PUBLICIDADE

RJ: paredes de prédio que desabou foram derrubadas por obra, diz PF

3 abr 2012 - 12h48
(atualizado às 18h46)
Compartilhar
Cirilo Junior
Direto do Rio de Janeiro

Investigação da Polícia Federal (PF) aponta que paredes estruturais do edifício Liberdade foram derrubadas durante as obras que estavam acontecendo no nono andar do prédio, que caiu no centro da capital fluminense, no dia 25 de Janeiro. As obras eram da empresa T.O (Tecnologia Organizacional).

Três prédios desabaram na noite do dia 25 de janeiro
Três prédios desabaram na noite do dia 25 de janeiro
Foto: AFP

Conheça as vítimas dos desabamentos no centro do Rio

Por dentro dos prédios que desabaram

Lembre desabamentos que chocaram o Brasil

Segundo o delegado Fabio Scliar, a acareação feita na tarde desta terça-feira entre os quatro empregados da obra indicou que as paredes foram derrubadas de forma irregular. Além do edifício Liberdade, outros dois prédios caíram na avenida 13 de Maio, no Centro da cidade, matando 19 pessoas e deixando três desaparecidos.

"Seria leviano falar de responsabilidades agora, mas estamos perto de concluir que grande parte do que aconteceu foi por causa da obra no nono andar", afirmou Scliar. O delegado promoveu a acareação dos quatro homens que trabalhavam na obra depois de perceber contradições nos depoimentos prestados anteriormente, na Polícia Civil. O ajudante de pedreiro Vanderlei Muniz da Silva tinha afirmado que um dos pilares de sustentação havia sido partido. Segundo Scliar, Vanderlei manteve o mesmo teor, alterando alguns detalhes.

A acareação fez com que os quatro funcionários da obra concluíssem que paredes estruturais tinham sido derrubadas. De um total de oito que foram demolidas, quatro estavam ligadas à estrutura do prédio.

Pela avaliação de Scliar, a situação dos responsáveis pela T.O está bastante complicada. O delegado ressaltou que a obra necessitava de autorização especial da prefeitura, e de acompanhamento presencial de um engenheiro. Nada disso foi feito.

Fábio Scliar acrescentou que a empresa contratada para gerenciar a obra não tinha competência para aquele trabalho. Segundo o delegado, era uma empreiteira especializada em trabalhos de gesso, pisos e decoração.

Soma-se a isso o fato de que nenhum dos quatro homens que trabalhavam na obra era pedreiro de ofício. Vanderlei Muniz da Silva era ajudante de pedreiro. Alexandro da Silva Fonseca, que sobreviveu ao entrar no elevador, fazia trabalhos de servente e vigia. Gilberto Figueiredo e André Moraes da Silva eram sócios da empresa especializada em trabalhos de gesso.

A responsabilidade do condomínio também será averiguada pela PF. Scliar ouve amanhã o síndico do prédio. O delegado declarou que o edifício Liberdade tinha um histórico de "reformas loucas, acréscimos de andares e aproveitamento de espaços vazios".

"Os operários seguiam uma linha hierárquica. Disseram que consultaram a Cristiane sobre a derrubada das paredes, e que ela disse que um engenheiro tinha autorizado", contou o delegado.

Scliar informou ainda que o trabalho da perícia técnica baseado na identificação do DNA de restos mortais encontrados nos escombros identificou mais duas pessoas desaparecidas. Os nomes delas não foram informados. Com isso, três pessoas não foram identificadas, e deverão permanecer na condição de desaparecidas, já que o trabalho de perícia genética foi encerrado.

Os donos da T.O poderão ser indiciados por homicídio doloso e dano ao bem público, em função de parte do Theatro Municipal ter sido afetado. O advogado da empresa, Jorge Willians, negou de forma veemente que paredes estruturais do edifício foram derrubadas.

"Foram retiradas paredes divisórias. Todas as colunas são externas, ficam nas laterais. As paredes não afetaram as estruturas. Vamos provar isso", declarou.

O advogado acrescentou que a obra não precisava de autorização especial da prefeitura, e nem de engenheiro atuando de forma presencial. Sobre a empresa contratada para tocar a obra, Willians disse que ela era adequada.

Os desabamentos

Três prédios desabaram no centro do Rio de Janeiro por volta das 20h30min de 25 de janeiro. Um deles tinha 20 andares e ficava situado na avenida Treze de Maio; outro tinha 10 andares e ficava na rua Manuel de Carvalho; e o terceiro, também na Manuel de Carvalho, era uma construção de quatro andares. Segundo a Defesa Civil do município, pelo menos 17 pessoas morreram. Cinco pessoas ficaram feridas com escoriações leves e foram atendidas nos hospitais da região. Cerca de 80 bombeiros e agentes da Defesa Civil trabalham desde a noite da tragédia na busca de vítimas em meio aos escombros. Estão sendo usados retroescavadeiras e caminhões para retirar os entulhos.

Segundo o engenheiro civil Antônio Eulálio, do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Rio de Janeiro (Crea-RJ), havia obras irregulares no edifício de 20 andares. O especialista afirmou que o prédio teria caído de cima para abaixo e acabou levando os outros dois ao lado. De acordo com ele, todas as possibilidades para a tragédia apontam para problemas estruturais nesse prédio. Ele descartou totalmente que uma explosão por vazamento de gás tenha causado o desabamento.

Com informações da Agência Brasil

Veja a localização do desabamento:

Fonte: Terra
Compartilhar
Publicidade