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Cidades

Com churrasco improvisado, protesto pede metrô em bairro de SP

14 mai 2011 - 15h45
(atualizado às 18h54)
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Vagner Magalhães
Direto de São Paulo

O churrasco da "gente diferenciada", organizado a partir das redes sociais contra a possibilidade de mudança no projeto do Metrô de São Paulo, que previa a construção de uma estação na avenida Angélica, em Higienópolis, começou sem carne. Pouco antes das 16h, no entanto, dois rapazes apareceram carregando uma churrasqueira fumegante com pães, espetinhos de legumes, abobrinhas, linguiça e um pedaço de carne. No protesto, cerca de 600 manifestantes - segundo levantamento da Polícia Militar (PM) - bloquearam a avenida Angélica, onde uma churrasqueira foi instalada no meio da via.

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O governo de São Paulo desistiu, após pressão de moradores, empresários e comerciantes de Higienópolis, bairro de alto padrão no centro da capital, de uma estação do metrô na avenida Angélica, segundo reportagem publicada na Folha de S. Paulo na última quarta-feira. Com isso, o governo reativou o projeto de uma estação na praça Charles Müller, no estádio do Pacaembu.

Por volta das 15h15, uma catraca de ônibus foi queimada em frente ao shopping Pátio Higienópolis por integrantes do Movimento Passe Livre, que tem feito frequentes protestos contra a Prefeitura, por conta do reajuste da tarifa de ônibus, de R$2,70 para R$3,00 em janeiro.

Além disso, uma bateria improvisada animava a manifestação, em frente ao shopping Pátio Higienópolis. Ao ritmo de tambores, a multidão entoa gritos de "Vem, vem, vem pra rua vem, fazer churrasco!" e "Ei, Kassab, vai tomar metrô!". No meio da avenida, uma faixa com a frase "chega de sufoco, todos juntos por mais metrô" foi estendida pelo Sindicato dos Metroviários de São Paulo. Alguns motoristas enfrentam lentidão nas imediações do local. Cerca de 56 PMs acompanham o protesto, mas até agora não houve intervenções.

Alguns manifestantes levaram frango com farofa. Outros estão com espetinhos de queijo coalho, que chegaram a ser assados no fogo da catraca incinerada. Isopores de cerveja e doações para uma Organização Não-Governamental de auxílio a crianças de mães portadoras de HIV também podem ser vistos no churrasco.

Com mais de 50 mil confirmações de presença no Facebook, o evento teve a maior concentração nas cercanias do shopping. Marcado para começar por volta das 14h, reunia por volta de 150 pessoas na praça Villaboim às 15h.

O promotor de Habitação e Urbanismo Maurício Lopes, morador do bairro, compareceu ao evento e disse que está preparando um inquérito civil para cobrar explicações do Metrô sobre a eventual mudança.

"Os interesses privados não podem se sobrepor ao interesse público. Não se pode decidir o local de uma estação de Metrô como se decide onde colocar um ponto de ônibus. Não é jogar chocolate granulado em cima de um mapa para ver onde será colocada a estação", disse.

Ele disse que solicitou os projetos e documentos que comprovem que o local da estação não seja o mais adequado. "Há em São Paulo, estações bem próximas como a Sé e a Liberdade, ou República e Anhangabaú, que funcionam sem qualquer problema.

O estudante Emerson Porto Ferreira, 19 anos, foi o primeiro que compareceu com uma doação para o evento por volta 14h30. "Eu vim para cá por conta dessa história que os moradores não querem Metrô aqui. É preciso protestar contra o preconceito", diz.

Entenda o caso

Os protestos da Associação Defenda Higienópolis contra a estação reuniu 3,5 mil assinaturas contra o plano, com campanhas na rua e no Twitter. Os moradores alegavam que a nova estação ampliaria o fluxo de pessoas no local, com o consequente "aumento de ocorrências indesejáveis", além da transformação da área em "camelódromo".

Manifesto bem humorado confirma apoio ao metrô em Higienópolis:
Fonte: Terra
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