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BA: sistema da PF impede foto de mulher com cabelo afro

Jornalista queria renovar o passaporte e precisou prender o cabelo para que o sistema aceitasse sua foto

17 jul 2014 - 16h16
(atualizado às 17h18)
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Lília afirma que ficou constrangida com a situação
Lília afirma que ficou constrangida com a situação
Foto: Facebook / Lília de Souza / Reprodução

Uma jornalista baiana foi impedida de tirar uma fotografia para renovar seu passaporte por causa de seu cabelo “black power” na última terça-feira em Salvador. Lília de Souza, que queria renovar o documento em um posto do Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC) da Polícia Federal em Salvador, precisou prender o cabelo para que o sistema aceitasse sua foto.

De acordo com o relato da jornalista, ela ainda insistiu em fazer a imagem com o cabelo solto. “(A policial) tentou algumas vezes, e o sistema não permitiu. Tive que prender meu cabelo com uma borracha daquelas de escritório, que eles arrumaram e me deram.”

Lília afirma que ficou constrangida com a situação. “Cansada, depois de um dia em uma fila, saí de lá arrasada. E, assumo, impotente, chorei do lado de fora do SAC”, relata. Segundo a jornalista, ao conversar com duas policiais, ambas afirmaram que “isso sempre acontecia com pessoas com o cabelo como o meu” e que isso “não tinha nada a ver com racismo”.

“Uma delas, entretanto, acabou soltando que o sistema é problemático mesmo, inclusive é complicado na hora de tirar fotos de pessoas muito negras, quando é preciso clarear um pouco a imagem”, disse Lília, que enviou um e-mail à ouvidoria da Polícia Federal contando o ocorrido.

Em nota, a PF informou que a Superintendência Regional na Bahia procurará a jornalista Lília de Souza "para esclarecer os motivos pela reprovação de sua fotografia pelo sistema de emissão de passaportes".

O órgão explicou ainda que seu sistema tem o padrão da Organização da Aviação Civil Internacional (OACI/ICAO), o qual aplica "metodologia universalmente aceita". Segundo a PF, "o chamado padrão ICAO exige que a foto preencha requisitos mínimos para subsidiar a identificação dos viajantes".

Ainda conforme o órgão, o sistema pode reprovar uma fotografia por inúmeras razões, tais como: cabelo solto, cabelo na frente dos olhos, cabelo muito volumoso, olho fechado, adornos diversos, ombros ou orelhas que não estejam visíveis, fotos desfocadas, dentre outros. Desta forma, segundo a PF, "o procedimento adotado no caso está dentro dos padrões internacionalmente estabelecidos".

Fonte: Terra
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