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Saiba de onde vem a água do caminhão-pipa

Falta de água faz aumentar procura pela entrega do líquido; veja como saber se a empresa é de confiança

2 mar 2015 - 09h07
(atualizado às 09h11)
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A crise de abastecimento de água que afeta o Estado de São Paulo e principalmente a região metropolitana fez aumentar a procura por caminhões-pipa. Com a redução da pressão nas tubulações e o rodízio não oficial, muitas empresas, condomínios e restaurantes têm buscado no caminhão-pipa a solução do problema. Mas, afinal, de onde vem essa água?

A água que abastece o caminhão-pipa vem de aquíferos, formações rochosas subterrâneas capazes de armazenar água, explorados a partir da construção de poços artesianos. Na Grande São Paulo, em especial, a água dos poços vem dos aquíferos Cristalino e Sedimentar.

Caminhão-pipa abastece empresa no centro de São Paulo no último dia 20; com crise da água, procura pelo serviço "triplicou"
Caminhão-pipa abastece empresa no centro de São Paulo no último dia 20; com crise da água, procura pelo serviço "triplicou"
Foto: Léo Burgos / Futura Press

Diante da estimativa de que esses dois aquíferos sejam capazes de produzir até 16 mil litros de água por segundo, será que a região metropolitana poderia viver exclusivamente à custa dessa água caso suas represas secassem por completo?

A resposta é não. De acordo com a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), os oito reservatórios que atendem os 20 milhões de habitantes da região metropolitana produzem 67 mil litros de água por segundo.

Embora essa não seja uma solução para todos, a procura por caminhões-pipa de fato aumentou a partir do segundo semestre de 2014. A empresa H2Ondina, por exemplo, de Cotia (Grande SP), se viu obrigada a restringir o atendimento a novos clientes. “A procura realmente é bastante grande, eu diria que triplicou. Então não adianta fazer contrato novo se você não vai conseguir atender”, disse o proprietário Edivaldo Rodrigues de Souza, há 28 anos no mercado.

Segundo Souza, os caminhões-pipa mais procurados por condomínios são aqueles com capacidade entre 15 mil e 20 mil litros. No caso da H2Ondina, ele explica que os preços não mudaram desde o agravamento da crise, e uma carga de 20 mil litros de água para o centro de São Paulo sai por R$ 800. Isso porque, no caso do caminhão-pipa, o consumidor paga pelo transporte da água, e não pela água em si, e o valor cobrado pelo metro cúbico varia de acordo com o local da entrega.

Poços clandestinos

Estima-se que existam hoje até 12 mil poços artesianos na região metropolitana de São Paulo, de acordo com Carlos Eduardo Giampá, conselheiro e ex-presidente da Associação Brasileira de Águas Subterrâneas (Abas). O problema, segundo ele, é que cerca de 80% desses poços são clandestinos. Oficialmente, existem 2.081 poços artesianos na capital e outros 27.816 no restante do Estado, segundo dados de 2014 do Departamento de Água e Energia Elétrica do Estado (DAEE), que é o órgão responsável pela concessão de outorgas para exploração de poços.

“Quem administra as águas subterrâneas são os Estados, que têm o dever de monitorar e fiscalizar. Mas os Estados são pífios, incompetentes, incapazes de fazer a gestão correta. Eles não têm informação. Com cerca de 80% de poços clandestinos, você acha que alguém está gerindo alguma coisa?”, critica. Procurado, o DAEE afirma que fiscaliza os poços na medida em que recebe denúncias.

Giampá, que também é proprietário de uma empresa de perfuração, afirma que o mercado estima que a construção de poços artesianos tenha subido 30% com a crise. Segundo ele, o risco de contaminação da água na perfuração de poços clandestinos é “preocupante”. “Um poço não é um buraco, é uma obra de engenharia geológica. Então é preciso seguir normas e orientações para prevenir que pontos contaminantes entrem diretamente no aquífero. Para perfurar um poço é preciso seguir leis, existe um processo burocrático”, encerra.

Na cidade de São Paulo, as empresas fornecedoras, transportadoras e/ou distribuidoras de água por caminhão-pipa devem possuir inscrição no Cadastro Municipal de Vigilância em Saúde (CMVS), da Coordenação de Vigilância em Saúde (Covisa). Além disso, o exterior do tanque dos caminhões deve conter, em letras legíveis, o nome, o endereço e o telefone da empresa, bem como a frase "água potável". Atualmente existem 23 empresas regularizadas com o CMVS, e nenhuma delas foi multada em 2014, de acordo com a Secretaria Municipal da Saúde.

Fonte: Terra
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