisória"

De acordo com especialistas, a contenção do mar com sacos de areia ou muros de pedra teria um caráter apenas paliativo. O professor Jarbas Bonetti, do Laboratório de Oceanografia Costeira da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), afirma que a medida funcionaria provisoriamente, mas que outras tempestades podem voltar a causar destruição. Ele condenou o fato de muitas casas terem sido erguidas sobre dunas.

"A praia não é só a areia onde colocamos o guarda-sol. Ela é um sistema que envolve as dunas frontais, a areia da praia e a parte submersa", disse. "Quando o mar não encontra uma reserva de sedimentos, ele a busca e a altura da praia diminui. E a água busca nas dunas, onde estão as construções".

De acordo com Bonetti, o sistema com muros poderá conter as próximas ressacas. Entretanto, a manutenção teria que ser constante. "É um processo natural, uma coisa que não tem fim", disse. "Mas a rigor é a única medida que resta a fazer".

O ocenógrafo Argeu Vanz, do Centro de Informações de Recursos Ambientais de Santa Catarina (Ciram) tem a mesma opinião. Para ele, até mesmo a proposta de "engordar a praia" pode não durar por muito tempo. "Algo foi feito diferente naquela praia e causou toda complicação em seu sistema. Uma ponte, uma construção em local indevido, enfim, deve ser analisado como era o local antigamente", afirma. "Isso influencia o transporte de sedimentos marinhos. É preciso estudar o que houve ali, pois, caso contrário, as medidas serão paliativas".

Fonte: Especial para Terra
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