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Cidades

Cidades do AM estudam mudar por causa das cheias

7 jun 2009 - 14h14
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Arnoldo Santos

Direto de Manaus

Os prejuízos causados pela cheia deste ano, considerada incomum e uma das maiores dos últimos 100 anos, estão levando algumas prefeituras a cogitar mudar suas sedes urbanas e população de lugar para locais onde a água não chegue com tanta força. Pelo menos três municípios amazonenses (de um total de 62) estudam realizar a mudança.

É o caso, por exemplo, de Anamã, Canutama e Barreirinha. Os três municípios estão entre os mais atingidos pela enchente que deixou seus centros urbanos com mais de 90% submersos. E, juntos, não ultrapassam mais de 30 mil habitantes.

A intenção foi confirmada pelo coordenador adjunto da Defesa Civil do Amazonas, Hermógenes Rabelo. "Este planejamento está andando conosco. As prefeituras nos procuraram e nós sugerimos também que procurassem outros órgãos oficiais para ajudar a encontrar locais seguros que possam receber as sedes dos municípios", disse Hermógenes.

Pioneiro

O primeiro a anunciar a pretensão de mudar a cidade de lugar por conta da cheia foi o prefeito de Anamã, Raimundo Chicó (PCdoB), que diz não ter como administrar uma cidade com mais de 95% da área urbana alagados. "A gente tem cheia todo ano, mas este ano foi muito acima do esperado. Não tem como tocar um município com os prédios públicos alagados", defendeu Raimundo Chicó. Pelos cálculos da prefeitura, Anamã gastou R$ 1 milhão com atendimento a população ribeirinha atingida pela enchente, na compra de madeira, remédios, mantimentos e combustível, principalmente. O orçamento anual do município é de R$ 14 milhões.

A enchente nas calhas dos rios começa a dar sinais de trégua. O Serviço Geológico do Brasil (CPRM) já descartou, no início da semana, que a cheia deste ano supere a de 1953, a maior registrada no Amazonas. O nível do rio Negro está em 29,16 m. Em 1953, este nível chegou a 29,69 m.

"Pelo período, pelo nível de subida do rio, acreditamos que não vai demorar muito pra que comece a vazante. Na semana passada, o rio ficou seis dias parado, depois voltou a subir 1 cm. Isso sempre acontece no final de enchente", explicou o engenheiro Walderino Pereira da Silva, responsável pela medição diária do rio Negro no Porto de Manaus.

Apesar da notícia de diminuição da enchente nas calhas de rio, os impactos já são consideráveis. Pelos dados da Defesa Civil do estado, cerca de 355 mil pessoas foram atingidas pela cheia, em 55 municípios que decretaram situação de emergência. E alguns municípios bateram recordes de cheias em relação às últimas décadas.

Pior período

"Parintins superou a maior cheia, que foi em 1976. Os municípios de Careiro da Várzea e Manacapuru estão com cerca de 2 cm para superarem suas respectivas cotas de maiores enchentes registradas", informa o superintendente regional do Serviço Geológico do Brasil (CPRM) em Manaus, Marco Antônio de Oliveira. Ele explica também que ainda é cedo para fazer algum tipo de prognóstico sobre o período de vazante. "Ainda vamos chegar aos meses em que menos chove, que são julho, agosto e setembro. Então isso é que vai ser fundamental para ter uma estimativa do comportamento dos rios no período da vazante. No entanto, como foi uma cheia grande, acho que dificilmente vamos ter uma vazante grande para o ano de 2009", conclui Marco Antônio.

A mudança de uma cidade inteira por conta da cheia não é novidade na região amazônica. Nos anos 70, este processo de mudança foi a solução encontrada para o município de Boca do Acre, quando a sede do município foi mudada da várzea para a terra-firme e instalada em uma área chamada de Platô do Piquiá, onde permanece até hoje.

Fonte: Especial para Terra
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