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Chuva dá trégua e rios começam a baixar no AM

8 mai 2009 - 13h02
(atualizado às 15h06)
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Arnoldo Santos

Direto de Manaus

As calhas dos principais rios da bacia amazônica que banha o Amazonas estão dando sinais de vazante. A informação foi dada nesta sexta-feira pelo secretário de Governo, José Melo, coordenador da equipe de governo responsável pelo atendimento de emergência às populações atingidas pela cheia.

Rio Negro, em Manaus, está a 83cm da maior cheia registrada no Amazonas, em 1953.
Rio Negro, em Manaus, está a 83cm da maior cheia registrada no Amazonas, em 1953.
Foto: Arnoldo Santos / Especial para Terra

"As calhas dos rios Juruá, Madeira e Purus já estão baixando. Somente o Solimões que ainda está subindo", informou o secretário. O fenômeno foi confirmado pelo chefe da Rede Estadual de Meteorologia e Hidrologia do Estado Amazonas (Remethi), Naziano Filizola.

Pelos dados coletados, o rio Solimões ainda está apresentando subida na sua cabeceira. Na cidade de Tabatinga (1105 quilômetros de Manaus), o Solimões subiu, de ontem pra hoje, de 12,96m para 13m. "Ainda é cedo pra dizer que a cheia vai diminuir porque o que está chegando (de água) aqui foi o que encheu há vinte dias atrás lá em cima na cabeceira (dos rios).O que se pode afirmar, por enquanto, é que, com a descida do rio Madeira, o impacto de água no rio Amazonas é menor e isso faz com que o rio Negro, que banha Manaus, deva subir com menor intensidade", explicou Naziano.

Apesar do bom sinal, as populações ribeirinhas continuam à espera da ajuda das autoridades. Desde a última terça-feira, o Governo do Estado distribui nos municípios o cartão magnético que dá direito a R$ 300. O cartão SOS Enchente, como foi batizado, deve ser entregue, até a segunda-feira próxima, para 15.300 famílias que foram cadastradas pelas prefeituras locais. "Mas ainda estamos cadastrando as famílias para a continuação da distribuição do cartão. Primeiro serão atendidos 33 municípios mais atingidos, depois vêm os outros", informou José Melo.

Previsão

Para este fim de semana, a previsão do 1º Distrito Meteorológico do Instituto Nacional de Meteorologia (1º DM) é de sol nas regiões Leste e Nordestes do Amazonas, incluindo Manaus. Para a capital, a meteorologia prevê sol pela manhã com pancadas de chuva, principalmente, na parte da tarde.

Enquanto isso, nas regiões Norte e Noroeste, principalmente, deve continuar chovendo. " As chuvas continuam também no Peru e na Colômbia, contribuindo para o rio (Solimões) subir", informou a chefa do 1º Dm, Lúcia Gularte.

Mas as atenções das autoridades de estudiosos que acompanham a cheia estão voltadas, agora, para as regiões medianas das calhas dos rios. Em particular, o Amazonas, que recebe a vazão dos maiores rios da região. A equipe da Remethi é formada por pesquisadores do Brasil, pertencentes ao Núcleo de Meteorologia e Hidrologia da Universidade Estadual do Amazonas (UEA) e de outros países amazônicos, como Peru e Colômbia.

Na terça-feira, eles estavam em Óbidos (PA), considerada uma cidade estratégica para o monitoramento da enchente. Segundo o boletim diário expedido pela Remethi, Óbidos é uma estação hidrométrica chave no contexto da hidrologia da bacia Amazônica. Controla mais de 80% da água que escoa através dos rios da bacia rumo ao Oceano Atlântico.

"Pela medição que fizemos, Óbidos já ultrapassou, e muito, a enchente de 1953, que foi a maior registrada no Amazonas. Naquele ano, a cota do rio Amazonas atingiu 8,10m. Anteontem (quarta-feira), a cota estava em 8,42m", informou Naziano Filizola.

Balanço

A Defesa Civil do Amazonas trabalha com a estimativa de que foram atingidas pela enchente mais de 184 mil pessoas, em um total de 33,9 mil famílias. Dos 61 municípios do interior do Estado, pelo menos 41 são considerados em situação mais crítica. Em Manaus, o rio Negro atingiu na quinta-feira a cota de 28,86m, apenas 83cm abaixo do nível da cheia de 1953, quando a cota chegou a 29,69m.

Fonte: Especial para Terra
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