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Bauru: festa continuou mesmo com notícia de morte de aluno

Segundo testemunha, boato sobre a morte chegou ao local, mas poucos acreditaram na informação

1 mar 2015 - 11h32
(atualizado às 11h48)
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Festa foi realizada pelas repúblicas estudantis da cidade
Festa foi realizada pelas repúblicas estudantis da cidade
Foto: Facebook / Reprodução

Uma festa universitária realizada neste sábado em Bauru, no interior de São Paulo, ficou marcada pela morte de um estudante por excesso de consumo de bebida alcoólica e pela internação de outros seis universitários, sendo três em estado grave. Ouvido pelo Terra, um participante da “Inter Reps Bauru”, que reúne repúblicas estudantis da cidade, relatou que a festa continuou mesmo após chegar a notícia de que um dos alunos havia morrido.

“A festa começou por volta das 15h. Eu cheguei às 16h30 e já circulava esse boato que uma pessoa tinha morrido. Mas a gente achou que fosse uma brincadeira porque não vimos ninguém passando mal e continuamos na chácara. Alguns estavam fazendo o ‘bier-pong’. É como se fosse um ping-pong. Ficava um de cada lado da mesa e quem acertasse a bolinha dentro do copo do outro tomava cerveja”, contou o aluno de Publicidade e Propaganda de uma faculdade particular da cidade que preferiu não se identificar.

A morte citada pelo universitário foi a de Humberto Moura Fonseca, de 23 anos, que participou da competição que incentivava o consumo de álcool. Segundo a Polícia Militar, ele passou mal e foi socorrido, mas já chegou ao Pronto Socorro Central sem vida. Outros seis jovens também passaram mal e foram socorridos por uma ambulância contratada pelos organizadores, que já dava respaldo à festa, e levados para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Vila Ipiranga.

<p>Humberto morreu após o consumo excessivo de bebida alcoólica</p>
Humberto morreu após o consumo excessivo de bebida alcoólica
Foto: Facebook / Reprodução

No evento “open bar” eram servidos cerveja, vodka, energético, catuaba, pingas e sucos à vontade. Os convites foram vendidos antecipadamente entre R$ 28 e R$ 45. A festa, que reuniu jovens de 20 repúblicas e de várias faculdades e universidades, foi realizada em uma chácara no Jardim Ouro Verde e organizada pela internet. Havia uma competição para saber quem eram os “maiores bebedores”.

“Enquanto a equipe acompanhava a ocorrência na UPA, recebemos uma nova chamada que informava que um jovem havia dado entrada no Pronto Socorro, mas já em óbito. Fomos até lá e assim que foi confirmado o óbito informamos à Polícia Civil”, disse o capitão Renato Ramos. Humberto era de Passos, Minas Gerais, e cursava o quarto ano de engenharia elétrica na Universidade Estadual Paulista (Unesp).

Às 19h30, de acordo com o jovem ouvido pelo Terra, os organizadores encerraram o evento. “Um pegou o microfone e pediu educadamente para todo mundo ir embora porque tinha acabado a festa. Foi aí que a gente acreditou que isso [a morte do estudante] realmente tivesse acontecido. Quando saí tinha 7 viaturas da PM lá”, contou o rapaz.

Vítimas internadas

Ente os jovens que seguem internados estão Gabriela Alves Correia, 23 anos, que está na UTI do Hospital Estadual e Juliana Tibúrcio Gomes, 19 anos, também na UTI, mas do Hospital de Base. A família de Juliana já entrou com pedido de transferência para um hospital particular.

A assessoria de imprensa da Fundação Para o Desenvolvimento Médico e Hospitalar (Famesp) que administra os dois hospitais, informou que a família de Gabriela não autorizou a divulgação de qualquer informação sobre o estado de saúde dela. A assessoria ainda aguarda a autorização da família de Juliana para poder enviar boletins médicos à imprensa.

Até o início da noite outros quatro estudantes, que não tiveram as identidades reveladas, permaneciam internados em estado grave na UPA e seriam transferidos ao Hospital de Base.

Cerca de 10 testemunhas, familiares dos estudantes, seguranças do evento e organizadores estiveram na Central de Polícia Judiciária (CPJ) durante a madrugada deste domingo onde a ocorrência foi apresentada. Os delegados Kleber Granja e Mário Henrique Ramos conduzem as investigações. Até as 3h da manhã os dois organizadores que estiveram na CPJ ainda aguardavam para serem ouvidos. A reportagem do Terra não teve acesso a eles, que estavam acompanhados de três advogados.

Um dos colegas de classe da vítima, que participou da festa e estava na delegacia acompanhado do pai, afirmou que o consumo de diversos tipos de drogas era feito de forma irrestrita no local.

Universidade

Em nota a Unesp informou que lamenta a morte do estudante e que a Faculdade de Engenharia vem prestando apoio à família dele. A universidade ressaltou que a festa foi realizada fora das dependências da instituição e afirmou ainda que o consumo de bebidas alcoólicas é proibido nos campus. Em todas as unidades é realizada uma intensa campanha alertando para os perigos do consumo excessivo desse tipo de bebida. 

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Fonte: Terra
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