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"Esperamos um cheque do governo", diz provedor da Santa Casa

23 jul 2014 - 08h31
(atualizado às 13h50)
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<p>O provedor da Santa Casa falou que aguarda uma ajuda do governo para voltar a abrir o setor de urgência</p>
O provedor da Santa Casa falou que aguarda uma ajuda do governo para voltar a abrir o setor de urgência
Foto: Thiago Tufano / Terra

O provedor da Santa Casa de São Paulo Kalil Rocha Abdalla afirmou, na manhã desta quarta-feira, que o hospital está esperando uma verba dos governos municipal, estadual e federal para reabrir as portas de seu pronto socorro, que recebe, em média 1,5 mil pessoas por dia. O PS de um dos mais importantes hospitais do estado fechou as portas na tarde de ontem, alegando falta de materiais básicos como seringas, luvas e agulhas.

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“Estamos esperando um cheque do governo. Falta material básico e dinheiro até agora não chegou. Estamos aguardando um contato com o governador e o secretário de saúde David Uip. Se o dinheiro chegar eu chamo os fornecedores e peço para entregar, mas não sei a disponibilidade deles”, afirmou Abdalla, que acredita que o setor de emergência do hospital voltará a funcionar ainda nesta quarta-feira.

O provedor afirmou que a dívida da Santa Casa com os fornecedores de materiais é de cerca de R$ 50 milhões. “Não tinha alternativa porque não temos material. Ontem verificamos e resolvemos suspender o atendimento. Minha expectativa é de que as autoridades públicas, federal, municipal e estadual, me atendam. Chegamos a um ponto caótico e preciso liquidar a dívida. Enquanto não liquidar eles não me atendem. A única solução é vir com o dinheiro para pagar os fornecedores”, explicou.

Abdalla disse que o problema com a falta de verba vem acontecendo há anos e que fala frequentemente com as autoridades pedindo mais recursos. Ele afirma ser conhecido até mesmo como "chorão", por causa dos numerosos pedidos de recursos para manter a entidade.

“Ontem entrei em contato comunicando o fechamento. O fornecedor ia fornecendo, mas a cada dia que passa nós vamos atendendo mais pessoas. Além disso, a tabela do SUS não é atualizada há mais de 10 anos, então o recebimento é sempre pela metade. Estamos numa situação delicada. Estamos arrastando os fornecedores e eles foram cedendo, mas agora chegou num ponto que não dá mais”, disse.

Um médico da Santa Casa – que não quis se identificar - foi ouvido pelo Terra e também lamentou a situação atual da instituição. “É complicado você ver que o que você aprendeu a vida toda não pode ser feito porque não tem dinheiro e porque o governo não paga o que deve ser pago. Além disso, as pessoas não doam mais dinheiro para a Santa Casa, como faziam antigamente. Se você for até a Santa Casa, vai ver várias estátuas de beneméritos no jardim que deixaram fortunas por lá, mas, hoje em dia, não vemos mais isso”, disse o funcionário, que atuou durante anos no setor que fechou as portas ontem.

Apesar do clima de tranquilidade na parte de dentro da Santa Casa, fora do hospital pessoas buscam atendimento médico no pronto socorro e estão sendo informadas para procurarem outros hospitais como o Hospital das Clínicas e o Incor. Logo cedo, por volta das 7h30, cerca de 30 pessoas aguardavam para saber o que estava acontecendo no local.

A dona de casa Maria Carmem Campos, que foi procurar atendimento no hospital e se deparou com os portões fechados, reclamou da falta de atendimento na Santa Casa e culpou o governo pela crise. “Eu acho que está tudo errado. Tem que começar do zero, precisamos de ajuda. Os enfermeiros precisam de ajuda e os médicos também”, lamentou.

Foto: Arte Terra
Fonte: Terra
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