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Dupla improvisa 'assento para leitores' no metrô de SP

13 fev 2015 - 13h26
(atualizado às 15h23)
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Adesivo indica espaço "reservado" para leitores no Metrô de São Paulo
Adesivo indica espaço "reservado" para leitores no Metrô de São Paulo
Foto: BBC Mundo

Ao lado dos tradicionais alertas de assentos preferenciais de idosos, gestantes ou deficientes, usuários do metrô de São Paulo talvez se deparem com avisos improvisados e incomuns sobre alguns bancos: "assento preferencial para leitores".

Os adesivos foram criados por dois amigos, o publicitário Fabiano Gonçalves, 26, e o estudante de publicidade Vinicius Dias, 20, em uma campanha para tentar incentivar a leitura e a interação entre leitores (e não leitores) nos vagões subterrâneos da cidade.

"A gente pega o metrô todos os dias e sempre tem gente lendo. Pensamos, por que não criar um símbolo que os una?", diz Dias à BBC Brasil.

Há cerca de dois meses, eles desenharam os adesivos, imprimiram vários (dizem já ter colado mais de 300 nos vagões), distribuíram a amigos e montaram um site para quem quiser imprimir e colar o seu (http://vagaodosleitores.tumblr.com/). "Não existe lei preferencial para leitores, mas poderia", diz a placa improvisada.

Fotos dos avisos foram postadas nas redes sociais com a hashtag #vagaodosleitores. "O objetivo da ação é ganhar um vagão exclusivo para leitores, e enquanto isso não acontece nós vamos incentivando a leitura no metrô", afirma Dias, no momento lendo O Beijo no Asfalto, de Nelson Rodrigues.

"Um vagão dos leitores seria um ponto de encontro", justifica Gonçalves, fã de Fiódor Dostoiévski. "(A ideia da campanha) é fazer com que as pessoas façam da leitura um hábito de todos os lugares. Pode começar no metrô, mas não precisa se limitar a isso. E também tem a ideia da gentileza: posso ceder o meu lugar a uma pessoa que esteja lendo de pé."

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Campanha visa estimular o hábito da leitura

Dias e Gonçalves não fizeram nenhum contato oficial com o metrô paulistano. "Fizemos para sentir a reação das pessoas, mas esperamos que o metrô abrace a ideia", dizem.

Mas a assessoria de imprensa do metrô informa que, apesar de a campanha ter ideais nobres, o órgão não encampa práticas do tipo, para não incentivar usuários a colar avisos e placas indiscriminadamente nos vagões. Por isso, os adesivos têm sido retirados.

O #vagaodosleitores já aparece em fotos postadas em redes sociais como Instagram e Twitter, ainda que timidamente.

Os dois amigos contam que já receberam pedidos para estender a campanha para os ônibus da cidade e até para traduzir o selo para outras línguas, para ser usado no transporte público de outros países. E se defendem: dizem que nenhum adesivo de "assento preferencial para leitores" é colado em cima dos assentos preferenciais já previstos em lei.

"Nossa iniciativa é sutil, mas poética", filosofa Gonçalves.

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