PUBLICIDADE

Cidades

Chuva no Norte e seca no Nordeste marcam início de outono

21 abr 2009 - 20h42
(atualizado às 20h51)
Compartilhar

Andressa Tufolo

Direto de São Paulo

A devastação com excesso de chuva e os prejuízos com a estiagem marcam o início do outono no Brasil este ano. Enquanto Sergipe e Alagoas, por exemplo, sofrem com a seca, os outros Estados do Nordeste e a região Norte do País enfrentam conseqüências críticas das fortes enchentes.

Donativos são distribuídos à população afetada
Donativos são distribuídos à população afetada
Foto: Andressa Tufolo / Especial para Terra

Mais da metade do maior Estado do País, o Amazonas, foi atingido pelas chuvas das últimas semanas. Cerca de 184 mil pessoas foram afetadas de alguma maneira. São 2.328 desabrigados e 21.653 desalojados, que estão em casa de amigos e parentes. São 31 cidades, das 62, em situação de emergência. Por outro lado, um dos menores Estados do Brasil, Santa Catarina, sofre com uma grave estiagem, com 45 cidades em estado de emergência. Apesar das condições contratantes, não existem estudos que comprovem e possam relacionar esses fatores ao aquecimento global.

De acordo com Fabrício Daniel dos Santos Silva, pesquisador da Coordenação de Pesquisa e Desenvolvimento do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), esse ano os ventos do Sul foram mais fracos do que do Norte, o que favoreceu que a nebulosidade estivesse abaixo da zona equatorial, resultando em mais chuvas no Norte e Nordeste. Além disso, o fenômeno La Niña (resfriamento das águas do oceano pacifico) também contribuiria para a situação.

Sergipe e Alagoas são exceções por falta de nebulosidade. Sob influência negativa de dois sistemas, zona convergência intertropical e zona de convergência Atlântico sul, "essa área ficou ilhada entre duas regiões com chuva", explica Silva.

Segundo a Defesa Civil do Amazonas, o Serviço Geológico do Brasil afirma que a cheia do rio Negro pode ser 1 cm menor que a maior cheia registrada (de 1953), que teve cota de 29,69 cm.

Para esta semana, até 27 de abril, estão previstas chuvas acima do normal a oeste da região Amazônica, de 125 a 150 mm. "500% acima do normal", diz Antônio Divino Moura, diretor do Inmet . ¿É uma situação para se preocupar. O trabalho está nas mãos da Defesa Civil Nacional junto à Defesa Civil dos Estados e municípios".

De acordo com a Defesa Civil do Amazonas, o governo decretou situação de emergência para todo o território estadual e vai distribuir cartões magnéticos que servirão para o saque de uma ajuda mensal de R$ 300, para as famílias cadastradas pela defesa civil.

A ajuda humanitária está sendo feito pela Defesa Civil Estadual e a Secretaria Nacional de Defesa Civil. Serão entregues, nesta primeira fase a 14 municípios, 13.044 cestas básicas, 2.450 filtros de água, 2.056 kits de limpeza, 2.050 cobertores, 1.974 toalhas, 1.948 colchões e 2,8 mil mosqueteiros. Já receberam ajuda Barreirinha, com 2.264 itens, e Ramal da Morena, em Presidente Figueiredo, com 680 cestas básicas.

No Pará, a situação está voltando à normalidade, segundo a Defesa Civil. Ao todo, 20 cidades estão em situação de emergência desde a semana passada. Altamira é a pior, com 227 famílias desabrigadas, instaladas em abrigos e escolas.

Em Alagoas, os municípios começaram a decretar situação de emergência desde outubro de 2008, devido ao desabastecimento de água e a dificuldade de se manterem sozinhos por estarem sofrendo problemas de seca de açudes, barreiras, adutoras que não conseguem mandar água para os municípios.

De acordo com a Defesa Civil de Alagoas, 33 cidades decretaram situação de emergência. O decreto, iniciado em outubro e prorrogado já foi aprovado pelo governo do Estado de Alagoas e está em Brasília para análise pelo governo federal.

A cidade de Estrela de Alagoas foi atingida quase totalmente pelo desabastecimento de água. Nos municípios de Jaramataia, Maravilha, Olho d¿Água do Casado e Água Branca, os problemas afetaram a região rural. As principais perdas estão relacionadas à produção agrícola e pecuária, que, com a falta de água, têm seus os campos atingidos pela seca, perdendo safras e pasto dos animais.

Os inconvenientes não param por aí. Até a área da educação é afetada, que com a falta de água, impossibilita a realização das aulas. Além disso, existe o aumento do número de pessoas doentes, em decorrência da água não tratada, como, por exemplo, a cólera.

Para o socorro, o Exército organiza a "Operação Carro Pipa" e distribui água para os municípios que estão sofrendo com a seca. Essa operação melhora em 70% a vida da população dos municípios que decretaram situação de emergência. A normalidade ocorre somente com o término do período de seca.

Segundo a previsão climática do Inmet para os próximos três meses, no Norte, as chuvas vão se situar de normais a acima da média. O mesmo ocorre no Nordeste, onde a chuva continua podendo ficar acima da média. As previsões apontam que os Estados de Sergipe e Alagoas serão beneficiados com chuvas nos meses de maio, junho e julho.

No Sul, o quadro não mudará muito. A previsão é de que as chuvas abaixo da média continuem.

Calamidade x emergência

A diferença principal entre estado de calamidade pública, o mais grave, e situação de emergência é a intensidade do desastre e a capacidade de resposta do município.

Se um município for despreparado para atender de imediato, uma situação que poderia ser situação de emergência torna-se estado de calamidade pública.

Nesse caso o município pede ajuda ao Estado, que pode também pedir auxílio a Brasília. Os benefícios são os mesmos em ambos os casos, como dispensa de licitação, saque do FGTS, entre outros.

Fonte: Terra
Compartilhar
Publicidade