Câmara Municipal é palco de beijaço e saiaço em Campinas
Manifestantes são contra lei que pretende tirar debate sobre orientação sexual nas escolas
Cerca de 250 pessoas lotaram o plenário da Câmara Municipal de Campinas e fizeram uma manifestação nesta terça-feira com tímidos selinhos e abraços entre gays, homens trajando saias coloridas sobre a calça e muito bate-boca entre prós e contra a emenda que pretende alterar a Lei Orgânica da Cidade, que deve ser votada em agosto, após o recesso dos parlamentares.
O protesto intitulado “Beijaço, Saiaço e Purpurinaço” foi convocado pelas redes sociais por movimentos LGBT, feministas e educadores.
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Do lado de fora, a fachada do prédio foi tomada por cartazes ironizando os vereadores que se declararam favoráveis ao projeto, de autoria de Campos Filho (DEM). Segundo o parlamentar, não compete ao espaço escolar a orientação sexual do estudante. "A família educa e a escola escolariza. Na escola o estudante deve ser relacionado como criança e não como menina e menino.", justificou o vereador. Conforme Campos Filho, a rede pública não deve discutir ideologia de gênero e orientação sexual: "80% da população é contra a ideologia de gênero", afirmou diante de vais e aplausos.
Do lado de dentro do plenário, faixas pregadas nas paredes e cartazes mostravam a posição de cada grupo: enquanto um se mostrava "defensor da família tradicional" outro lado se apresentava como "qualquer grupo é uma família".
O debate em audiência pública durou duas horas e foram ouvidos representantes dos movimentos LGBT, professores, advogados, um juiz de direito e vereadores. Os palestrantes foram interrompidos diversas vezes e a discussão se arrastou até o final estipulado sem um consenso.
Na saída, os manifestantes jogaram purpurina em pessoas que manifestaram posição diferente. Guardas Municipais foram deslocados para impedir qualquer tipo de confusão
O servidor público Guilherme Azevedo, que vestia uma saia sobre a calça, considerou o projeto preconceituoso. "Porque associar essa peça de roupa com o sexo feminino. Assim como jogar bola para meninos ou para meninas", afirmou. “Esse projeto é homofóbico, é uma emenda da opressão que visa proibir o debate.", disse.
Já o aposentado José Ribeiro, 59 anos, acredita que a discussão possa confundir as crianças. "A escola vai tumultuar a cabecinha da criança. Imagina uma professora falar de sexo para o meu neto de 5 anos que deve aprender com os pais sobre essas coisas (...). O professor tem que ensinar matemática, história, português. Nós, pais, avós já sabemos, e isso já vai muitas gerações, ensinando o que é certo e o errado nesse assunto", disse.
Por causa da polêmica instalada e o curto tempo para uma conclusão, o vereador Campos Filho não descartou uma nova data para que seu projeto seja debatido. Segundo ele, emendas serão aceitas e é importante não haver dúvidas de nenhuma das partes. Ele acredita que até o final de agosto a emenda entre em votação e depois siga para a apreciação do prefeito Jonas Donizette (PSB), que pode acatar ou vetar a propositura.