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Cabral chama 'acampados' para conversa; grupo vê 'agentes infiltrados'

Manifestantes em frente ao apartamento do governador querem que ele apareça junto ao grupo e faça cumprir pauta de reivindicações

25 jun 2013 - 18h28
(atualizado às 20h09)
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<p>Acampados desde sexta-feira, manifestantes permanecem em frente ao apartamento de Sérgio Cabral, no Rio</p>
Acampados desde sexta-feira, manifestantes permanecem em frente ao apartamento de Sérgio Cabral, no Rio
Foto: André Naddeo / Terra

O governador do Estado do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), convidou, no início da tarde desta terça-feira, os líderes do grupo acampado em frente ao seu apartamento, no Leblon, na zona sul do Rio, para uma conversa no Palácio Guanabara, sede da administração fluminense. A informação foi confirmada pela assessoria de imprensa do peemedebista, e recebida com descrédito pelos manifestantes.

Cerca de 50 manifestantes se reuniram na esquina da rua Aristídes Espínola com a avenida Delfim Moreira, num dos quarteirões mais valorizados do Rio de Janeiro, para discutir a proposta de Cabral em receber um pequeno grupo de líderes do movimento. Eles reivindicam, entre a questão da proposta de emenda à Constituição (PEC) 37 (que limita os poderes de investigação do Ministério Público) e melhorias profundas na gestão da saúde estadual, o fim da cessão de direitos para exploração do complexo do Maracanã - vencido pela empresa Odebrecht, junto com a holding do empresário Eike Batista.

"Tem gente infiltrada aqui no meio. Ele (Cabral) quer achar um bode expiatório. Nosso grupo não tem líder. O líder é o povo", afirmou a estudante Alessandra Pereira. "Ele deve dialogar com a gente, e sabe como? Fazendo cumprir a pauta. Queremos saúde e educação no padrão Fifa", completou, em tom de indignação.

A também estudante Elaina Serfaty classificou como abuso o fato de que "o governador queria conversa já, naquela hora. Não é assim que se faz. Se ele quiser falar com a gente, que venha até aqui na nossa roda. Qual o problema". "Além disso, não podemos sair daqui, pois temos que esperar o pessoal da Rocinha, que vai chegar mais tarde", complementou.

Uma manifestação na comunidade da Rocinha sairá da maior favela do Brasil em direção ao apartamento de Cabral, no Leblon. São esperados milhares de manifestantes e a Polícia Militar, junto com a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET-Rio), já foram avisados de que o trânsito na avenida Niemeyer, uma das ligações entre a zona sul e Barra da Tijuca, será interrompido. A previsão é de grande congestionamento na região do túnel Lagoa-Barra, a única rota alternativa de chegada à zona oeste.

O quarteirão entre a rua Aristídes Espínola e avenida Delfim Moreira segue interditado pela PM. Um efetivo de cerca de 50 homens ocupa o local para garantir a segurança na residência do governador fluminense.

Os manifestantes se aglomeram na avenida da praia e contam com a ajuda de moradores locais, que levam água, e mantimentos para quem passa a noite no local - não são todos que pernoitam em frente ao apartamento, existe um revezamento. "A mídia está tentando colocar que as pessoas da rua estão contra a gente, que os vizinhos não nos apoiam, mas é mentira, toda hora vem alguém ajudar", reclamou Alessandra Pereira.

A reunião entre o grupo acampado chama a atenção de curiosos na região e causa um verdadeiro "buzinaço", que é quase que intermitente, uma vez que uma placa foi colocada bem na entrada da via bloqueada, com os dizeres: "Quem apoia, buzina!".

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Protestos contra tarifas mobilizam população e desafiam governos de todo o País

Mobilizados contra o aumento das tarifas de transporte público nas grandes cidades brasileiras, grupos de ativistas organizaram protestos para pedir a redução dos preços e maior qualidade dos serviços públicos prestados à população. Estes atos ganharam corpo e expressão nacional, dilatando-se gradualmente em uma onda de protestos e levando dezenas de milhares de pessoas às ruas com uma agenda de reivindicações ampla e com um significado ainda não plenamente compreendido.

A mobilização começou em Porto Alegre, quando, entre março e abril, milhares de manifestantes agruparam-se em frente à Prefeitura para protestar contra o recente aumento do preço das passagens de ônibus; a mobilização surtiu efeito, e o aumento foi temporariamente revogado. Poucos meses depois, o mesmo movimento se gestou em São Paulo, onde sucessivas mobilizações atraíram milhares às ruas; o maior episódio ocorreu no dia 13 de junho, quando um imenso ato público acabou em violentos confrontos com a polícia.

O grandeza do protesto e a violência dos confrontos expandiu a pauta para todo o País. Foi assim que, no dia 17 de junho, o Brasil viveu o que foi visto como uma das maiores jornadas populares dos últimos 20 anos. Motivados contra os aumentos do preço dos transportes, mas também já inflamados por diversas outras bandeiras, tais como a realização da Copa do Mundo de 2014, a nação viveu uma noite de mobilização e confrontos em São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Salvador, Fortaleza, Porto Alegre e Brasília.

A onda de protestos mobiliza o debate do País e levanta um amálgama de questionamentos sobre objetivos, rumos, pautas e significados de um movimento popular singular na história brasileira desde a restauração do regime democrático em 1985. A revogação dos aumentos das passagens já é um dos resultados obtidos em São Paulo e outras cidades, mas o movimento não deve parar por aí. “Essas vozes precisam ser ouvidas”, disse a presidente Dilma Rousseff, ela própria e seu governo alvos de críticas.

Fonte: Terra
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